12.

721 56 11
                                    

CHRISTOPHER

LEVEI ALGUNS SEGUNDOS para perceber que não tinha pressionado o botão do andar depois de entrar no elevador. Isso explicava por que as portas se fecharam, mas eu não estava me movendo.
Apertei o vinte e sete e senti o elevador começar a subir.
Pela segunda vez em menos de uma semana, não dormi bem. Exceto que na noite passada, em vez de ser assombrado por visões de uma mulher em um vestido vermelho, eu tinha uma mulher, que cheirava como o céu, deitada ao meu lado.

Como diabos ela cheirava tão bem?

Eu nunca tinha percebido antes.
Embora eu nunca tenha ficado tão perto dela assim por muito tempo. Seu cheiro era sutil, nada demasiado. Ela cheirava a morangos, o que eu nunca teria considerado atraente antes de Dulce. Mas ela tinha um cheiro, delicioso... e uma imensa distração. Seu cheiro deve ter sido de algo que ela usou no banho.

Eu tinha certeza de que ela não estava tentando me provocar ao simplesmente tomar um banho – e deixar a porta entreaberta –, mas o efeito foi dramático.

O pensamento dela deitada na minha banheira, nua, tinha sido extremamente excitante. Voltei ao meu escritório para me acalmar e acabei batendo uma, em uma tentativa inútil de relaxar. Eu gozei rápido e forte, mas ainda fui atormentado por outra ereção assim que a cheirei em minha cama. Eu era um homem, tinha necessidades. Mas estava acostumado a controlar essas necessidades.
Dulce fez com que eu me sentisse fora de controle, e isso era muito desconfortável.
Eu não sabia o que havia de errado comigo.

Eu não tinha contado com nada disso quando a pedi para se passar por minha namorada.
O elevador soou e as portas se abriram. Limpando a garganta, endireitei a gola do meu casaco e caminhei para o meu escritório.
Dulce já tinha chegado.
Ela sempre estava aqui antes de eu chegar, não é?

E ela se levantou com meu café na mão assim que me viu. Eu não conseguia olhar nos olhos dela.
Meu corpo já estava reagindo à memória daquele pequeno respingo de água – o som que ouvi quando parei na porta do banheiro.
Fui dominado pela imagem de suas pernas nuas se abrindo, revelando uma visão cintilante de sua boceta. Deus, eu estava fazendo isso de novo.

— Bom dia, sr. Uckermann.

Sua voz estava hesitante, e não respondi.
Entrei no meu escritório, sabendo que ela me seguiria. Queria saber se ela ainda cheirava a verão.
Eu ouvi o clique de seus saltos atrás de mim.

Por que ela me deixava tão desconcertado?
Deve ter sido a privação de sono.
Eu levava o sono, assim como os exercícios e uma dieta adequada, muito a sério. A falta de sono estava claramente me afetando. Independentemente do que estava acontecendo, eu precisava que ela saísse do meu escritório o mais rápido possível.

— Então... ok — disse ela enquanto eu pendurava meu casaco.
— Bem... sua programação.
Desculpa.
É... isso é... devemos conversar sobre as coisas, ou...

Não, eu não queria falar.
Eu queria tomar meu café e me concentrar em negociações de contratos e relatórios de fluxo de caixa. Qualquer coisa para colocar minha cabeça de volta no jogo, onde precisava estar.
Passei por ela e me sentei à minha mesa.

— Apenas minha programação.

Seu rosto mostrou desapontamento, e eu imediatamente me arrependi do que disse.

— Claro. — Ela engoliu em seco, a emoção desaparecendo de sua expressão, e pegou o celular. — Você tem um compromisso às dez horas com...
— Dulce.
Ela parou, pressionando os lábios.
— Feche a porta.

Sem olhar para mim, ela se aproximou e fechou a porta, em seguida, sentou-se do outro lado da minha mesa.

— Você quer falar sobre o quê? — perguntei.
— Só não tenho certeza de como agir quando estamos aqui.
Estamos fingindo?
Estamos fingindo que estamos tentando esconder isso?
Estamos fingindo que não estamos fingindo?

Ela tinha razão.
Precisávamos que nossas histórias fossem consistentes.
Eu não queria que isso se tornasse mais distração no trabalho do que já era.

— Quando estivermos aqui, seremos profissionais. Nos manteremos estritamente profissionais.
— E se espalharem que estou morando com você? Devo negar que estamos juntos?
— Sua vida pessoal é pessoal.
Você não precisa negar nada, mas também não é obrigada a compartilhar detalhes.
— Ok.
Parece razoável.
Portanto, podemos agir normalmente quando estamos aqui.
O fingimento é principalmente para o seu pai e para a harpia, de qualquer maneira.
— Exatamente.

Ela concordou, parecendo relaxar, e aquele sorriso lindo voltou para o seu rosto.

— Então, tá!

Tentei me concentrar enquanto ela fazia um resumo da minha programação. Ela tinha as coisas sob controle, como sempre. Sua voz calma era reconfortante e, quando ela terminou de falar, minha mente estava clara. Eu ainda estava cansado, mas o café ajudaria.
E voltei a ver Dulce como minha assistente prática e eficiente. Quase.

Ela foi até sua mesa, e eu forcei meus olhos para a tela do notebook. Tinha trabalho a fazer. Mas suas perguntas sobre nosso estratagema me fizeram pensar. Não seria o suficiente que Dulce simplesmente dormisse no meu quarto à noite. Se o nosso relacionamento falso fosse só isso, ficaria claro rapidamente que algo estava faltando.
Meu pai notaria, e começaria a fazer perguntas.
Era algo que eu queria evitar, pois meu pai não podia duvidar da veracidade desse relacionamento. E a resposta era bastante simples. Eu precisava sair com ela. Levar Dulce regularmente para sair deixaria claro que éramos realmente um casal. Papai não teria motivo para questionar nada, independentemente de qualquer coisa que Natália pudesse colocar em sua cabeça. Levá-la para sair à noite ou nos fins de semana reduziria ao mínimo as fofocas do escritório.
E ficaríamos menos em casa, portanto, menos probabilidade de ficar perto de Natália se ela estivesse visitando meu pai.

Além disso, jantares com Dulce não seriam uma maneira ruim de passar algumas noites.
Ela era uma companhia agradável.

Eu estava prestes a mandar uma mensagem para ela, pedindo que fizesse uma reserva, quando parei. Ela sempre fazia minhas reservas para o jantar quando eu tinha um encontro, fazia parte de seu trabalho. Mas pedir a ela, como minha assistente, para fazer uma reserva para o jantar para nós dois parecia... estranho e, de alguma forma, errado.
Em vez disso, procurei o número do El Gaucho e liguei eu mesmo.
Fiz uma reserva para duas pessoas na sexta-feira à noite.

PERFECT PROPOSAL - Vondy (Adaptação) Onde histórias criam vida. Descubra agora