Chapter 7: História da Magia

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                                           Regulus Black.

03 de novembro de 1976.

Sirius estava fazendo dezessete anos.Era o primeiro aniversário dele que Regulus não fazia questão nenhuma de estar ao lado do irmão.Sirius não fazia questão da presença de Regulus de qualquer forma.

Regulus percebeu isso quando entrou no salão principal pela manhã,e a mesa da grifinória já estava explodindo em aplausos para Sirius,o desejando um feliz aniversário.

Ele agora estava sentado na mesa da sonserina,sua mandíbula cerrada enquanto tentava aprestar atenção á seu café da manhã.Não devia demostrar sua raiva,mas não conseguia evitar,não vendo os amigos de Sirius o abraçarem e fazendo-o abrir largos sorrisos,não sabendo que seu irmão não precisava dele tanto quanto ele precisava de Sirius.

  Ele deixou o salão minutos depois,não aguentando mais ficar no mesmo cômodo que Sirius,e foi em direção á sala de história da magia para sua primeira aula.Quando entrou na sala,se sentou na última carteira da parede,tirou seu livro de história da mochila e começou á lê-lo para poder escapar de seus pensamentos.

A medida que a aula passava,o tempo parecia ir se arrastando mais lentamente.Não era possível terem passado apenas 28 minutos desde que ele entrou ali.Regulus tinha quase certeza de que o professor Binns tinha trocado a ampulheta de 45 minutos por uma de duas horas.Não havia outra explicação.Ou então o professor fantasma usava suas aulas extremamente entediantes e monótonas para extrair a energia e ânimo dos estudantes e se alimentar delas.

Regulus passou seus olhos pela sala.Grande parte dos alunos estava apoiando suas cabeças nas mãos,tentando não cair no sono.Outros nem se preocupavam em esconder o desinteresse,jogando bolinhas de papel nos que dormiam,ou jogando forca nos pergaminhos.

A única pessoa que parecia minimamente interessada era Lenóra,é óbvio,aquela espertinha.Ela era a única louca o bastante para gostar das aulas de História da Magia,fazendo anotações e fazendo perguntas de vez em quando.

- No Velho Mundo - Continuou o professor. - sempre houve um grau de cooperação e comunicação secreta entre os governos Não-Maj e suas contrapartes mágicas.Na Europa, bruxas e bruxos se casavam e eram amigos de não-majs; na América, os não-majs eram cada vez mais vistos como inimigos.

- Deviam ter instituído essa lei aqui na Europa, não? - Evan sussurrou,e ambos deram risadinhas.

- Algum comentário aí atrás? - Perguntou o professor.

- Eu disse que essa lei devia ter sido instituída aqui também. - Evan respondeu em alta voz. - Teria evitado muita coisa.

- Ahm...Esse tipo de comentário não é permitido nesta sala de aula,Sr.Rosier.

- Mas é claro que ele diria de qualquer forma. - Regulus ouviu Lenóra resmungar.Ela realmente não conseguia se segurar.

- Me desculpe? - O professor ergueu uma sobrancelha.Regulus estava começando á suspeitar de que a audição de Binns fora afetada quando ele morreu.

- É claro que Evan Rosier abriria sua boca para fazer comentários desnecessários. - Ela respondeu com sua voz sempre calma. - Já virou costume.

- Está irritada por que ele disse a verdade? - Regulus se ajeitou em sua cadeira.Ele não conseguia evitar provocar a garota,era extasiante ouvir o momento em que aquela calma deixava a sua voz.

- Oh não,isso está muito longe de ser a verdade. - Ela se virou no assento,seu braço esquerdo apoiado no topo da cadeira. - Até por que se a opinião de vocês supremacistas fosse levada em consideração a Inglaterra estaria perdida.

Os alunos sonolentos derrepente estavam bastante despertos,e os que brincavam,olhavam com atenção.Nada como um debate na primeira aula do dia para levantar o ânimo.Regulus sorriu enquanto observava Lenóra.

- Coração,uma guerra está acontecendo nesse exato momento. - Ele disse. - Acho que essa "perdição" da qual você se refere está bem próxima.

- Não me chame de coração,não somos íntimos.E outra:O objetivo dessa guerra é fraco e sem sentido,assim como o homem que está a liderando. "Sangue puro"?Vocês não podem ser tão estúpidos ao ponto de acreditar que o sangue de vocês é 100% puro.

Eles ficaram quietos por um momento,sem saber como responder.Ele e Evan se entreolharam,e Regulus tentou não rir.Evan se afetava tanto com essas discussões que chegava á ser ridículo.

- Bom. - Regulus se inclinou sobre a mesa. - De qualquer forma o nosso sangue permanece sendo mais puro que o seu.Um erro que hipoteticamente possa ter sido cometido séculos atrás por um "membro da família" não afetará a família ao todo.Nossa tradição é de longa linhagem e é forte.

- Estou vendo. - Lenóra riu. - Vocês da família Black são tão fissurados com essa tradição que recorrem ao incesto para manter a linhagem pura.

Todos se silenciaram.Regulus sentiu o humor ir embora,ela tinha ido longe demais.Todos sabiam é claro,sobre os pais de Regulus,mas ninguém nunca falou sobre isso em voz alta,ainda mais em público na frente de um membro da família.

- Srta.Villin... - O professor chamou a atenção da garota,ainda abismado. - Isso não é assunto para se trazer em debates.

- Ah me poupe,professor! - Um aluno da Corvinal exclamou. - Eles podem falar sobre o preconceito deles livremente mas não aguentam quando alguém os dá uma alfinetada?

Lenóra apontou para o garoto,mostrando que concordava com ele.Todos podiam odiar Lenóra,mas em momentos como aquele ela era venerada.Ela levantou suas mãos em rendição.

- Acho que posso ter passado dos limites.Me desculpe professor e sinto muito,Sr.Black.Eu cuspo fatos quando estou defendendo o meu ponto.

- Eu farei você se arrepender tanto disso,Lenóra Villin... - Regulus a observou com cautela. - Você nem tem idéia.

- Isso é uma ameaça Sr.Black? - Perguntou o professor em alerta.

- Um aviso.

- Você vai fazer o que, exatamente? - Lenóra se virou para ele novamente. - Vai chamar seus amiguinhos comensais da morte para me matarem?Essa eu quero ver.

- Já chega vocês dois! - Exclamou o professor,perdendo a paciência. - Vocês não conseguem manter um diálogo acadêmico sem que acabem insultando um ao outro da pior forma possível!O desprezo de vocês pelos sentimentos do outro é preocupante!

Os dois continuaram quietos.Regulus não conseguiu fazer com que Lenóra explodisse,mas deu muito certo com o professor.Que ótimo.Ótimo.Perfeito.

- Vocês conseguiram exaurir minha paciência,o que é muito difícil de acontecer,então vocês poderão continuar esse belo debate na detenção hoje a tarde.

- O que? - Regulus franziu o cenho. - Nós somos monitores, nós não cumprimos detenções.

- Agora cumprem. - O professor rebateu.

- Agora eu vou ser punida por dizer a verdade? - Lenóra perguntou atônita.

- Nem toda verdade deve ser dita,ainda mais da forma que você fez. - Binns respirou fundo,e depois de alguns segundos,voltou á se sentar em sua mesa. - Abram agora na página...

O grande sino tocou,e a areia da ampulheta caíra totalmente.Os alunos nem perderam tempo e começaram á se levantar para sair da sala,felizes por terem se livrado da aula de história da magia.

O professor Binns soltou um suspiro,e jogou seu livro na mesa. - Estão dispensados...

Lenóra - Regulus Black Onde histórias criam vida. Descubra agora