Nesse momento estava sendo muito difícil lembrar que elas já haviam sido amigas em alguma época, mas a Lenóra de cinco anos atrás não acreditaria se dissessem que a amizade delas havia acabado num desastre como aquele.
A primeira vez que Lenóra viu Camaria havia sido na estação em hogsmeade. Ela tinha acabado de descer do trem, e o enorme guarda-caças segurava um lampião iluminando a noite com uma luz amarela. Ele guiava os primeiranistas para o lago Negro, onde deram se cara com uma frota de barquinhos flutuando na água escura.
Quando entraram nos pequenos barquinhos, Lenóra nem quis prestar atenção á mais nada, apenas observou como era linda a visão do castelo e tentou gravar aquilo em sua mente. Seu pai havia dito que se conseguisse não demonstrar sinais de sua condição, poderia estudar lá pelo resto do ano.
Hipnotizada pela imagem á sua frente, só conseguiu sair do transe quando uma garotinha loira que tinha seu cabelo curto preso em duas chiquinhas cutucou o seu ombro e disse: "Meu nome é Camaria, quer ser minha melhor amiga?". Lenóra não entendia muito bem como a questão de amizades funcionava, mas ficou animada mesmo assim, porque pela primeira vez na vida alguém queria ser sua amiga. " Meu nome é Lenóra. Eu quero ser sua melhor amiga". E assim foi.
A pequena Lenóra sentia uma enorme necessidade de ter amigos, ser popular e legal, mas seu caráter difícil afastou as pessoas logo no primeiro dia. Haviam se passado algumas aulas em que ela levantava sua mão para responder ás perguntas dos professores. Então, quando fez isso na aula do professor Binns, a turma não aguentou e resolveu caçoar dela.
" Eu sei a resposta professor" " me escolhe, por favor" " Lenóra Villin é uma tremenda sabe-tudo". Sua reação não foi das melhores, ela entendia isso agora. Ela simplesmente empinou seu nariz e se virou para a classe com a maior soberba:
Vocês só estão agindo dessa maneira por que são pequenos e insignificante e sabem que nunca possuirão metade do meu intelecto.E assim todos começaram á odiá-la. Lenóra não os culpava, também não gostaria de si mesma. Aquela era uma época em que sua paciência ainda estava sendo desenvolvida. Ela tinha perdido a mãe á quase dois anos, e ainda não tinha se acostumado á nova rotina doentia de Markus. Mas Camaria ficou do lado dela, então não estava tudo tão ruim.
Agora, andando nos corredores ao lado de Regulus Black para confrontar Camaria, parecia que estava tudo invertido. Ele era aquilo que elas tanto julgaram, desprezaram e riram, e neste momento, por alguma ironia do destino, ele era a única pessoa que acreditava nela.
Camaria estava bem ali. Andando normalmente pelos corredores como se não estivesse estragando a vida de alguém. Quando o olhar dela cruzou com o de Lenóra seus olhos se iluminaram com divertimento.
- Ei, Fabian. - Ela cutucou o garoto ao seu lado. - Quem sabe quando você for mais velho você tenha uma chance com ela? Ruivo você já é, só precisa deixar o cabelo crescer.
Lenóra apressou seu passo deixando Regulus para trás, e agarrou a garota pelo braço, fincando suas unhas afiadas contra a pele de Camaria enquanto a puxava para um canto.
Fabian já estava indo atrás, mas Regulus parou na frente dele, bloqueando o caminho. - Calma aí, Prewett. Por que não deixamos que elas resolvam seus problemas sozinhas, hein?
Fabian o fuminou com o olhar, mas não parecia em clima para brigas. - Claro. - Ele deu um sorriso amarelo. - Por que não?
- Me larga, Lenóra! - Ela exclamou se desvencilhando com agressividade, o bastante para chamar a atenção dos alunos que passavam por ali.
Lenóra se aproximou, falando num sussurro, pois aquele assunto era entre elas duas apenas. - Por que você está fazendo isso, Camaria?
Ela fez um bico e deu de ombros. - Vai me dizer que não está rolando algo entre você e o professor? - E ela ainda tinha a audácia de falar em alto e bom som.
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Lenóra - Regulus Black
Fanfiction" Eu espero que em algum dia, quando eu me for, alguém em algum lugar pegue minha alma dessas páginas e pense: Eu teria amado ela". - Nicole Lyons- Uma garota com uma vida atormentada se cansa de conhecer apenas a solidão. Cri...