Chapter 9:O espelho de Ojesed

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                                             Lenóra Villin.

Por muitos anos o rosto de sua mãe fora um borrão para ela.Lenóra não tinha muitas lembranças dela,então não tinha algo á que se apegar para se sentir próxima de sua mãe.Mas agora,olhando naquele espelho,ela via tudo.

A imagem que via era como uma velha lembrança ganhando cores:Uma criança deitada no sofá junto de sua mãe.Sua cabeça apoiada contra o ombro dela,enquanto a mulher lia histórias sobre contos de fadas. A bela e a fera, Lenóra se lembrou.Era a sua favorita. Os dedos da mãe acariciaram o topo da cabeça da garotinha enquanto os olhos dela se fechavam lentamente,sonolentos.

Os olhos de Lenóra brilharam com o que via.O fantasma de uma vida em que ela acreditava que todos os finais eram felizes.De quando ela não era Lenóra Villin,uma garota mortalmente perigosa e desprezada.De quando ela era apenas a Lena,a garota que amava a natureza e arte,e passava seus dias se imaginando numa história.

Ela podia ouvir a voz de Regulus em algum lugar,tentando fazer com que ela acordasse do transe,mas a imagem de uma vida que ela nunca mais teria a deixou hipnotizada.Ela sentia falta daquilo.

E então o lençol branco cobriu o espelho novamente e Lenóra piscou rapidamente.Pensou em gritar com com Regulus por ter feito isso,arrancar aquele lençol de uma vez por todas e observar o espelho para sempre.Mas ele tinha feito certo.Ela não podia viver sonhando com aquela vida,por mais perfeita que ela fosse.

Ela sentiu os olhos do garoto nela.Ele a observava com cautela. - É o espelho de Ojesed. - Ele disse.

- Eu sei. - Ela respondeu,ainda olhando fixamente para o espelho coberto.O espelho que mostra o desejo mais profundo de sua alma.

-Você... - Regulus não pôde terminar sua frase,pois a porta da sala foi aberta.

- O que vocês pensam que estão fazendo? - Exclamou o zelador. - Deviam estar cumprindo a detenção de vocês!

Lenóra e Regulus se entreolharam,mas em dois segundos Filch já estava os chutando para fora da sala.

- Nem para cumprir uma detenção vocês servem,saiam daqui! - E bateu a porta na cara dos dois.

Lenóra ainda parecia não ter processado o que acabara de ver.Ela parecia atordoada e sabia que Regulus tinha percebido.Um erro terrível baixar sua guarda para ele, já que Regulus Black não é qualquer um.Ela não era tola,sabia que ele a observava constantemente procurando por uma brecha para entrar em sua mente e descobrir tudo que escondia.Lenóra só queria entender o por quê de tudo isso.

- Você por acaso está bem? - Perguntou,não preocupado,mas curioso.

Lenóra virou o rosto para ele,e por cima do ombro do garoto viu Camaria,caminhando em direção á eles,seus passos diminuindo gradualmente enquanto tentava entender o motivo de Lenóra Villin estar na companhia de Regulus Black.

Lenóra não respondeu á ele,apenas virou na direção oposta dos dois e saiu. Não tinha cabeça para conversar com ninguém agora, só precisava ir para longe,para um lugar onde não tivesse ninguém.

Eram quase 18:00 horas da tarde,mas já estava começando á anoitecer por conta do inverno.Lenóra saiu do castelo e caminhou em passos largos para a floresta proibida. Estava frio,o vento gelado bateu em seu rosto e fez com que seus cabelos cacheados esvoaçassem. Lenóra passou pela orla,mas não foi muito longe,não queria encontrar com Finrenze.

Foi realmente um choque para ela ver a imagem de sua mãe.Fazia tanto tempo que Lenóra não a via.Tinha se esquecido como ela era bonita,e da maneira que seus lábios se curvavam quando ela sorria.Ela não pensava mais na forma que ela a abraçava quando Lenóra estava triste,ou como o rosto dela se iluminava quando Lenóra lhe fazia desenhos.Eram todos terríveis,mas ela sempre os admirou como se fossem verdadeiras obras de arte,e os colava na parede do quarto com o maior orgulho.

Lenóra - Regulus Black Onde histórias criam vida. Descubra agora