chapter 25: Back to house

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Lenóra desceu do expresso de Hogwarts com seus cachos esvoaçando. A sorte deixara Regulus, e encontrara Lena. Um pouco triste para o sonserino, que se esforçou tanto para enganá-la. Ela caminhou rápido pela plataforma 9¾, desviando de adolescentes cheios de malas e adultos procurando por seus filhos.

Olhou para todos os lados, mas não encontrou Elsie em lugar nenhum, o que era um pouco estranho já que ela nunca se atrasava. Lenóra parou, olhou seu relógio de bolso. Guardou o relógio e seu mais um olhada na plataforma, pensando em como iria para casa. Não tinha dinheiro trouxa para pegar outro trem ou um ônibus.

Então ela viu, perto do trem onde a fumaça fluía da chaminé, o único homem que usava terno vermelho bordô como se fosse uma vestimenta casual. Ele sorria e ria enquanto conversava com o condutor do trem pela janela.

Lenóra sentiu um arrepio percorrer sua espinha, sempre sentia quando o via. Ele parecia exatamente igual ao dia em que ela o viu pela primeira vez, exceto seu cabelo loiro que estava maior, agora preso em um coque apertado, Mesmo depois de 7 anos Markus Villin não parecia ter envelhecido um dia.

Claro que o dinheiro ajudava, pensou Lenóra enquanto se aproximava. Ele apreciava a boa aparência e a elegância, e tinha horror á qualquer coisa que fosse menos do que isso. Lenóra tinha dado á ele uma trabalheira danada quando se mudara para a casa Villin. Suas roupas não eram extravagantes ou caras e ela nem se importava. Nem se passava pela cabeça dela o que a palavra "etiqueta" queria dizer.

- Olá. - A voz dela saiu gélida.

Markus olhou para trás um pouco confuso, e então abriu um sorriso tão falso quanto a sua personalidade. - Olá, Nora.

- Ah essa é a filha que você tanto fala? - Perguntou o condutor, apoiando o braço na janela e pondo a cabeça pra fora para poder olhar melhor para Lenóra. - Seu pai fala de você como se você fosse um milagre.

- Porque ela é. - Ele sorriu, olhando dela para o homem no trem. - É um milagre tê-la na minha vida.

Lenóra cerrou os olhos. Ele deveria reformular a frase para: "ela está na minha vida devido á um assassinato que carrego". Era mais correto na percepção dela. Quando ia abrir a boca para retrucar, foi interrompida por alguém no meio da multidão, chamando pelo seu nome.

- Villin! - Regulus caminhava em passos duros em direção á ela com raiva no olhar. Lenóra não conseguiu evitar um sorriso malicioso. Como adorava vencer.

- Vamos. - Ela disse á Markus, mas sem tirar os olhos de Regulus. - Agora.

- Até a próxima, condutor. - Markus se despediu e então os dois desaparataram.

Assim que Lenóra viu as estátuas gregas decorando o front do casarão no estilo gótico, sentiu sua felicidade momentânea se esvair. Depois de passar grande parte do ano em Hogwarts, sua casa parecia sem vida. Ela era sem vida. Por outro lado, eram apenas dois meses.

- Quem era aquele garoto? - Perguntou Markus enquanto ambos caminhavam até a entrada.

- Regulus. - Ela respondeu. - Um garoto que não tem mais nada para fazer da vida além de encher o meu saco.

- Tenha modos, Lenóra. - Disse Markus torcendo o nariz. - E... Regulus? Ele é filho de Orion Black?

Lenóra deu de ombros. - Não conheço os pais dele, mas sim, ele é um Black.

Markus pareceu pensativo. - É melhor você não se meter com essas pessoas. Orion é um sujeito péssimo, e Walburga Black, nem se fala.

- E você deve ser muito diferente deles, não?

Os olhos de Markus se voltaram para ela. - Posso ser muitas coisas, Lenóra, mas não sou um supremacista. Nunca negaria a ninguém o seu direito de pertencer ao mundo mágico.

- Claro que não, você forçaria as pessoas á virem para cá, é isso que você faz.

- Eu entendo o seu desprezo por mim, mas acho que já está mais do que na hora de superar isso. - Ele soltou um suspiro. - Não poderíamos ser como uma família normal?

Lenóra parou e então o olhou com sua expressão estóica. - Pais normais não batem nas suas filhas e chamam isso de amor. Pais não assassinam as mães na frente de suas filhas e então dizem para elas seguirem em frente sem derramar uma lágrima. Não é assim que funciona.

- Você não sabe mesmo perdoar. - Ele parou por um segundo. - Eu queria lhe dar uma lembrança boa de mim, mas sabe o que eu acho, Lenóra? - Ele deu um passo á frente, sua voz era suave. - Acho que você gosta da dor. Você gosta de ter alguém para culpar pelo seu sofrimento e para destilar todo o seu ódio. Mas a verdade, é que tudo isso é somente sua culpa.

Ela levantou suas sobrancelhas, e quase riu. - Minha culpa?

- Não fui eu que obriguei você á reprimir sua magia, fui? - ele abriu os braços. - Foi sua mãe? Acho que não. Acho que foi uma garotinha com um medo terrível de assustar a mãe e ser rejeitada, então ela se escondeu.

- Não fale dela. - Lenóra alertou com algo perigoso em sua voz.

- Essa garotinha escondeu o que tinha de melhor nela, e trouxe o pior. - Ele inclinou a cabeça, a analisando. - Se transformou num monstro sem controle.

- Pare. - Ela disse alto demais, saiu quase como um grito, e se sentiu estranha. Ela nunca levantava a voz, nunca se alterava á esse ponto, mas seu pai era uma das únicas pessoas que conseguiam tirar sua paz. - Eu devia ter morrido anos atrás e você me manteve viva. Você me criou! Eu não pedi nada disso.

- Controle sua língua. - Ele disse entredentes, olhando para algum ponto atrás dela.

Lenóra virou um pouco  a cabeça, e viu de relance Elsie espiando pela porta. Markus a via claramente, exprimida contra uma pequena fresta da porta, esperando para recebê-los.

Lenóra sentiu sua cabeça latejar. Aquela maldita dor de cabeça estava voltando. Aquele lugar a deixava doente. Seu pai a deixava doente. Tinha prometido á Firenze que voltaria, mas logo no primeiro dia já estava assim. O centauro tinha sorte que Lenóra era uma mulher de palavra, e não quebraria a promessa.

- Você sabe por que eu a mantive viva, e estou cansado de explicar. - Ele pôs uma mão no ombro dela a virando para o outro lado, e com um braço apoiado em seu ombro a guiou até a porta de entrada. - Agora, não se chateie com as lembranças ruins, vamos criar algumas boas.

Lenóra torceu o nariz, se livrando do aperto do abraço dele. - Vai levar seu monstrinho para passear?

- Vou levar minha filha para passear. - Ele corrigiu, abrindo a porta, como se não tivesse a chamado de monstro minutos atrás. Ele esquecia das coisas bem rápido. - Vou fazer o que sua mãe nunca fez. Vou lhe mostrar lugares mágicos, Lenóra. Mas amanhã. Agora, você vai para o seu quarto.

Lenóra o olhou com desconfiança, apertou seus dedos ao redor da alça do malão e subiu a escadaria de mármore. Se Markus Villin era assustador antes, agora ele era aterrorizante, porque estava tentando ser legal. Ele não era uma pessoa legal. Sua mãe a alertou sobre ele em seu último dia viva:  Mentiroso. Aproveitador. Oportunista. Manipulador.
"Tudo que ele fala pode parecer incrível, ele pode até ser bom com as palavras, mas ele não é bom!".

Era isso que ele estava tentando fazer agora, manipulá-la. Ele estava jogando a culpa de todo o horror em cima dela para que ela se sentisse culpada. Ela não precisava que ele dissesse nada, sabia que grande parte daquilo havia acontecido por sua causa. Mas isso não anulava os crimes dele. Os abusos.

E ele não a distrairia com viagens e excursões. Essas eram fantasias de uma garotinha boba que esperava encontrar o lado bom de um pai narcisista. Lenóra não fugiria do seu foco. Sua busca por vingança e redenção estava apenas começando.

Lenóra - Regulus Black Onde histórias criam vida. Descubra agora