chapter 33: rumors

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Ele precisava esquecê-la. Tirá-la de sua mente deveria ser um trabalho simples, cortar o mau pela raiz, mas ela estava impregnada em sua mente e ele já não sabia como lutar contra isso.

Regulus se lembrava do dia em que encontrou com ela no beco diagonal. Enquanto Lucius e Bella iam até a travessa do tranco bater um papo com Borgin sobre um tal armário sumidouro, mandaram que Regulus ficasse no beco caso ele tentasse escapar.

Então ele a viu lá, com seus cachos estonteantes e delineado nos olhos. Ele sorriu quando a viu, mas Merlin sabia o quão apavorado ele estava por dentro. Se aquele lugar fosse atacado, ela não poderia estar ali. Ele tentou garantir que ela não estivesse lá caso aquilo acontecesse, mas a bruxinha o chutou naquele lugar e continuou suas compras.

Tinha doído, e Regulus havia ficado com muita raiva, mas esse sentimento sumiu no instante em que ele a viu sangrando num beco escuro. Ele tinha apagado o auror que estava com ela, tinha feito isso com todos os aurores que cruzavam seu caminho, e não podia dizer que sentia orgulho daquilo, mas era melhor nocauteá-los do que matá-los. Mas Lenóra... Se os outro comensais vissem ela, uma mestiça, com certeza a machucariam pra valer.

Desesperado e sem saber muito bem o que fazer, Regulus a pegou no colo e a levou para bem longe de tudo. Garantiu que ela tivesse o que fosse preciso para curar aqueles ferimentos e foi embora. E desde aquela noite, ele só sentia vergonha por todas as decisões que andou fazendo até ali. Evitava ao máximo olhar para aquela marca em seu braço esquerdo, pois agora entendia de verdade o que ela representava.

Ele terminou de vestir o uniforme para o treino de quadribol, pegou sua vassoura de corrida e subiu para o térreo. Parecia uma grande besteira treinar, estudar, fazer qualquer coisa com tanto acontecendo. Ainda tinha uma espada para roubar e não tinha a mínima ideia de como fazer isso, sem contar a quantidade de problemas que incapacitariam sua missão: primeiramente, a sala de dumbledore estava cheia de quadros vivos que poderiam dedurá-lo facilmente, e segundamente...bom, era a sala do Dumbledore.

O velhote recebeu o cargo de cacique supremo na confederação dos bruxos por um motivo. Ele não permitiria que um aluno entrasse no seu escritório e saísse com uma espada histórica completamente impune. Não... Ele saberia se isso acontecesse. E certamente iria querer saber o motivo.

Enquanto passava pelo pátio não pôde deixar de notar a movimentação estranha. Os alunos estavam mais animados do que de costume, sussurrando nos ouvidos uns dos outros. Algumas expressões escandalizada ali, outras em choque, risadinhas... Uma coisa suspeita, mas ele não tinha tempo para isso. Já estava atrasado, e Regulus então percorreu o longo caminho até o campo de quadribol. Ao chegar lá se deparou com o time inteiro já no campo, disparando no ar para começar o treino.

- Está atrasado, Black. - Disse o capitão. - Não temos tempo á perder. Você vai treinar com o pomo.

Ele abriu a caixa dos aparelhos e abriu um compartimento em uma das laterais, de onde o pomo de ouro saiu cortando o ar como um raio.

Regulus montou na vassoura de corrida e lançou vôo. Metros acima do chão, o vento do outono estava mais forte, e sua capa verde musgo esvoaçou assim como seus cabelos negros enquanto ele olhava ao redor em busca de qualquer sinal brilhante nos ares.

- Atrasado de novo, Regulus? - Avery parou ao seu lado derrepente.

- Perdi a noção do tempo.

- Sei. Naqueles livrinhos entediantes que você tanto lê? - Ele riu de leve. - Como é possível se perder com palavras no papel?

- Se você possuísse o mínimo de inteligência saberia que não é apenas isso. - Regulus olhou para a direção oposta, cerrando os olhos. Aquele pomo não estava em lugar algum.

- Só não se atrase mais, ou vai ter que compensar o capitão de uma forma ilícita. - Ele trocou um olhar cheio de divertimento e confidencia que Regulus não estava entendendo. - Você não seria o primeiro á apelar para esse lado com os superiores, se é que ouviu os boatos.

- Não, não ouvi. - Regulus tentou parecer desinteressado, mas na verdade adorava escutar fofocas. Não espalhar, só ouvir já estava de bom tamanho.

- Como não ouviu? É o assunto mais comentado desde...bom, ontem. - Ele ergueu uma sobrancelha, mas Regulus ainda estava com uma expressão confusa. Avery por fim soltou um suspiro. - Villin, Regulus! E o professor de D.C.A.T !

Regulus nunca sentiu seu coração bater tão rápido ao ouvir o sobrenome de Lenóra, e sua cabeça se virou tão rápido que quase estralou. - Como?

Avery pareceu muito satisfeito por ter sido ele á contar a novidade. - Não estava sabendo então? Pois é, está explicado o porquê dela tirar tantas notas boas. Parece que ela não é tão inteligente afinal. Com quantos professores você acha que ela dormiu?

Regulus estava se sentindo tonto e muito enojado. Era um boato sujo. Grotesco, e certamente não era verdade. - Cale a boca. Ela não fez isso.

Avery piscou. - Como pode ter tanta certeza? - Seu tom era acusatório.

- Porque ela não é assim. - Ele mordeu a língua antes que começasse á proferir sonetos e declarações no nome da garota sem querer. - Quem espalhou essa... Notícia?

- A amiguinha dela. - Ele disse. - Camaria eu acho. Que nome estranho para dar á uma pessoa, não acha?

- Entendo. - Ele disse pensativo, seu olhar focado no nada. Ele ouviu um zumbido atrás dele, aumentando gradualmente. Exatamente quando ergueu o braço, o pomo bateu contra sua mão, e Regulus fechou os dedos ao redor do objeto.

Ele inclinou a vassoura para baixo, e quando seus pés tocaram o chão ele caminhou em direção ao castelo.

- Onde pensa que vai, Regulus? - Perguntou o capitão com uma voz grossa e arrogante. Regulus jogou o pomo para ele.

- Ótimo treino. - respondeu sem olhar para ele. - Até depois.

Então ele correu. Correu tão rápido que em minutos estava na ponte de acesso. Correu porque sabia que uma mentira daquelas destruiria Lenóra Villin, uma estudante e monitora meticulosa, que não aceitava erros nem imperfeições. Que seguia estritamente as regras e fazia questão de que os demais alunos fizessem o mesmo. Que tinha uma covinha adorável na bochecha esquerda, a qual ele vira apenas uma vez em tantos anos estudando com ela. Que era certinha demais para quebrar uma regra de Hogwarts.

Ele não demorou a encontrá-la porque graças á Merlin a biblioteca estava localizada no saguão. Ela estava em uma mesa redonda na terceira seção. Haviam muitos livros de feitiços empilhados, e Lenóra estava escrevendo em um pergaminho, debruçada sobre a mesa. Regulus se apoiou na mesa ofegante. Ela não olhou para ele.

- Na me irrite hoje, Black. - ela disse. - Não tenho tempo para lidar com você.

- Você não... - Ele respirou profundamente e se endireitou. - Você não ouviu o que estão falando sobre você?

- Que eu sou linda, inteligente e absurdamente magnífica? Ninguém precisa me dizer isso.

Como ele diria que estavam manchando o nome dela por motivo nenhum? Que estava sendo chamada de coisas terríveis só porque o Sr.Evers foi legal demais com ela e uma pessoa ruim percebeu?

- Lenóra. - Pela primeira vez ele estava sendo realmente sério com ela. - Estão dizendo que você está fazendo coisas ilícitas com o professor Evers.

Ela parou de escrever no mesmo segundo, e quando ergueu o olhar para ele, seus olhos estavam escuros. - Quem?

- Uma certa loirinha que andava de braços dados com você.

Ele viu a mandíbula dela trincar. Por um momento ela ficou lá parada, seu olhar fuminando o vazio. Então ela soltou uma leve aspiração, se levantou e pôs a sua varinha dentro da manga de sua blusa branca.

- Gostaria de vir comigo?

Regulus franziu o cenho. - Acho que é a primeira vez que me pede algo.

- É a primeira vez que estou inclinada a cometer um homicídio publicamente. - A suavidade de sua voz tinha se esvaído. - Por favor, não permita que eu seja expulsa.

Lenóra - Regulus Black Onde histórias criam vida. Descubra agora