𝟐𝟎. saturday night

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Taeyong ficou parado onde estava por bons segundos. Sua mente parecia funcionar devagar e não conseguia digerir todas as informações. Quando foi que as coisas ficaram tão bagunçadas?

─ O que está acontecendo, Tae? ─ Hyuck perguntou em tom baixo ao se aproximar do mais velho. ─ Do que Jeno está falando?

Suspirando, ele encarou Donghyuck, então negou com a cabeça e correu a mão pelo rosto, fazendo uma careta com a dor e com o sangue que ainda escorria. Seu olhar desceu para o cachorrinho, que o encarou de volta e latiu baixinho.

─ Vamos entrar, a gente conversa depois, pode ser? ─ perguntou suavemente.

Sabia que tanto ele quanto o mais novo não estavam com a consciência perfeita naquele momento, então talvez fosse melhor conversar quando estivessem totalmente sóbrios. Lentamente ele seguiu para dentro da casa, o silêncio ainda pairava ali e um clima pesado ainda tomava o local. Taeyong seguiu direto para dentro do quarto, fechando a porta com cuidado ao imaginar que Lana ainda dormia.

Suas costas bateram contra a porta fechada, se sentia sufocado, o peito parecia doer e ele sentiu um bolo se formar em sua garganta, só então percebeu que não chorava já fazia algum tempo, a sensação lhe pareceu estranha e ele não soube dizer ao certo o que lhe causava aquele sentimento. Podia ser só o efeito de estar chapado, ou a falta que já sentia dos seus amigos, ou a certeza de saber que tinha falhado com alguém que amava, ou toda a confusão que sua vida parecia estar. Estava sobrecarregado, cansado, estava tantas coisas que descrever seria difícil.

Fechando os olhos, ele jogou a cabeça para trás, a encostando na porta e entreabrindo os lábios para soltar um pequeno fluxo de ar na intenção de fazer aquela sensação ir embora, mas apenas pareceu ter piorado tudo.

─ Tae? ─ A voz baixinha de Lana se fez presente no quarto, parecia um pouco sonolenta. Ela se sentou na cama, encarando a figura estática do garoto, levantando-se rapidamente ao notar o estado que ele se encontrava. ─ Taeyong, o que aconteceu? ─ perguntou ao se aproximar.

Ele abaixou o olhar lentamente, encarando o rosto da namorada, que viu o brilho das lágrimas ali, o que a preocupou ainda mais. Taeyong puxou o lábio entre os dentes, virando o rosto, ainda lutando contra o choro. Lana tocou suavemente seu braço, ficando de frente para ele e com a outra mão trazendo o rosto dele para encará-la, ela sentiu a preocupação lhe tomar, não só pelo sangue em seu rosto, mas pelo quanto Taeyong parecia quebrado e machucado internamente.

─ O que aconteceu, meu bem? ─ repetiu baixinho.

Foi então que ele desabou. Um soluço saiu por seus lábios, seguindo das lágrimas que desceram sem pausa por seu rosto, ele fechou os olhos com força, sentindo as pernas vacilarem e suas costas deslizarem pela porta até que estivesse sentado no chão, Lana foi quem o segurou. Não só fisicamente.

Ela permaneceu ali, deixando que ele chorasse o quanto quisesse enquanto lhe trazia palavras de conforto para deixar claro que ela estava ali com ele, seus braços ao seu redor parecendo tentar segurar o mundo inteiro. Taeyong não falou nada, e ela não perguntou. O choro dele já parecia ser tudo o que tinha para dizer, então apenas ficou ali, sentindo as lágrimas molharem a curva de seu pescoço e ouvindo os soluços que pareciam dolorosos demais.

Sabia o quanto as coisas estavam pesadas, o quanto ele estava se esforçando para conseguir arrumar tudo, sabia o quanto ele tentava e o quanto tudo aquilo o consumia diariamente, ela também sabia como ele sempre guardava tudo dentro de si e tentava lidar sozinho.

─ Eu tô aqui, tá tudo bem ─ falou baixinho.

Taeyong levou bastante tempo até que se acalmasse, ou que pelo menos conseguisse parar de chorar, ele deixou que Lana o levasse para o banheiro, se livrando das roupas para que pudesse entrar no chuveiro e tirasse todo o sangue e poeira de seu corpo, Lana o ajudou em tudo e ele aceitou de bom grado.

NO MERCY, Lee Taeyong ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora