Corte de Culpa e Indecisões (2)

Capítulo 20

Darlan on:

Sei que ela está olhando pra mim antes de abrir os olhos.

Eu consigo sentir, de alguma forma sinto que ela me observa.

Eu sentia isso, sempre que estava por perto e via que ela me olhava.

Estou deitado em minha cama, de bruços, os braços abertos ao lado do corpo, um deles pende para fora da cama, o cobertor cobre minha cintura apenas, não uso camisa, apenas uma calça de moletom.

Meus cabelos estão jogados em meu rosto, por isso ela não sabe que eu já acordei.

Me remexo, para assim, talvez, avisar que estou acordando e sinto sua atenção se desviar de mim.

Assim que abro os olhos, noto o quarto surpreendentemente escuro, achei que já era de manhã, mas não, ainda é madrugada.

Por quê Ayla está acordada então?

Será que não consegue dormir?

Olho para ela, que não está me olhando mais.

Está sentada na cama, abraçada as pernas, os braços apoiados nos joelhos, que servem como travesseiro para sua cabeça.

- Por quê tá acordada? - Pergunto, a voz rouca pelo sono, sento na cama ao mesmo tempo que ela me olha surpresa.

- Acordei você? - Pergunta, a voz em um sussurro.

Nego com a cabeça.
- Não eu... já estava acordado, então, não consegue dormir? - jogo os cabelos para trás com uma mão, tirando-os do rosto.

Ayla acompanha o movimento com os olhos e logo sua atenção volta a ser minha.

- Tive um pesadelo, só isso - Tenta encarar o assunto, olho para ela mais atentamente.

- Conta pra mim - Peço, atraindo sua atenção novamente.

- Eu...- Ela hesita, mas logo suspira - Eu tenho sonhos, as vezes, em que eles voltam a me pegar, mas não fazem nada comigo, eles pegam minha mãe, Nyx, Kate, Lily ou qualquer outro que amo, torturam eles na minha frente e eu não posso fazer nada - Vejo seus olhos brilhando com lágrimas e meu instinto é me aproximar, é o que faço.

Os illyrianos...

Eu sabia que Ayla tinha história com eles, mas não sabia o que era, não sabia nada.

Em um segundo eu estou sentado na cama dela, perto dela e me seguro para não limpar seu rosto quando a primeira lágrima cai.

Meu coração estava acelerado e sentia uma imensa vontade de abraçar ela.

- Dessa vez foi diferente - Quando me olha novamente, sou bombardeado com sensações diferentes.

Insegurança.

Medo.

Raiva.

Culpa.

- Diferente? - Sussurro em voz baixa e ela assente.

- Sim, você tava lá, eles prendiam você, cortavam suas asas e te torturavam de tantas formas que...- Sua voz falha e eu fecho os punhos, me segurando para não puxa-la para si - Eu fiquei com medo de que fosse real.

Foda-se.

Não vou ver ela chorar e ficar parado, vendo-a sofrer.

Não tô nem ai pro limite que impus.

Seguro seus braços e puxo ela delicadamente, apertando-a em meus braços, tentando passar segurança pelo laço e fisicamente.

- Ninguém vai me prender, tá? Não é real - Sussurro deixando um beijo no topo de sua cabeça.