Esta fic foi escrita em parceria com Laís Dias e é a nossa continuação para o livro A Hospedeira, de Stephenie Meyer. Tudo pertence a ela, exceto Estrela, Logan, Águas Claras, John e Lindsay, que são personagens nossos
Embora Ian e Peg tenham extrema importância para os acontecimentos da fic, a história não é centrada neles, e sim no casal que nós criamos, cujos destinos se cruzarão com os dos habitantes das cavernas de Jeb. Se tiverem um pouco de paciência e nos derem uma chance, poderão se apaixonar por nossos personagens também. E antes que vocês possam perceber, todo mundo vai estar feliz de novo.
Por ora, trinquem os dentes e preparem-se para as emoções que hão de vir.
Sinto minha mente clarear aos poucos. Os pensamentos, ainda desordenados e confusos, vindo à tona. Preparo-me para o jorro de informações; algumas possivelmente dolorosas, já que antes aqui vivia uma Alma entre humanos. Humanos que eu ainda não sabia quem eram, mas os primeiros sentimentos que tomaram este corpo assim que eu tive consciência dele foram dois: desespero e saudade.
Não exatamente essa última, mas foi assim que inicialmente pude classificar a falta do preenchimento em meu peito, que parecia mais vazio do que deveria. A dor do nada. O que estava aqui antes? O que estava aqui antes, que fazia com que este corpo estivesse sempre com o coração cheio de alegria? Eu sinto falta disso. Não sei o que é ainda, mas quero muito, muito essa coisa de volta aqui.
Eu havia sido preparada para as dores que se seguiriam aqui dentro; não a física, mas a emocional, que muitos que vieram daqui dizem ser ainda pior. Mas eu tinha escolhido vir para este planeta exatamente por este motivo. A vontade de... sentir. Não como os Ursos, minha última espécie hospedeira. Eles eram capazes de sonhar, de amar, de pensar, de desejar coisas bonitas, mas nem um terço parecido com os humanos. E eu queria sentir algo quente, algo intenso, alguma coisa que pudesse me fazer sentir... viva.
Eram incríveis as histórias que as Almas que tiveram hospedeiros terrestres contavam. Elas me fascinavam de uma maneira que seria impossível para mim não vir à Terra algum dia, saborear e sentir essas emoções únicas. E já estou sentindo. Mas agora, não sei realmente se gosto. Esta ansiedade mutilante me revira o estômago. Esta dor dilacerante rompe as fibras desta hospedeira.
Meus pontos estão ligados corretamente no diminuto corpo. Audição, olfato, paladar, tato. Sinto-os todos, agora todos meus. Posso mover minhas mãos, sentir o cheiro de algo fisiológico no lugar onde estou, os bipes surdos e ritmados ao meu lado, o gosto seco em minha boca. Tenho acesso a tudo, tudo do meu corpo. Então, estou pronta. É algo que não se pode adiar. Trinco os dentes, sentindo a primeira lembrança vir.
"Foi tudo rápido, confuso demais. Em um minuto estávamos voltando para casa. Jared ao volante, Mel ao seu lado, os dois conversando alegremente sobre novas coisas que arranjamos para Jamie. Aaron e Heath, a uns centímetros de nós, conversando também. E eu aqui, com Ian, a cabeça encostada em seu ombro, ele brincando com meus cabelos. Está tudo bem, como sempre."
Ian. Esse nome me traz uma nova sensação, um alvoroço no peito. Tinge o interior das minhas pálpebras de azul. Não qualquer azul... Safira. Neve. Safira. Meia-noite. Eu quero me agarrar a esse azul, mas as memórias me engolfam novamente, sem me dar tempo para mais nada.
"Então, um som coloca tudo de cabeça para baixo. Sirenes. Não apenas um som irritante e rodopiante. Desta vez não há apenas um jogo de luzes vermelhas e azuis no chão de asfalto da estrada. Há vários deles, um som agoniante e extremamente desconexo para vir apenas de uma viatura. Luzes demais para vir apenas do carro de um Buscador. São muitos. Estamos todos paralisados no lugar. Jared não aumentou a velocidade, e ele não vai fazê-lo. Assim como da última vez, ele sabe que isso apenas vai fazer com que os Buscadores nos sigam e que denunciemos toda a nossa família. Então, pouco a pouco, o carro para, a velocidade diminuindo. E eu vejo. Não há escapatórias desta vez, nada que eu poderia inventar. Não com tantos humanos num só carro - uma vez que Kyle conseguiu bater o caminhão mês passado -, não com tanta comida inexplicável. Não com a tamanha rapidez com que ouço os passos dos Buscadores correndo em direção ao nosso carro.
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A Hospedeira - Coração Deserto
FanfictionPeg e os humanos levavam uma vida tranquila agora. Tudo o que queriam podia ser conseguido numa incursão. Mas também algo que não queriam. Um dia, o que parecia inevitável acontece. Algo dá errado. Os humanos acreditam que Peregrina está morta. Mas...