Confronto

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So break yourself against my stones

And spit your pity in my soul

You never needed any help

You sold me out to save yourself

And I won't listen to your shame

You ran away - you're all the same

Angels lie to keep control...

My love was punished long ago

(Snuff - Slipknot)


POV — Logan

Algumas horas tinham se passado desde o momento em que Jeb tinha desaparecido com Estrela. Era a sensação mais torturante e estranha do mundo: impotência. Tudo o que eu podia fazer era esperar e imaginar mil cenários possíveis para as próximas horas.

No mais sombrio deles, os humanos revoltavam-se contra Estrela e, mesmo com John em seu ventre, eles não se importariam, destruindo à sua maneira selvagem os únicos seres com os quais já me importei. Eles viriam atrás de mim a seguir, quem sabe tendo matado Jeb e rompido qualquer trégua. Eu os deixaria me matarem, não conseguiria mesmo continuar vivendo depois disso, mas eu levaria alguns deles comigo.

Meu sangue ferveu com essa imagem. Estrela tinha razão, havia muita violência dentro de mim. Era preciso controlá-la, mantê-la adormecida. O quanto fosse possível.

Desviei-me então para outro cenário. Um tão desolador quanto este deserto, incômodo como o calor que me queimava, enfraquecendo meu corpo e embrulhando meu estômago. Ainda assim, era menos pior do que o anterior. Pelo menos nesse, Estrela e John ficavam vivos. Eu é que era descartado de sua história.

Nesta versão, Ian veria Estrela e se apaixonaria por ela. Era provável, não era? Ela ocupava o corpo que ele amava, que pertencia a ele pelas formas humanas de amar. Ela carregava um filho dele... Seria tudo tão simples. Estrela viria até mim implorando por perdão e para que eu não revelasse o paradeiro de seus humanos. E eu não o revelaria. Tampouco a perdoaria, porém. Mesmo assim, eu iria embora garantindo-lhe que ninguém mais saberia de seu esconderijo, e eles então viveriam felizes para sempre.

Pelo menos até o momento em que eu arranjasse uma nova hospedeira para Peg e viéssemos juntos reivindicar nosso lugar nesse mundo distorcido.

Minha nossa! Meu hospedeiro se lembrava do que era uma novela e eu estava parecendo um personagem de uma. Mas já que estávamos no reino da ficção, eu podia imaginar ainda outro cenário. Um bem mais agradável para mim, embora não o fosse para Estrela.

Os humanos não a aceitariam, eles destruiriam seus frágeis sentimentos deixando claro que jamais a amariam, porque ela não era Peg, não era um deles. Ela se lembraria então do quanto eu a amo e de como sempre a protegi. Então esperaria que eles dormissem e, na calada da noite, fugiria e viria para mim, profundamente arrependida por ter me abandonado para vir até aqui. Nós partiríamos em alta velocidade e iríamos viver em outro lugar, quem sabe em outro país, onde criaríamos John como se fosse nosso filho. E eu nunca mais ouviria falar em Ian novamente.

Agora, esse era um bom desfecho! Era também o menos provável, já que nada nunca era fácil para mim. A espera estava me deixando louco e o sol e o calor eram atordoantes, mas não o suficiente para embotar meus instintos.

Às minhas costas, pude ouvir passos na areia. Não achei que fosse Jeb, porque ele não precisaria se esgueirar, não teria motivos para isso. Os passos pareciam mais pesados também, a respiração entrecortada denotava ansiedade.

A Hospedeira - Coração DesertoOnde histórias criam vida. Descubra agora