I know someday you'll have a beautiful life,
I know you'll be a star,
In somebody else's sky,
But why, why, why
Can't it be, oh can't it be mine?
(Black - Pearl Jam)
POV – Logan
Uma enfermeira tinha vindo ajudar Estrela a tomar as primeiras providências da manhã. Eu estava sozinho no quarto, enquanto as duas estavam no banheiro. Meus olhos doíam pela falta de sono e pelas lágrimas que tinham brotado deles me mostrando o que era dor.
Como eu tinha previsto, Estrela se embrenharia pelo deserto em busca dos humanos de Peregrina, arriscando sua vida e a do bebê que carregava. E, como eu suspeitava, embora só agora entendesse por que, eu não a deixaria fazer isso.
Eu ainda estava tomado pelas emoções conflituosas que tinha descoberto recentemente. Tudo era intenso e labiríntico em relação aos sentimentos humanos. Quando você entra, não sabe se ou como vai sair. Entretanto, eu estava em paz. Não era caótico e desorganizado como eu imaginava. Só era preciso entender como a ordem das coisas era constantemente reescrita ou qual emoção contrabalançava a outra.
Agora, por exemplo, eu estava triste, mas sabia por quê. Sabia que a vida como eu a conhecia jamais voltaria ao normal, que agora o meu destino estava preso ao de Estrela. No entanto, a consciência dessa prisão e desse fim me fazia sentir livre.
Eu sabia que minha vida de Buscador ordeiro e compromissado chegara ao fim para dar início à próxima, a do protetor de minha Estrela e de seu bebê, a parte humana dela que eu jamais renegaria. E estava tudo bem pra mim que fosse assim. Eu sabia que apesar de estar para sempre atado a ela, eu estava livre dos outros, porque tinha certeza de que minha lealdade estaria sempre com ela. Era complicado, mas era também muito simples: eu só me importava com ela, todo o resto não me interessava.
O vazio obstinado com que eu vivia antes era tranquilo e confortável, mas não havia paz naquela vida. Agora eu era capaz de perceber que passava meus dias em constante terror, com medo de que algo acontecesse e me tirasse do estado de emoções inertes em que vivia. Pois adivinhe só? Algo aconteceu. E eu simplesmente não conseguia ter medo de como aquilo me fazia sentir.
Águas Claras Sob a Lua entrou no quarto, em contraste com a delicadeza de Estrela, seus movimentos pareciam calculados e seu olhar vazio como o de uma mulher fria como uma pedra de gelo.
— Como vai, Logan? Chegou cedo hoje. Conseguiu alguma coisa?
Eu assenti num cumprimento inexpressivo e respondi:
— Não. Nada, como sempre. Você acha possível que o cérebro dessa hospedeira tenha sido danificado durante a captura? — insinuei como quem não queria nada, dando início ao processo de semear a dúvida. De qualquer forma, concordando ou não com sua partida, eu precisava que a paz de Estrela fosse garantida.
— Não! Mas é claro que não. Você não atirou na cabeça dela, lembra?
— Sim, mas ela ficou muito tempo inconsciente até a trazermos para cá. Talvez esse tempo... Ou mesmo antes. Quem sabe os humanos não tenham feito alguma coisa com ela? Talvez isso explique por que Peregrina ficou com eles. Talvez ela fosse, de certa forma, prisioneira.
— Tem razão, é possível. Nós não chegamos a fazer nenhum exame desse tipo, porque não havia nenhum ferimento na cabeça da hospedeira. Mas uma lesão antiga ou mesmo uma privação de oxigênio causada pelas cargas de Paralisium podem justificar a memória danificada. O cérebro humano é muito complexo e delicado, e nem mesmo nossa tecnologia pôde desvendá-lo por completo. Acho que precisamos fazer alguns exames.
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A Hospedeira - Coração Deserto
FanficPeg e os humanos levavam uma vida tranquila agora. Tudo o que queriam podia ser conseguido numa incursão. Mas também algo que não queriam. Um dia, o que parecia inevitável acontece. Algo dá errado. Os humanos acreditam que Peregrina está morta. Mas...