POV Estrela
— Ah, finalmente!
Logan suspirou, se jogando de volta na cadeira, enquanto ouvíamos os sons dos sapatos de Águas Claras contra o piso do corredor ficarem mais baixos à medida que ela se afastava e as últimas luzes do corredor se apagavam.
— Ora, você deveria ficar feliz por ela estar aqui, Logan – murmurei sarcasticamente, virando minha cabeça para ele. – A Curandeira lhe dá motivos para voltar a ser um Buscador de verdade. Bem, pelo menos você fica cada vez melhor na dissimulação.
— Buscador de verdade? É assim que você me agradece, Estrelinha? Me insultando por fingir em seu benefício? – ele questionou num tom ofendido. Eu sabia que não era verdade, mas fiquei arrependida de qualquer modo.
— Tudo bem, me desculpe. Não quis dizer isso, exatamente. É só que... Eu ainda não entendo o que você está fazendo. Quer dizer... Por que ainda não me entregou. Era... É seu dever obter informações, e agora que você as tem, simplesmente não...
Calei-me abruptamente. O que eu estava fazendo? Tentando fazê-lo cair em si e contar tudo que sabia para outros Buscadores? Mordi a língua.
— Ah, eu... hmmm, bem... eu n-não... – Logan engasgou. Respirou fundo e começou de novo. – Suas olheiras estão ainda maiores hoje, Estrelinha. Descanse, eu vou ficar aqui até você dormir. Não tem com que se preocupar mais por hoje.
Eu resmunguei, mas tremi ao lembrar que ficar acordada só me faria ter mais das minhas constantes crises de enjôos. Ele apagou a luz e puxou a cadeira para mais perto de minha cama, até estar apertado contra as beiradas de ferro.
— Boa noite, Logan – murmurei.
— Boa noite, Estrelinha – ele afagava meus cabelos, quase não os tocando, então começou a sussurrar uma canção de ninar, como fazia sempre desde que ficamos amigos.
Eu soube quando ele dormiu, antes mesmo da sua música chegar ao segundo refrão, a mão ainda sobre minha cabeça, o rosto sobre o braço apoiado no colchão. Não podia vê-lo no escuro, apenas sua silhueta, mas sua respiração mudou, ficando mais lenta e regular. Reconfortante.
Logan devia estar exausto de verdade, fazendo-me perguntas inúteis o dia inteiro, toda vez que Águas Claras entrava na sala. Fingindo fazer o que realmente deveria estar fazendo, indagando e reclamando por minhas respostas falsas. Mas agora ele sabia por que eu não responderia. E eu era extremamente grata por isso, apesar de não fazer idéia de como um guardião da paz poderia mudar seus conceitos de uma hora para outra, por uma quase desconhecida.
Suspirei. Minha cabeça girava, mas não tanto quanto meu estômago, se bem que isso não era nenhuma novidade.
Eu deveria tentar dormir. Deveria estar exausta também, mas o sono simplesmente não vinha. Então virei minha cabeça para a parede, apertando os olhos e respirando fundo.
"Jamie, jogue direito!", resmungo.
Mas tudo que ele faz é rir e passar a bola para Mel. Ian se deixa driblar, e ela faz mais um gol para nosso time de duas.
"Incrível, realmente fascinante. Um Stryder e um O'Shea perderem pra duas garotas. Nunca achei que você descesse tão fundo, Ian", Mel reclama, mas ela sabe o que eles realmente fizeram.
"Foi sorte, Melanie, apenas isso", murmura Jamie com um sorriso maroto.
Eu reviro os olhos.
"Sorte, sim. Mas só se eu fosse estúpida. Não é de hoje que Ian nos engambela com esse truquezinho."
"Como se fôssemos insuficientes para vencermos sozinhas!" exclama Melanie, exasperada. "Não jogo mais com vocês dois, não desse jeito."
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A Hospedeira - Coração Deserto
FanfictionPeg e os humanos levavam uma vida tranquila agora. Tudo o que queriam podia ser conseguido numa incursão. Mas também algo que não queriam. Um dia, o que parecia inevitável acontece. Algo dá errado. Os humanos acreditam que Peregrina está morta. Mas...