Explicações

325 19 7
                                    

Bones sinking like stones

All that we fought for

Homes, places we've grown

All of us are done for

We live in a beautiful world

Yeah we do, yeah we do

We live in a beautiful world

Oh, all that I know

There's nothing here to run from

'Cos yeah, everybody here's got somebody to lean on

(Don't Panic - Coldplay)


POV — Logan

— Mas que merda, Kyle! Como você pôde ser tão estúpido? – vociferei a plenos pulmões quando nos encontramos num desvio da estrada, a fim de transferir um pouco de nossa carga para o furgão.

— Abaixa a voz, imbecil. E você não tem nada a ver com isso até a última vez que chequei.

— Certo. Porque falar alto numa estrada deserta é perigoso demais, mas ficar desfilando por aí pondo Sunny em perigo... Aí tudo bem! – ironizei, ainda furioso por ele ter testado os limites da sorte. — E eu tenho tudo a ver com isso. Cada uma das pessoas que você pôs em perigo é minha responsabilidade quando estamos aqui fora. Talvez da última vez que checou você tenha se esquecido de contar. Somos 38, contando com seu sobrinho, seu irresponsável. Muitos mais se contarmos com a célula de Nate e as outras cujas localizações ele conhece.

Kyle pestanejou, surpreso com meu ataque. Aparentemente, ele não tinha considerado que nosso conhecimento de outras células aumentava exponencialmente o perigo.

— Eu não tinha pensado nisso – disse ele um pouco envergonhado.

— Sério? Se você não me dissesse que não pensava, eu não teria percebido.

— Dá um tempo! Você fica aí se achando o "bonzão", mas antes de vocês Almas chegarem, eu já fazia isso, já cuidava de todo mundo enquanto arriscava meu pescoço!

— Sei. E muito me admira que nunca tenha estragado tudo. Acho que devemos ser gratos a Jared e a Ian por isso, ao que parece.

— Ah, cala essa boca! Eu sei muito bem o que fazer caso seja pego – respondeu Kyle irritado, referindo-se ao plano emergencial suicida que eu detestava, mas para o qual não tinha encontrado substituto. — Ninguém mais pagaria por isso a não ser eu mesmo.

— Kyle! – protestou Sunny.

— O quê? – disse ele, virando-se para a companheira. – Eu o faria e você sabe que sim. Faria isso pra proteger todos nós. Até você, seu estressadinho de merda. Porque é isso que nós fazemos, protegemos uns aos outros. E você nunca vai saber como é estar disposto a morrer para garantir a sobrevivência dos que restaram.

— Por que não? Porque não sou humano? – Sinceramente, esse argumento já estava ficando velho! — Se um de nós pode entender, sou eu. Eu era um Buscador, também estava acostumado a me arriscar pela minha espécie.

— Não passa nem perto, idiota. Você pode se mudar de hospedeiro, sei lá... Mas este meu traje de gala aqui não pode ser tirado pra lavar! – rebateu.

Talvez ele tivesse razão, mas aquela fala me deixou ainda mais irritado, porque me confrontou com a possibilidade de ser pego, capturado e retirado de meu corpo. Não gostei nada de que Kyle se referisse ao meu hospedeiro como uma roupa que eu poderia trocar, como um corpo que eu dispensaria sem nenhum escrúpulo. Aquele corpo agora era parte de quem eu era e eu o amava. Além disso, Canção Noturna não era nenhuma droga de saltador sem respeito.

A Hospedeira - Coração DesertoOnde histórias criam vida. Descubra agora