Nervosa

392 26 9
                                    

The broken locks were a warning

You got inside my head

I tried my best to be guarded

I'm an open book instead

And I still see your reflection

Inside my eyes

They're looking for purpose

They're still looking for life

(Broken - Lifehouse)


POV – Águas Claras Sob a Lua

Aquilo me parecia errado. Por algum motivo que eu não sabia explicar, estar, àquela hora da noite, me dirigindo ao apartamento de Logan parecia... Inapropriado!

Talvez tivesse alguma coisa a ver com o quanto ele me deixa nervosa. Não sei por que, mas há algo inquietante nele. À primeira vista, ele é uma Alma como as outras, como eu, ordeira e cumpridora de seus deveres. À primeira vista.

Mas como é possível não o observar além disso? Não olhar para ele duas, três, infinitas vezes? Como não reparar na sua certeza invisível de que existe alguma razão que o faz diferente e especial?

Ele é tão bonito e seguro de si! Age como se o mundo fosse dele e como se soubesse que provoca certas reações nos outros, mas não se importasse. É irritante! Faz com que ele pareça tão... humano. Tenho medo disso, mas ao mesmo tempo, é algo que me impede de tirar os olhos dele. Ele me faz sentir boba, embora eu empregue todos os meus esforços para agir de forma indiferente, para tratá-lo com a normalidade necessária a duas Almas que se encontram apenas em situações de trabalho.

Humm, ótimo! Então o que eu estou fazendo aqui na porta do prédio dele?

Pensei em dar meia volta e voltar para casa, mas havia algo na urgência de sua voz que não me deixou negar seu pedido. Ele tinha me ligado poucos dias atrás, avisando que estava indo com Estrela para Atlanta. Eu tinha ficado apreensiva pelo estado de saúde dela e do bebê, mas havia uma missão a ser cumprida. Algo a ser feito pela nossa segurança e, embora eu me importasse mais com ela do que com encontrar os humanos, eu sabia que era necessário.

Mas, para minha surpresa, há meia hora, Logan tinha me ligado de novo dizendo que precisava da minha ajuda, de meus conselhos... Meus! Embora eu não soubesse como poderia ajudar, tampouco soube como negar seu pedido. Além disso, queria muito saber como estava Estrela e o que tinha acontecido com ela. Então deixei meus dedos inseguros tocarem o interfone no número 52.

— Sim? – disse uma voz cuja secura não podia ser completamente filtrada pelos barulhos metálicos do aparelho.

— Sou eu, Águas Claras Sob a Lua – respondi nervosa e sem saber o que dizer para a máquina com a voz de Logan.

— Oh, olá, Águas Claras! – disse ele de um jeito um pouco mais animado e menos frio agora que tinha me reconhecido. – Por favor, entre. Estou no quinto andar.

E a porta se abriu com um barulho rápido e estridente quando ele deu o comando lá de cima. Entrei e fechei-a atrás de mim enquanto meus olhos vasculhavam o prédio simples, mas aconchegante. O hall de entrada tinha uma aparência sóbria e harmoniosa com as paredes pintadas de um tom muito claro de marrom. Havia um vaso de flores numa mesa encostada na parede e sobre ela, um quadro com um desenho abstrato e elegantemente colorido. Um par de poltronas verde musgo de cada lado da mesa completavam a decoração do pequeno hall que recendia limpeza.

Tudo na mais perfeita ordem – pensei, embora uma sensação perigosamente incômoda, de que o caos procurava uma fresta para se instalar, persistisse me fazendo cócegas no estômago. – Não quero me meter com os problemas de Logan. Muito menos se forem do tipo que envolvem humanos. Eu devia ter dito "não"!

A Hospedeira - Coração DesertoOnde histórias criam vida. Descubra agora