Sr e Sra Smith (TRISAL)

PRÓLOGO

Sabe aqueles dias que você acorda com um pressentimento ruim? Pois bem hoje é um desses dias para mim, é como se algo terrível estivesse para acontecer a qualquer momento.

Meu peito está tão apertado que chega doer, não consigo compreender o porquê desse estranho sentimento.

Decido ligar para meus pais, desde que me mudei de estado para fazer minha faculdade eles ficaram muito sozinhos e não posso deixar de me preocupar com os dois, sempre foi apenas nós três e agora era apenas eles.

Eu me sinto um pouco solitária aqui também, mas ainda tenho amigos e coisas para me distrair, mais meus pais... São apenas eles e isso me deixa um pouco culpada por estar tão longe, para seguir meu sonho e conquistar minha carreira deixei eles lá, as vezes me sinto uma pessoa horrível por isso.

O telefone chama mas cai na caixa postal, tento novamente mas novamente cai na caixa postal, provavelmente estavam longe do celular. Desisto e vou me arrumar para a ir para aula.

Estou tão arrependida de ter começado uma faculdade logo depois de terminar os estudos, devia ter ido conhecer outros lugares, viver novas experiências antes de me trancar nesse campus, mas não consegui deixar meu sonho para depois, tenho um plano de cinco anos que se consiste em terminar a faculdade e começar um estágio na maior empresa de advocacia do país

É uma droga ser uma pessoa com objetivos.

Abro a porta do meu dormitório e dou de cara com Emily, eu até me assustaria, mas já estou acostumada com ela aqui todos os dias me esperando para irmos para sala de aula.

-Eu odeio esse lugar- minha amiga diz revirando os olhos

-Acredite, não mais do que eu- falo trancando a porta- Talvez eu coloque fogo e alegue um surto de loucura causado pelo estresse - Digo e Emily da uma risada baixa

-Talvez a gente cometa um suicídio coletivo nesses quatro anos que restam- Ela diz começando a caminhar em direção a sala de aula

-Você é tão caótica- essa garota vezes me assustava com esse humor negro

O dia passou devagar, eu odiei todas as aulas, Emily e eu estávamos no segundo ano e já não víamos a hora de sair desse inferno, mas pensar em nós nos julgamentos toda fodona lacrando com os adversários nos fazia continuar, ainda mais quando penso em trabalhar numa empresa específica.

Chego no meu dormitório e me jogo na cama, pego meu celular para checar se havia alguma ligação ou mensagem dos meus pais e estranho quando vejo que não havia nem uma mensagem de minha mãe, ela adorava me encher de memes e não havia sequer entrado em sua rede social hoje.

Ligo novamente para eles mas cai na caixa postal, é oficial agora estou preocupada, eles não são de sumir assim, ainda mais por tantas horas.

Geralmente eles me ligam de hora em hora para terem certeza de que eu estou bem e a última vez que falei com eles foi ontem a noite antes de dormir.

Tento ligar para ambos por várias vezes mas eles não atendem.

Decido tentar uma última vez antes de ir tomar um banho e quando estava prestes a desistir ouço uma voz do outro lado da linha.

-Alô?- Essa com certeza não era a voz de minha mãe

-Mãe?- Pergunto para ter certeza que sua voz não estava apenas... diferente, talvez estivesse gripada

-Você é filha dos Sr e
Da Sra Havison?- um sentimento estranho me invade

-Desculpa, com quem eu falo?- pergunto

-Eu sou a doutora Alisson- por um segundo penso que estou tendo um infarto

-D...doutora?- minha voz já estava trêmula e minhas mãos começaram a suar frio, uma doutora atendendo um celular nunca é bom