Capítulo 10

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Natasha


— Eu acabei de sair do meu plantão e vim te levar pra conhecer sua pequena Noemi!

Flávia diz entrando no quarto empurrando uma cadeira de rodas, sorrio sentindo meu coração bater forte cheio de emoção ao saber que, finalmente, vou conhecer minha filha.

— Como ela esta?

— Durante a noite a noite tiramos ela da incubadora, mas tivemos que colocar novamente porque ela demonstrou um pouco de dificuldade para respirar, mas calma — ela diz quando meus olhos se arregalam e me desespero. — Calma, amiga! Ela está bem, agora ela está bem!

— Como assim dificuldade pra respirar? Flávia, por favor, me diz que minha filha esta bem? Por favor!

— Eu sabia que deveria ter dito apenas lá no berçário... — Flávia caminha até mim sentando na cama e pegando minhas mãos sinto lágrimas rolando por minhas bochechas. — Ela está bem, foi só durante a madrugada e desde então ela não demonstrou mais nenhum problema, Nat. Ela está bem, ela vai continuar evoluindo bem e quando menos imaginar, as duras irão pra casa.

— Tem certeza?

— Tenho toda a certeza!

Sorrimos, então ela levanta me ajudando a levantar, e devagar, bem devagar por conta dos pontos da cesariana, caminhamos até a cadeira de rodas e devagar me sento.

— Vamos ver a princesa Noemi!

— Vamos!

Flávia da a volta na cadeira e começa a empurrar a mesma e logo saímos do quarto indo em direção ao berçário.
Enquanto Flávia anda me empurrando na cadeira de rodas e fala como Noemi é linda, só consigo pensar ou melhor, me lembrar da minha filha Maria e da dor que senti quando acordei e recebi a notícia de que tinha perdido minha filha, de como tudo aconteceu tão rápido e tendo o trauma de uma dor tão avassaladora, é completamente impossível não sentir medo de mais uma vez acontecer isso e mais uma vez essa dor tão forte, avassaladora e destruidora tomar conta do meu ser.
Se algo acontecer a Noemi, eu não vou suportar, mais uma vez, perder um filho. Se algo acontecer a Noemi, eu nunca mais vou voltar a ser a Natasha de antes, e não vou conseguir seguir em frente.

"Cuide da minha filha  meu Deus, por favor!"

Peço a Deus em pensamento.
Logo chegamos no berçário, Flávia para a cadeira de frente para do vidro que dá para ver os bebês nos berços e 3 incubadoras com bebês dentro, respiro fundo e logo meus olhos encontram minha Noemi, dentro de uma incubadora, mexendo os pézinhos, uma enfermeira checa ela anotando seus sinais em seu prontuário, sorrio e Flávia pede para eu esperar um pouco.
Flávia entra no berçário e conversa com a enfermeira que está de plantão, logo ela volta e a enfermeira empurra a incubadora até o vidro e dessa forma consigo ver Noemi ainda mais pertinho de mim, mesmo que com um vidro nos separando.

— Filha...

— Ela não é linda?

— Sim, sim, ela é linda demais — digo entre risos e entre lágrimas.

— Veja como ela se parece com você, amiga!

— Sim... Flávia, minha filha vai sobreviver não vai?

— O que? Nat, amiga mas é claro que ela vai sobreviver — Flávia me abraça de lado encostando seu rosto no meu enquanto choro cheia de medo, medo da dor.

— Eu tô com muito medo, tô com muito medo, Flávia

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— Eu tô com muito medo, tô com muito medo, Flávia.

— Eu sei, eu sei...Mas olhe bem pra ela, veja como ela é linda e lutando para ficar cada vez mais bem. Sabe quem ela me lembra? Você. Durona — ela diz entre risos. — Exatamente como a mãe dela, durona.

Flávia beija minha testa e então levanta dizendo:

— É normal ter medo, mas eu não vou deixar você continuar tendo esse medo, tudo bem? Você vai ter esperanças e fé de que logo ela vai sair dessa incubadora e vai pra casa com você. Você vai ter fé de que sua filha é mais forte do que você imagina e ela vai crescer e crescer e se tornar uma mulher extraordinária e forte como a mãe. Você vai criar essa menina como criou o Noah e olhe como o Noah é um homem incrível e extraordinário! Então, a partir desse momento em que você olha para sua filha e vê como ela é linda, forte e lutadora, você vai renovar suas forças e vai ter esperanças e fé de que a Noemi vai evoluir cada vez mais. Estamos entendidas?

Balanço a cabeça assentindo, então olhando para Noemi sorrio ainda chorando e digo:

— Minha Noemi vai evoluir cada vez mais e eu vou criar ela para ser uma mulher extraordinária!

— Isso!!! Isso!!

— Minha filha vai ficar bem!

— Minha filha vai ficar bem!

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— Amor, você está em pé?

Gustavo pergunta assim que entra no quarto e me vê caminhando devagar até mi há cama, me viro sorrindo e selamos nossos lábios.

— Minha recuperação está seguindo normalmente. Logo vou poder ir para casa.

— Isso é ótimo!

Percebo que Gustavo está estranho, pensativo, com os olhos um pouco inchados e vermelhos, como se tivesse chorando, então me sento na cama devagar e pergunto:

— Aconteceu alguma coisa?

— Não, não...

— Gustavo, eu te conheço. E está na cara que aconteceu alguma coisa. O que houve, meu amor?

Gustavo respira fundo, então caminha até mim e senta na cama ao meu lado, no mesmo instante pego sua mão.

— Minha mãe está doente...

— Como assim doente?

— Minha mãe mãe com câncer de mama — a voz dele embarga, fecho meus olhos e posso sentir a dor dele, então acaricio sua mão na intenção de mostrar que estou ao lado dele, sempre. — Esta em estágio 4, bem avançado... O oncologista pediu quimioterapia, radio, alguns medicamentos, mas o tratamento não está funcionando.

— Vocês falaram com o oncologista?

— Eric falou, mas ele disse a mesma coisa que ela disse... nada está mais fazendo efeito. Estão tentando...

— Eu sinto muito, amor... Sinto muito por sua mãe. Vamos ter fé de que ela ficará bem, ela é forte e...

— Eu não acho que ela vai conseguir vencer isso, Nat — ele diz me interrompendo com a voz completamente embargada. — Ela está cansada, está na cara dela. Durante todos esses meses, ela foi a todas as consultas, nas quimios sozinha. Ela recebeu as notícias de que nada estava funcionando sozinha. E ela está cansada... Eu, eu não acho que ela vai conseguir...

— Não pensa assim, tudo bem? Hoje em dia a medicina está tão avançada. Podemos pesquisar experimentos e inscrever ela, amor...

Gustavo fica em silêncio, lágrimas rolam por suas bochechas e sei que meu amor está muito assustado, com medo e sem esperanças diante de tantas notícias ruins a respeito da saúde da sua mãe.
Então o abraço e quando ele está em meus braços, Gustavo desaba em lágrimas, chorando como uma criança, desesperada.

— Minha mãe...

— Eu sei, eu sei, amor... calma... shii... calma...

— Minha mãe...

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Até logo!

Onde Encontrar o Amor - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora