Capítulo 11

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Olivia

Dona Natasha me deu a chave da sua casa para que eu pudesse esperar por Noah, e assim que entrei, me sentei no sofá para esperar ele e saber como foi as coisas com sua mãe biológica.
Enquanto espero por ele, penso em minha e na luta que ela está tendo contra o câncer, pensando no que eu posso fazer para ajudar ela a passar por cada momento e conseguir sair dessa.
Ela é a minha avó, minha segunda mãe e eu a amo demais, mesmo com tudo o que aconteceu entre nós, ela continua sendo minha avó.
Por mais que não demonstrem, tio Gustavo e papai estão arrasados, conhecendo eles tão bem como eu conheço, sei que eles estão sofrendo, talvez muito mais que eu, já que ela é a mãe deles.

- Amor?

Levanto meu olhar e vejo Noah na porta me, sorrio levantando e caminhando até ele, então selamos nossos lábios.

- Você está bem?

- Sim - digo pegando sua mão e caminhamos até o sofá nos sentamos. - Eu sai do plantão há 1 hora, sua mãe me deu a chave para te esperar aqui.

- Flávia me procurou não é? Ela vai me matar...

- Ela te procurou bastante. Mas quando sua mãe contou o que tinha acontecido, ela disse que daria um jeito na sua falta. Talvez você tenha que cobrir 1 noite de plantão.

- Faço isso com alegria. Essa madrugada foi linda...

Sorrio.

- Minha mãe te contou sobre a carta?

- Contou... Está tudo bem? Conversou com sua mãe biológica?

- Sim - ele sorri fraco. - Conversar com ela foi a melhor coisa que eu fiz... Pude entender o que aconteceu. E saber que se dependesse dela eu estaria com ela, me conforta. Sempre pensei que tivesse sido abandonado pela minha própria mãe e por misericórdia de Deus, minha mãe me encontrou. Mas nao foi assim...

- Você já sabe os motivos que levou sua avó a fazer o que fez?

- Sim...

Noahh fica estranho de repente, franzo a testa acariciando sua mão.

- Me conta o que houve...?

- Minha avó morreu...

- Ela... A dona Eleonor morreu?

- Sim, ontem... Ela, ela escreveu a carta e faleceu... foi, foi a forma dela se, se despedir de mim, Olivia.

Percebo que Noah está segurando suas lágrimas, como se estivesse tentando ser forte, então acariciando seu ombro, digo:

- Você sabe que comigo pode chorar, não sabe? Posso ser seu porto seguro. Sua super heroína, lembra?

Noah balança a cabeça assentindo, então ele a abaixa e continuo acariciando seu ombro e segurando sua mão, então quando menos imagino ele começa a chorar, como uma criança desamparada, e no mesmo instante, o abraço o envolvendo em meus braços.

- Eu sinto muito! Eu sinto muito, meu amor...

- Não pude me despedir... não pude...

- Sinto muito, sinto muito...

- Aqui...

Entrego uma xícara de chá para Noah e me sento ao lado dele com uma xícara de chá também, bebemos um gole do chá e sorrimos juntos, en perfeita sintonia, então olho para ele checando sua expressão.

- É estranho...

- O que, amor?

- É que até algumas horas atrás eu odiava ela, odiava saber que eu tinha sido abandonado pela minha própria avó e que minha mãe não tinha feito absolutamente nada pra me recuperar. E agora, eu sinto amor... Mesmo sem conhecer minha mãe biológica direito, sem saber os gostos, as manias, mesmo sem saber quem é ela de verdade, eu consigo sentir amor por ela. E pela minha avó, eu sinto mágoa, mas também sinto amor. Isso não é estranho?

- Seus sentimentos ainda estão confusos, meu amor. Mas tenho certeza que em breve vai conseguir realinhar.

- Sim, você está certa, meu amor - ele me olha e abre um sorriso de lado, dizendo: - como sempre.

Beijo seu ombro, então bebemos mais um gole do nosso chá de camomila, ficamos em silêncio por alguns poucos minutos, até que Noah diz:

- Eu queria ter tido a chance de conversar com ela... de escutar a voz dela me contando o que aconteceu... de poder dizer: eu te perdoou, vó!

- Tive uma ideia...

Ele franze a testa.

- Nós tomamos um banho e vamos ao cemitério. Dizem que visitar o túmulo da pessoa ajuda, você pode dizer e tenho certeza que vai se sentir melhor.

- Tem certeza? Eu...

- Quando eu comecei a sentir falta da minha mãe, falta de ter um amor maternal comigo, eu decidi ir até o cemitério e conversar com ela. Eu disse tudo, a falta que ela me fazia, como eu imaginava que as coisas poderiam ter sido, fiquei por 1h conversando com ela... Quando sai de lá, toda a angústia que eu sentia passou. Eu ainda sinto falta de um carinho maternal, mas a angústia não sinto mais. E alem do mais, ela me mandou sua mãe.

Sorrimos juntos.

- Então vamos... Acho que você está certa, meu amor. Ir visitar ela no cemitério vai me ajudar a aceitar o que aconteceu. Sinto que ainda existe uma pendência com a dona Eleonor e eu so vou quitar ela quando formos até lá.

- Isso!

Sorrio, então beijo sua bochecha.
Noah e eu terminamos de tomar nosso chá e vamos tomar banho, juntos. Quando terminamos, me arrumo e ele faz o mesmo, entro na sala e caminho até a cozinha lavando as duas xícaras de chá que usamos, então sinto os braços de Noah me envolver me abraçando por trás, sorrio deitando em seu ombro.

- Você está um pouco estranha... Tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

- É a minha avó...

Seco minhas mãos no pano de prato e me viro para Noah, ele coloca um tufo so meu cabelo atrás da minha orelha atento a cada palavra que digo.

- O que aconteceu com a dona Solange?

- Minha avó está doente...

- Como? Como assim doente?

- Noah, minha avó tem câncer. Câncer de mama. Em estágio avançado.

Noah respira fundo me puxando para seus braços e me abraçando, fecho meus olhos tentando segurar minhas lágrimas. Quando nos afastamos, ele beija minha testa dizendo:

- Sua avó é forte, ela vai vencer essa doença, meu amor.

- Eu não acredito nisso...

- Olivia...

- Ela está tão cansada. Eu, eu consigo ver isso quando olho pra ela... Ela está cansada de lutar. E eu tenho medo, tenho medo desse cansaço levar ela...

Noah acaricia meu braço.

- Minha avó e eu passamos tanto tempo da nossa vida brigando. E agora, tudo que eu consigo pensar é em como as coisas poderiam ter sido diferentes. Se ela morrer, eu não sei se vou conseguir aguentar a dor...

- Não vamos pensar nisso, tudo bem? Vamos pensar positivo, vamos confiar que ela vai continuar lutando e vai vencer essa doença, tudo bem?

Balanço a cabeça assentindo.

- Você tem que dizer sim com confiança, meu amor! Sua avó precisa sentir sua confiança daqui, então eu vou dizer de novo, ok?

Sorrio.

- Vamos confiar que ela vai continuar lutando e vai vencer essa doença, tudo bem?

- Sim!! Sim!!

- Isso, isso, minha vida!

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Até logo!

Onde Encontrar o Amor - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora