Me evitando

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Eu tinha tomado uma decisão mais cedo e aparentemente o padre Oskar também tinha tomado a sua.
Passava da meia-noite quando me sentei no pátio sem conseguir dormir e minutos depois a porta de madeira foi aberta revelando o padre com uma calça esportiva cinza, a blusa pólo se grudava ao seu corpo revelando seus contornos e tinha uma mecha de cabelo que se grudava a testa.
Ele me olhou como se minha presença o causasse dor e passou direto por mim.

Era o certo a ser feito mas não deixava de me machucar.

Passei a noite toda rolando na cama e quando finalmente peguei no sono, a madre me acordou para ajudar a arrumar a bagunça do porão.

"Vamos, Maine, acorde. Temos muito o que fazer, já que o padre não pode fazer esforço."

A madre não devia me lembrar do padre enquanto eu ainda estava sonolenta. Imediatamente imaginei seus lábios nos meus como aconteceu a dias atrás. Só que minha imaginação foi além e suas mãos também entraram no meu vestido, não parando apenas nas minhas coxas como de fato ocorreu, mas além.

"Maine!"

"Hum" Não, não agora que estava ficando bom.

"Levante, menina preguiçosa."

Abrir os olhos, já de mau humor.

"O que tem de tão importante nesse porão que não pode esperar dar 8 horas?"

"Primeiro, são 10 horas, segundo, agora que vamos reformar a igreja com a ajuda das doações e do bazar, precisamos separar o que realmente precisamos e o que não precisamos."

"Hum. Já vou..." Coloquei a cabeça debaixo do travesseiro. "Só mais um pouquinho."

"De maneira nenhuma! Levantei que preciso de você juntamente com a irmã Loretta."

Droga.

Coloquei um shortinho jeans e uma blusa de babados florida e fui para o café da manhã, o mau humor me dava fome.

Entrei na cozinha e todas estavam animadas na mesa ouvindo o padre falar.

"...e quando ele se aproximou de mim, me farejando, um trovão explodiu no céu fazendo o animal sair correndo."

O Padre Oskar terminou a história assim que me sentei na mesa ouvindo só os sons de admiração e medo das irmãs.
Ele, que antes sorria, quando percebeu que eu me fazia presente, deixou o sorriso morrer.

"Bom, acho que já chega de aventuras por hoje, eu tenho que limpar o porão agora. Não é tão fascinante como minha visita a Bolívia mas com sorte encontrarei ratos."

Ele se levantou e percebi que ele estava com pressa.

"Padre, a madrinha disse que eu e a irmã Loretta iríamos limpar o porão."

"O senhor deve descansar padre, deixe isso comigo!" A irmã cara de limão fez cara de santa enquanto dizia isso com convicção.

"Desnecessário. Eu sou o responsável por trabalhos pesados aqui. Fiquem tranquilas que eu estou perfeitamente bem."

Eu tomava meu café com leite enquanto o olhava pra ver até quando ele olharia pra qualquer outro lugar, qualquer outra irmã daquele cômodo, qualquer pessoa que não fosse eu.

"Bom, padre, o senhor sabe melhor. Eu vou pegar a lista de caixas que devem ser preservadas. Maine vai te ajudar lá embaixo."

É claro que ela deixaria o trabalho pesado para mim. Loretta era a típica santa do pau oco.

"Não será preciso." Ele finalmente olhou pra mim. Durou meio segundo e então seus olhos azuis se distanciaram de mim.

Enfiei um pão de queijo na boca, me levantei da cadeira e o segui.

Padre NossoOnde histórias criam vida. Descubra agora