Epílogo

993 69 14
                                    

1 ano depois

Santa esperança entrava num inverno jamais visto, com chuvas esporádicas à noite e ventos gelados ao amanhecer. Maine tivera que sair do trabalho por conta da doença da madre superiora. Madre Fátima era teimosa e não aceitava cuidados, apenas Maine era mais teimosa que ela e era a única que a madre não podia lidar.

Otávio se mudou para Alemanha depois de ver que o irmão não desistiria da empresa. Oskar trabalhou intensamente por um ano, dando uma folga apenas quando recebeu um convite de casamento que lhe tirou algumas lágrimas.

"Senhor Antoni, a supervisora de campo informou que..."

"Agora não, Rosa. Aliás, cancele todos os meus compromissos dessa semana."

"Como!?"

"Rosa, Otávio finalmente entrou em contato."

Rosa não sabia se isso era bom ou ruim. Depois de quase sete meses sem sinal de vida, sem nem arrumar confusão pela presidente do irmão, Rosa e Oskar pensaram que ele nunca mais apareceria. Oskar não demonstrava mas estava profundamente magoado com isso. Eles ficavam anos sem contato mas ele sentiu que dessa vez era definitivo.

Que bom que estava enganado.

"Ele está mesmo na Alemanha, senhor?"

"Está. Compre uma passagem pra mim para Munique, para amanhã."

"O que!?"

"Meu irmão vai se casar."

Rosa sorriu vendo o enorme sorriso que seu chefe finalmente abrira. Ele só tinha sorrido desse jeito quando seu filho nasceu. E agora vira a mesma felicidade quando ele levantava o convite de casamento e o balançava mostrando a ela a prova.

"O senhor vai sozinho?"

"Sim. Emerson ainda não fez três meses e duvido que Maine viaje sem ele. Mas eu tenho que ir."

"Sim, o senhor tem." Rosa entendia o quanto aquele convite significava para ele e conhecendo Maine, sabia que ela também entenderia. "Vou comprar para amanhã o mais cedo possível. Quantos dias?"

"O casamento é no final de semana então devo ficar fora por seis dias. Cancele meus compromissos ou adie."

"Sim, senhor. E boa viagem."

Oskar chegou em casa e arrumou as malas enquanto informava a Maine sobre a viagem. Chamou para acompanha-lo mas como esperado, ela se recusou a levar um bebê tão pequeno para longas horas de viagem de avião. Mas ficou contente por ele. Ela tinha certeza que esse era o primeiro passo que Otávio dava em direção ao irmão e sabia que Oskar não podia perder essa chance. Ele teria o irmão de volta.
Ele saira na madrugada de quarta-feira e só retornara na noite de segunda pra terça com olhos cansados e uma alegria contagiosa.

"Amor?"

"Oh, você está acordada?"

Ela estava na sala de camisola de seda preta longa de alças e rosto sonolento.

"Como foi a viagem?"

Oskar se sentou de frente pra ela no sofá em L e disparou a falar com entusiasmo, contando de pequenos detalhes da festa, até de como seu irmão achou Emerson parecido com ela nas fotos, apesar de ter herdado os olhos azuis da família Antoni.

Maine estava com saudades mas deixou que ele falasse por quanto tempo quisesse. Ele havia esperado anos por aquele momento e deixaria que curtisse cada minuto.

"A Angeline é tão doce e devo a mudança de Otávio a ela. Os sogros de Otávio são um barato de tão engraçados, embora meu alemão seja fraco."

"Que maravilhoso."

"Anjo, ele teve que segurar as lágrimas quando viu o Emerson. E admito que quase o acompanhei. Falando nisso, nosso menino está dormindo?"

"Graças a Deus, sim. Está ficando difícil fazer ele dormir a noite."

"Ele é arisco como a mãe."

"E esperto como o pai. Assim que eu entro no quarto para dormir, ele acorda. É como se estivesse um sensor que diz quando eu estou indo pra cama."

"É por isso que está aqui?"

"Sim... Tirei um cochilo no sofá e ele não acordou."

Ele acariciou os cabelos de Maine com carinho.

"Devemos dormir aqui hoje?"

"Você deve estar cansado da viagem."

"Estou cansado mas você esta exausta. Vou tomar um banho e trazer travesseiros. Se Emerson acordar, deixe comigo."

"O que você vai fazer?"

"Ter uma conversa séria com ele. Direi pra deixar a mamãe descansar um pouco."

Maine sorriu e ele piscou pra ela antes de entrar pelo corredor que dava ao quarto.

Maine teve uma boa noite de sono nos braços de Oskar. Ela sentiu ele levantar quando um choro se fez ouvido pela casa mas logo o choro cessou e ele voltou para o seu lado e a abraçou, e ela se aconchegou em seu marido.

Os primeiros raios entravam pela janela da sala quando Maine sentiu uma onda elétrica atravessar seu ventre e subir em direção ao seu peito, fazendo seu coração martelar forte.
Antes mesmo de abrir os olhos, um gemido fraco saiu de sua boca juntamente com um suspiro. Maine sentiu duas mãos grandes e quentes agarrarem seus quadris enquanto ela sentiu uma umidade entre suas pernas.
Abrindo os olhos ela se deparou com duas órbitas azuis a encarando com fome. Fome dela.

"A-amor."

Maine ainda tinha a voz rouca mas todo o resto do seu corpo estava totalmente acordado.

"Bom dia, anjo."

E como provocação, Oskar lambeu todo o caminho da sua entrada até seu ponto sensível, a fazendo gritar. E então parou.

"Continuo?"

"Deus, sim!"

Enquanto Emerson dormia profundamente com um gatinho de pelúcia cinza, presenteado pela dona Elena, ao lado no berço, na sala seus pais ignoravam o frio que a manhã trazia e aqueciam a casa com amor, gemidos de prazer e o som do sofá sendo friccionado pelas costas nuas de Maine.

O nascer do sol naquela manhã estava mais alaranjado que o normal, talvez o sol estivesse envergonhado pela cena que presenciava numa janela de vidro de uma casa da cidade de Santa esperança, onde um padre havia conhecido uma jovem que lhe apresentou o mais sublime amor e agora ele era devotado a ela, como um servo fiel.

Padre NossoOnde histórias criam vida. Descubra agora