Capítulo 4

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Christopher

Sentir muito por minha mãe ficar doente não anulava minha responsabilidade.

Eu era o filho que administrava com perfeição os negócios da família, mas quando se tratava da minha vida pessoal enfiava meu juízo no rabo.

Na minha cabeça, enquanto estivesse triplicando nosso dinheiro, minha vida privada não dizia respeito a ninguém.

Sempre tentei ser discreto, mas qualquer deslize por menor que fosse sempre acabava com meu rosto estampado nas manchetes das colunas de fofoca.

Até agora nunca me importei com o que a mídia mostrava ou simplesmente inventava, mas depois de uma noite inteira de agonia com minha mãe no hospital minha mente passou a reavaliar minhas atitudes.

Eu precisava sossegar pelo bem estar dela e pela minha consciência pesada.

Observei enquanto o médico vinha na direção da sala em que meu pai, Josh, e eu estávamos sentados aguardando notícias.

- Como está minha esposa, dr? - As olheiras escuras sob os olhos do meu pai não escondiam a preocupação e a noite difícil que tivemos.

Não dormimos, não conversamos. Não houve sermão quando cheguei ontem, o que só me deixou ainda mais preocupado.

Meu pai sempre me fazia sentir um adolescente de dezessete anos, imaturo e irresponsável, o que eu odiava, quando me lembrava sem precisar das minhas responsabilidades, e do quanto tudo que envolve minha imagem afeta diretamente a imagem da empresa.

Eu sempre soube disso, só não sei quando parei de me importar e a arrogância por ser o melhor no que faço começou sobressair todo resto.

- A Sra. Victoria está bem, ainda sob o efeito do calmante. - Soltei uma respiração aliviada. - Sua pressão arterial estava muito acima do normal quando deu entrada ontem a noite. - O Dr. Michael informou, direcionando a última frase para mim e senti o peso na boca do estômago. - Desde então estamos monitorando, assim que acordar poderá ir para casa. Recomendo que seja feito repouso e peço que evitem que ela passe por momentos de estresse. - Completou.

- Obrigado Dr! - Foi tudo que consegui dizer antes que ele nos deixasse. - Pai, eu...

- Não é um bom momento para conversar Christopher, melhor você ir para casa. - Meu pai me interrompeu com uma dispensa.

- Tudo bem, passo mais tarde para vê-la. - Um aceno de cabeça foi tudo que recebi antes de me levantar para sair.

- Desejo melhoras a tia Vic! - Josh deu um abraço de lado no Sr. Benjamim e se juntou a mim.

Saímos em silêncio até entrarmos no elevador.

- Sua mãe vai ficar bem cara! A tia Vic é uma mulher forte.

- Eu sei que vai, o que me mata é saber que fui eu quem causei tudo isso, ainda que não intencionalmente.

Passei uma mão por meus cabelos tentando afastar a frustração da situação.

- Nem preciso dizer que você precisa pensar no estado de saúde dela agora, né? - Fuzilei meu amigo enquanto o encarava de onde estava no elevador.

- Preciso lembrá-lo que é da minha mãe que estamos falando? É claro que sei, só não consigo pensar em como não ser mais uma vez o motivo do seu estresse.

- Você vai descobrir um jeito meu amigo. - Disse Josh colocando uma mão no meu ombro.

Me despedi do meu melhor amigo e fui em direção ao estacionamento, não via a hora de chegar em casa e me jogar na cama, esquecer o dia e a madrugada que tive.

Só havia uma coisa que duvidava muito que conseguiria esquecer.

💕

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