Minha Vida

Capítulo 9

Christopher

Andei a passos largos pelo corredor em direção ao meu escritório, Anne ainda devia estar no banheiro, já que não havia sinal dela.

Coloquei a mão na maçaneta da porta que estava entreaberta quando ouvi o som abafado de choro.

Não tinha a intenção de ouvir a conversa delas, porém, precisava saber o que estava errado.

Pude ver Anne sentada no sofá preto de couro de três lugares, com uma maletinha de primeiros socorros aberta sobre a mesinha de centro de vidro e a garota chorava em seus braços com o rosto no seu pescoço enquanto falava.

- Minha mãe... partiu deixando muitos dívidas Anne, não sabia que seu salário não estava sendo suficiente para arcar com as despesas, - Ela soluçava ao falar. - E nem posso ficar com raiva dela porque se sacrificou tanto para que eu pudesse estudar e me formar. Minha opção foi trabalhar na cafeteria até encontrar algo na minha área, o salário me ajuda a quitar todo mês um pouco das dívidas, mas ainda assim..., são meses de aluguel atrasados, crédito estudantil... - Falou secando o rosto.

Era errado ficar ouvindo, mas fiquei paralisado, talvez a dor na sua voz daquela garota.

- Nos primeiros dias - continuou - foi tranquilo, trabalhar lá me ajudou a distrair minha cabeça do luto, as coisas mudaram depois que Elliot voltou da Europa. No início ele aparecia poucas vezes, vinha com algumas cantadas bobas que eu desconsiderava, com toques sutis, convites para sair, mas nunca aceitei. Aos poucos ele passou a frequentar mais a cafeteria, a ficar mais... atrevido, seus toques ficaram mais ousados.

- Ah querida! - Anne a abraçava passando a mão em seus cabelos.

Bile subiu na minha garganta ao ouvi-la, fechei minhas mãos em punhos para não socar a parede com raiva.

Tudo bem que não gostava dela, isso não significava que deveria ser tratada com desrespeito.

Ela contou como o tal Elliot agiu no dia do acidente e de ter achado que estava sendo seguida, me fazendo entender porque correu daquele jeito pra rua.

Achava que a conversa não poderia piorar mas estava errado.

- Na última quinta... apareceu no fim do expediente, eu já estava saindo mas ele me encurralou não porta, disse que... que o recusava de propósito, que ... eu sabia que isso o deixava louco, que eu... - ela respirou fundo antes de dizer - que eu o deixava excitado com minhas roupas coladas.

Porra!

Que porra!

Minha raiva foi aumentando a cada coisa que contava.

- Ele disse que eu tinha como opção namorar com ele ou, só dormir com ele se não quisesse um relacionamento, isso em troca do meu emprego e dele pagar minhas dívidas, mas que transaria comigo de qualquer jeito.

Puta que pariu!

Não podia acreditar no que estava ouvindo, em como ainda existem homens que se forçam desse jeito para uma mulher.

Eu odiava esse tipo.

O que a amiga de Anne estava passando era algo que não desejava para nenhuma mulher.

Posso não ser o cara que se envolve afetivamente com as mulheres com quem transo, mas não significa que as trate como objetos, sempre deixo claro minhas intenções, elas sabem exatamente o que ofereço quando me procuram.

Fiquei parado observando as duas, de repente senti pena da morena nos braços de Anne, o que me fez entrar na sala.

💕