Capítulo 2

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Christopher Hale

Talvez não devesse ter saído de casa hoje para trabalhar, ou talvez não devesse ter saído da empresa dirigindo quando tive um dia de merda.

Talvez simplesmente deveria ter chamado meu motorista, ao invés de deixar o prédio da empresa Hale puto com a imprensa que vive cuidando da minha vida e falando ao mesmo tempo no telefone com meu advogado.

- Achei que te pagava para cuidar dos meus negócios Josh! Não para ser minha babá! - Falei irritado com meu melhor amigo e advogado enquanto seguia para um jantar de negócios.

- Chris, não estamos mais na faculdade, não dá pra sair com duas mulheres e achar que não vão se aproveitar para terem cinco minutos de fama com o maior empresário do país, e acho que seus pais não precisam ver sua bunda estampada por todos os sites de fofoca, você deveria pensar um pouco mais neles. - Minha paciência estava por um fio com toda essa merda de exposição.

Evitei pelos menos vinte ligações dos meus pais durante o dia porque já sabia tudo que ia ouvir, e agora estava tomando esporro do meu melhor amigo.

- Só tente minimizar as coisas, tá legal? Eu... - Não terminei minha frase, pisei até o fundo no freio, e mesmo estando devagar o carro derrapou devido à chuva que caia.

O dia de merda tinha acabado de virar um dia infernal, e se eu tivesse feito pelo menos uma das coisas que pensei que deveria fazer, talvez não tivesse acabado de atropelar algum retardado atravessando a rua correndo com o sinal fechado para pedestres.

- Caralho! - Foi tudo que saiu da minha boca ao deixar o carro para socorrer quem quer que seja a pessoa idiota em quem bati.

A chuva que caía fina aumentou consideravelmente, me abaixei ao lado da moça que já estava se sentando e verifiquei seus ferimentos.

As mãos pequenas estavam esfoladas e começavam a sangrar um pouco, fora isso, não dava para saber se tinha algo quebrado ou não.

- Eu morri? - Perguntou em um tom de voz baixo. - Teria rido da expressão de choque em seu rosto ao me olhar se não estivesse tão puto.

A chuva escorria por seus cabelos pretos e ensopava suas roupas assim como as minhas.

- Não, você não morreu moça, só me diga que é cega. - Voltei meus olhos para a mulher que me encarava desde que me abaixei ao seu lado.

Olhos assustados cor de esmeralda me fitaram intensamente antes de desviar e olhar para a rua, precisamente para a calçada da qual presumi ter acabado de sair correndo, segui seu olhar vendo-a vazia.

- Não sou cega. - Disse baixinho quase num sussurro.

- Estava rezando para que me dissesse que era. - Ela me encarou com o cenho franzido sem entender. - Já que não é cega, é apenas estúpida o bastante para correr em direção ao trânsito em movimento.

- Sinto muito. - Disse antes de tentar se levantar.

- Deveria sentir mesmo! Agora entre no carro, vou levá-la ao hospital. - Exigi me aproximando para ajudá-la a ficar de pé, vendo-a se afastar do meu toque.

- Não é necessário, estou bem. - Ela se abaixou com um pouco de dificuldade e pegou a bolsa do chão.

- Olha moça é melhor você entrar na porcaria do carro antes que eu seja reconhecido e vá parar mais uma vez nos tabloides por atropelar alguém e sair sem dar assistência, mas principalmente - Falei irritado caminhando na sua direção - antes que eu perca o resto da porra da minha paciência!

Um semblante de pura fúria tomou conta do seu rosto.

- E quem você pensa que é para mandar em mim? Eu não vou entrar na porcaria do seu carro, - Falou pausadamente - E eu tô me lixando para sua paciência, então, você pode entrar na porcaria - Ela frisou bem a palavra - do seu carro e me deixar em paz!

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