Capítulo 29

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Christopher

O silêncio da mulher que divide o quarto comigo havia me deixado mais mal humorado do que gostaria durante os últimos dias.

Sendo sincero, nem eu mesmo sabia o motivo de estar agindo de tal forma.

Linda ficou puta por causa da forma como agi ao encontrá-la com Josh, e principalmente pela venda de milhões que perdi.

Ainda fui idiota o bastante para viajar sem sequer me sentar e conversar com ela.

Deitado no quarto do hotel depois de um dia cheio de trabalho, repassei os dias desde que me casei e sobre como meu comportamento mudou.

Andava ansioso pra caralho.

Boa parte dos sentimentos contraditórios envolvem a mulher que dorme no sofá do meu quarto.

Uma hora queria protegê-la, em outra, suas atitudes me irritavam até eu perder o rumo.

Passei duas noites sem dormir direito. Pensando...

Por que aceitei essa farsa, se tinham outras formas de ajudá-la?

Por que sua presença me levava do céu ao inferno em questão de segundos?

Por que não conseguia parar de pensar nela?

Odiei ter que ficar o fim de semana todo fora de casa, dormindo num quarto de hotel, sozinho...

Sem o ressonar baixinho do sono profundo ou o perfume cítrico que sempre invade o quarto depois do seu banho.

Sem contar que tomei um esporro da minha mãe ao telefone enquanto pegava o jatinho.

De acordo com dona Victória, não se deixa a mulher com quem acabou de se casar sozinha, e acrescentou que eu estava dando mole.

Voei para casa com uma ansiedade que desconhecia. Só para não encontrá-la em canto nenhum.

Foi James que me informou que saíram , porém, não disse onde foram e nem o que foram fazer.

Esperei, e acabei agindo da forma que me policiei para não agir. Discutindo e ignorando.

Idiota.

Eu era um completo idiota.

Mas naquela noite dormi um sono profundo.

******

Linda

Me arrumei colocando um vestido preto abaixo dos joelhos, sem recortes na frente ou atrás, para mais uma segunda.

Desci para tomar café e aguardei Christopher.

Minhas mãos ansiosas e inquietas em cima da mesa hora mexiam no celular, hora passavam no tecido liso que cobria a mesa da sala de jantar.

Brigitte saiu da cozinha, olhou para mim e depois para a cadeira vazia e não deu bom dia.

A mulher nem se esforçava para demonstrar que não ia com minha cara, só cumprimentava quando o chefe estava por perto.

A cozinheira voltou a passos lentos com o café que sempre tomo, então tudo aconteceu muito rápido.

A xícara virou derramando em meu pulso e o ardor da queimadura me fez automaticamente bater a mão mais próxima na porcelana levando-a ao chão.

Em questão de segundos Christopher surgiu ao meu lado, todo arrumado para o trabalho, pegando um guardanapo e secando o local onde o café havia caído.

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