Capítulo 112

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Christopher

Duas horas se passaram desde que estava no hospital.

Deixei Linda dormindo para voltar para a sala e procurar por notícias de Anne.

- Nada ainda? - Perguntei ao entrar.

- Não. - Minha mãe chorava baixinho no ombro do meu pai com um terço nas mãos. Elas eram amigas de longa data, desde que me conheço por gente. - Linda e meu neto?

- Estão bem. Ela... teve um princípio de aborto. - Pude ver o medo no rosto deles. - Já foi medicada, precisará de muito repouso.

Passei a mão em meus cabelos caminhando até a janela, tentando acalmar minha mente de tudo que acabara de acontecer.

- Chris, preciso voltar para a delegacia, me ligue se precisar de qualquer coisa. - Oliver terminou de falar quando um médico entrou na sala. - Nick? - O capitão se aproximou e apertou a mão dele com um leve sorriso. - Não sabia que estava de plantão hoje.

- Ollie. - Sua expressão era cautelosa ao cumprimentar, em seguida correu os olhos por toda sala. - São parentes da senhora Anne Samantha Mayes?

- Somos sua família. - Respondi e ele me olhou tão sério quanto tinha entrado.

- Como ela está, Nick? - Oliver se adiantou ao questionar.

- A cirurgia já terminou? Ela está bem, não está?! - Dei passos ansiosos em sua direção.

- A senhora Anne teve uma perda significativa de sangue, a bala estava alojada em um órgão vital... - O médico continuou nos enchendo de informações, de termos técnicos, porém, só consegui registrar o final. - Sinto muito, mas ela não resistiu.

Não.

Não.

Não.

Não pode ser.

Não minha Anne, não minha velha ranzinza que eu tanto amo.

Meu coração deve ter parado junto com o que tanto amo e já não batia mais de acordo com o homem de rosto inexpressivo parado à nossa frente.

Uma dor insuportável me atingiu bem no meio do peito.

O choro invadiu a sala.

Podia ouvir, mas foi como se estivesse em outro lugar.

Então quando a verdade do que acabara de acontecer me puxou de volta esmurrei a parede várias e várias vezes.

Até Gianne vir, me segurar.

- Sinto muito. - Me abraçou.

Chorei.

Apenas chorei, amaldiçoando Deus por tirá-la de mim.

Ficamos pelo menos vinte minutos sem falar nada, apenas sentindo a dor da perda.

Quando meu choro cessou, limpei meu rosto.

Apenas um pensamento veio à minha cabeça.

Como vou contar a Linda que perdemos Anne?

Depois de tudo que passou, como poderia dar essa notícia a ela?

Fui esmagado por mil e uma perguntas.

Por que Anne?

Por que uma pessoa tão boa, tão amada?

Enquanto minha mente era invadida por tantos pensamentos e nenhum ao mesmo tempo, observei do sofá o médico conversando baixinho com Oliver, que mesmo conhecendo Anne há pouco tempo, sentiu por todos nós sua perda.

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