Capítulo 34

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Linda

O homem por quem acho que estou me apaixonando quer ser meu amigo.

Amigo.

Meu peito ficou apertado diante dessa perspectiva, mas o que eu poderia fazer, a não ser aceitar?

- Você está certo, melhor fazermos isso como amigos. - Estendi minha mão que havia tirado da dele e ofereci vendo seu semblante sério. - Amigos?

- De hoje em diante quero me tornar seu melhor amigo. - Falou. Um tempo depois sorriu, um sorriso largo com todos os perfeitos dentes brancos aparecendo, o primeiro sorriso que me deu desde que nos conhecemos e eu sorri de volta. - Melhor a gente ir, ou daqui a pouco dona Vic vai começar a ligar.

- Ela faria isso mesmo, não faria? - Sorrimos mais uma vez um para o outro e senti que a partir dali tudo seria mais calmo.

Caminhei de braços dados com Christopher até o carro, assim que entramos, James deu partida e saímos rumo à mansão Hale.

Tentei me segurar, mas tive que fazer a pergunta que me incomodava desde a noite anterior.

- Agora que somos amigos, - Falei baixinho. - posso perguntar onde esteve ontem a noite? Esperei por você até mais tarde, mas acabei indo dormir quando demorou mais que o normal. - Finalizei receosa que não me respondesse.

- Você pode perguntar qualquer coisa. - Sua boca subiu levemente. - E o que quer que tenha passado por essa cabecinha, não foi o que aconteceu. - Finalizou sorrindo mais largo e franzi a testa para ele. - Vai me dizer que não pensou que eu estava com outra pessoa? - Christopher arqueou uma sobrancelha para mim.

- Como você...?

- Intuição masculina.

- Alguém está se achando demais. - Dei um leve empurrão em seu ombro.

Dessa vez ele não apenas sorriu como deu uma gargalhada. Uma gargalhada que fez com que eu abrisse o maior sorriso do mundo.

E o som foi como música para meus ouvidos.

- Estou mentindo? Vai me dizer que não pensou isso?

- Em minha defesa, você ficou todo estranho depois do que aconteceu na sala do café. - Lembrei a ele do episódio onde acabamos revelando que somos casados.

- Eu fiquei no escritório até mais tarde. - Confessou - Em parte por causa do que aconteceu sim, mas eu estava com a cabeça cheia.

Ele não entrou em detalhes mas pelo menos me tranquilizou. Podia admitir para mim mesma que estava com ciúmes.

Aproveitamos o tempo no carro para conversar sobre meu trabalho, ele queria saber do meu progresso e contei mesmo sabendo que Anne com certeza o informava sobre tudo. Isso ajudou a distrair minha cabeça do que nos aguardava.

Estranhamente a notícia do nosso casamento ainda não estava estampada em todos os lugares. A demissão de Peter deve ter tido algum efeito na língua dos funcionários.

Vinte minutos depois passamos pelos portões da mansão.

- Pronta para ser apresentada como minha esposa? - Perguntou enquanto me dava a mão para sair do carro.

- Espero que sim. - Sorri.

- Essa noite vamos precisar... ter mais contato físico. Tudo bem? - Indagou e afirmei com a cabeça antes de entrarmos.

Toda a recepção foi montada no gramado de fora da casa. Luzes enfeitavam o jardim, mesas foram postas com riqueza em detalhes e um pequeno palco foi montado para o leilão.

Fomos recebidos por Benjamin e Victória, ambos vestidos formalmente elegantes.
Conversamos brevemente com eles.

Christopher havia me dito que mais cedo enviou flores para a mãe pelas bodas, e isso só confirmou o quanto ele era atencioso.

Algumas pessoas circulavam pelo local e fui conduzida para cumprimentá-las.
Em nenhum momento Christopher se afastou, sua mão nunca deixava minha cintura ou a base da minha lombar, o que me trazia verdadeiro conforto.

Josh chegou meia hora depois, vindo diretamente até nós, vestido em um terno grafite, o loiro estava extremamente bonito, mas sua beleza jamais seria comparada à de Christopher. Ou talvez era eu quem não conseguia olhar para nenhum outro.

Josh me examinou da cabeça aos pés admirado.

- Devo preparar seu habeas corpus, Chris? - Brincou com o amigo ainda com o olhar fixo em mim. Franzi a testa para ele, assim como o homem ao meu lado. - até o fim dessa festa, tenho certeza que terá agredido alguém por não conseguirem desviar o olhar da mulher mais linda dessa noite.

Christopher apenas encarou o amigo, mas pude sentir seu corpo retesar com o desconforto da sua fala.

Josh foi até ele e apertou seu ombro, em seguida me abraçou e beijou minha bochecha.

- Tenho certeza que meu marido é civilizado o bastante para não agredir ninguém, Josh. - Christopher relaxou visivelmente ao me ouvir, se por defendê-lo, ou por chamá-lo de meu marido, não soube dizer, mas  isso me rendeu um olhar satisfeito e um sorriso bonito.

- Eu não teria tanta certeza. - Josh zombou.

- Bom, então ainda bem que além de meu melhor amigo você é meu advogado. - Entrou na brincadeira sorrindo de lado.

Deus, eu estava gostando demais daquela versão sorridente dele, o fazia parecer mais leve, como se não carregasse o peso do mundo nas costas, isso o deixava ainda mais lindo.

Conversamos banalidades por um bom tempo, só fiquei triste por receber uma mensagem de Anne dizendo que não poderia vir por estar resfriada.

Victória tinha vindo alguns minutos antes com uma outra senhora, perguntando se aceitaria ajudar no leilão, por ajudar, ela quis dizer aceitar ser leiloada, minha cia é claro, não eu. Teria apenas que jantar ou almoçar com quem desse o lance mais alto.

Ela nem tinha terminado de falar antes que seu filho respondesse:

- Não. De jeito nenhum mãe. - Seu aperto ficou mais firme na minha cintura. Esses pequenos contatos enviavam informações para todo meu corpo. Ter Christopher ao meu lado me acalmava. - Arrume outra pessoa, uma solteira. Não vou permitir que outro homem saia com minha esposa. - Resmungou recebendo uma resposta que era muito a cara da sua mãe.

- Ah querido, ainda bem que você tem muito dinheiro para não permitir que outro dê um lance maior, não é? - Sorri e aceitei porque não sabia falar não para Victória, porque era a única forma que eu tinha de ajudar a caridade e apenas pelo fato de pensar que Christopher pudesse sentir um pouco de ciúmes.

Várias pessoas vieram cumprimentá-lo e ficaram imensamente surpresas em saber que tinha se casado. A aliança, que agora estava em seu dedo, assim como meu anel de esmeralda e brilhantes, não os deixava desacreditar.

Uma hora de festa havia se passado, e depois de duas taças de uma bebida de frutas precisei entrar na casa para ir ao banheiro.

Pronta para voltar para a recepção fui chamada.

A voz arrepiou todos os pelos do meu braço, e não de um jeito bom.

De costas para o dono da voz, paralisei.

Meu corpo não respondia as informações enviadas pelo meu cérebro, para sair correndo dali e ir de encontro a Christopher.

Então consegui me virar.

E ele não estava mais no corredor, de onde eu tinha acabado de sair, e sim parado diante dos meus olhos.

💕

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