Capítulo 33

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Linda

Christopher Hale, meu marido.

Era de se esperar que nenhuma daquelas pessoas na sala de café acreditariam em mim, e tudo bem, eu poderia sair de lá de cabeça erguida como uma mentirosa, mas mais uma vez ele veio ao meu socorro.

Ele me defendeu.

Agora, de volta na minha mesa ao lado da de Anne, após contar o ocorrido, olhava para o anel no meu dedo e repassava a cena na minha cabeça.

De tudo que Christopher havia dito, o jeito que ele me olhou, como se fosse verdade, como se fôssemos de verdade.

Ah merda...

Que porcaria é essa?

Por que meu coração está tão acelerado?

Esperei que fosse querer conversar sobre aquilo, mas tudo que o fez foi sair do elevador feito um tiro sem olhar para trás.

Talvez eu tenha culpa, por Josh contar o que confidenciei a ele, por isso decidi que evitaria falar do meu casamento, por mais que veja Joshua como um amigo.

Christopher voltou meia hora depois e não saiu o resto do dia de sua sala, quando cheguei ao fim do meu expediente sem sinal dele, peguei minhas coisas e fui para casa, esperei até às onze e meia.

Fui dormir com o coração apertado, um receio grande se apossou de mim, não queria imaginá-lo nos braços de outra pessoa.

Menos de dois meses era pouco tempo para se apaixonar por alguém, mas o coração, este não trabalha com o tempo medido em horas, dias, meses ou anos.

Ele trabalha com a forma como a pessoa te faz sentir, como te faz querer estar perto a todo instante, em como seu corpo se arrepia ao sentir seu cheiro ou ouvir sua voz. Trabalha com vontade de proteger e cuidar.

Christopher Hale do seu jeito mal humorado e estranho fazia exatamente isso, não que eu vá admitir.

Estamos em um casamento falso, ele prometeu me ajudar e é isso que está fazendo.

******

Aproveitei a manhã do sábado para cuidar de mim, do meu cabelo e minhas unhas, gostava de fazer as coisas eu mesma, e era uma noite importante, tinha que estar apresentável.

Durante todo o dia tentei acalmar minha ansiedade de estar em minha primeira aparição pública com Christopher.

Pessoas importantes nos negócios da família estariam presentes, e o que achei que fosse apenas uma festa para poucas pessoas, se transformou em algo maior.

Os pais de Christopher haviam decidido fazer um leilão e arrecadar fundos para orfanatos, ajudar os mais necessitados era a forma deles agradecerem à Deus todas as bençãos que receberam até o momento.

Na semana anterior Victória me levou para comprar um vestido de festa, seria o primeiro que usaria.

Escolhi um vestido preto de mangas até os punhos, com corpete colado e decote em v, a saia possuía um rodado fluido abrindo uma fenda um palmo abaixo do início da minha coxa direita.

De início queria um todo fechado, mas a mãe de Christopher insistiu que eu era uma mulher linda e não havia motivos para não ousar e vestir algo sexy para mim, e para meu marido.

Marido esse que não via desde o episódio do elevador, mas que agora estava parado no hall de entrada da casa, com um copo de whisky na mão, enquanto eu descia as escadas.

Os olhos de Christopher percorreram todo o meu corpo lentamente.

Senti o poder do seu olhar ao examinar cada detalhe, do meu cabelo solto com cachos, a pouca maquiagem no meu rosto - apenas rímel, delineador e um batom vermelho escuro - minhas unhas da mesma cor, até chegar em meus pés no scarpin preto.

A fenda mostrava minha perna à medida que descia degrau por degrau.

Seu olhar se prendeu em mim assim como o meu a ele, sem que pudesse desviar.

Lindo.

Como ele conseguiu ficar ainda mais lindo?

No último degrau, o homem todo de preto e mais bonito que já conheci, se aproximou me estendendo a mão e dei um pequeno sorriso.

- Não acho que... - Meu sorriso morreu aos poucos.

Soltei sua mão e olhei para baixo, para o vestido.

- Você não gostou? É a fenda, o decote? - Comecei a falar atônita me olhando. - Eu posso trocar se for o caso, sei que essa festa é importante para seus pais e para você, tenho outro mais fechado que posso vestir, se você me der uns minutinhos eu...

- Por Deus! - Ele me interrompeu sorrindo. - Será que você pode se acalmar? - Franzi a testa sem entender. - Eu ia dizer que não acho que tenho palavras pra descrever o quanto você está... linda. - Um sorriso se abriu nos meus lábios. - É sua a escolha do que vestir, jamais a faria trocar, mesmo que fosse seu marido de verdade.

A última frase doeu, mas permaneci encarando seus olhos azuis intensos enquanto o ouvia.

- Contudo, se eu fosse seu marido de verdade, - Continuou segurando minha mão. - estaria nada mais que feliz em saber que seria o homem mais invejado dessa noite. - Sorri apesar do se.

Mas você não é.

- Antes de irmos, podemos conversar? - Estranhei sua pergunta, mas assenti.

- Claro, mas se está com medo que estrague tudo essa noite, juro que vou me esforçar para fazer tudo certo, você tem feito tanto por mim, é a primeira vez que vou fazer algo por você.

- Linda, se acalme.

A forma como falava comigo naquele momento era diferente, parecia mais tranquilo, mais do que algum dia já vi nesses dois meses.

- Nada vai dar errado. - Continuou. - Era isso que queria conversar, essa noite mais que nunca precisamos fingir que... que - Christopher meio que engoliu seco. - nós nos amamos. Não vamos conseguir fazer isso se continuarmos sendo estranhos um para o outro, então... eu andei pensando... queria que tentássemos ser amigos. Se vamos levar essa farsa adiante, quero que pelo menos sejamos amigos, isso vai tornar as coisas mais fáceis para nós dois.

Finalizou enquanto eu registrava o que acabara de dizer.

Amigos. Ele quer que sejamos amigos.

Ele quer ser meu amigo.

Apenas amigo.

💕

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