Capítulo 76

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Linda

Dizem que quando a esmola é demais o santo desconfia.

Nossa manhã tranquila, cheia de toques a cada vez que Chris passava por minha mesa e trocas de mensagens com conteúdo sexual, algumas vezes até mesmo constrangedoras que me deixavam com as bochechas vermelhas e outras partes do meu corpo pegando fogo, foi interrompida pela única pessoa que não desejava ver tão cedo ou melhor, não desejava ver nunca mais.

- Lindeza! - Exclamou se colocando no meu caminho para voltar à minha mesa.

- Pode me dar licença? - Tentei dar um passo à frente sendo impedida.

- Você está cada dia mais maravilhosa. - Me mediu dos pés à cabeça.

- Tá aí uma coisa que nunca pensei que fosse acontecer. - A voz de Chris chegou junto com seu braço ao redor da minha cintura me tranquilizando, e o sorriso de Elliot se transformou em uma carranca. - Concordar com algo que sai da sua boca, mas nesse caso você tem toda a razão. Minha esposa está cada dia mais maravilhosa. - Sorri para ele.

- Pensei que fosse mais inteligente, Linda.

- Ah, eu sou - Exclamei sorrindo abertamente.

Quem via de longe poderia pensar que éramos velhos conhecidos conversando.

- Me diga, - Elliot cruzou os braços com o olhar fixo no meu, sempre conversava olhando apenas para mim. - O que Christopher fez para que se casasse com ele? Pagou a você? - Ele arqueou uma sobrancelha em minha direção.

- Cuidado, Elliot. - Chris avisou.

- É sobre isso? - Continuou - Quanto que ele está te pagando? Talvez eu possa oferecer mais. - Apenas meu corpo na frente do de Chris o impediu de avançar.

Me virei para ele que estava vermelho de raiva pronto para brigar, e eu deixaria, há muito que Elliot Grayson merecia engolir suas palavras sujas. Mas estávamos em um restaurante cheio, e uma confusão nada de bom faria para sua imagem.

- Não vale a pena. É o que ele quer, é sempre o que ele quer, te provocar. - Afirmei e meu alívio foi maior quando um rosto conhecido apareceu no meu campo de visão.

- Se insultar minha esposa outra vez, vou te processar.

- Não tenho medo de ameaças, Christopher. - Sorriu zombando.

- Deveria. - Os dois olharam para o homem que se aproximou com as mãos no bolso da calça social. - O Sr Hale realmente pode processá-lo por difamação.

- Capitão Harding, não tem coisas mais importantes do que se meter em conversa particular? Tipo... prender bandidos ao invés de estar atrás de inocentes?

- É melhor você ir, Sr. Grayson. - Oliver cruzou os braços com expressão fechada na direção de Elliot, que por sua vez observou atentamente o policial e em seguida recuou.

- Certo. Te vejo por aí, lindeza. - Sorriu, desta vez de forma ainda mais debochada para meu marido, me obrigando a segurá-lo firme para não brigar.

- Um dia, Oliver, pode ser que me prenda por agredir ou matar esse desgraçado. - Bufou puto de raiva passando a mão nos cabelos.

- Espero prendê-lo antes de chegarmos a isso.

Sorri para ele, que retribuiu.

- Estava aqui no restaurante? - Perguntei.

- Acabei de chegar, meus tios são os donos.

- É meu restaurante favorito e nunca te vi por aqui. - Chris me abraçou pela cintura, ligeiramente mais calmo.

- Venho bem pouco, quando assumi o cargo no departamento de polícia tudo estava um caos, estive trabalhando bastante.

- Obrigada pela ajuda, Oliver. - Disse estendendo a mão.

- Estou às ordens, Sra... - Arqueei uma sobrancelha para ele. - Linda. - Suas bochechas coraram e eu sorri.

O jeito tímido dele era muito fofo.

- Vai se acostumar. - Chris falou estendendo a mão para ele. - Obrigado.

- Sem problemas, Sr Hale.

- Christopher. Já passamos disso.

- Ok, Christopher.

Nos despedimos de Oliver e voltamos para a empresa.

Chris tinha muito trabalho acumulado depois de fechar parceria com uma grande empresa de tecnologia e segurança, onde eles tinham as ferramentas e meu marido, desenvolvimento avançado na área em questão.

Sua rotina passou a ficar sobrecarregada nos últimos dois dias, chegando em casa indo para o banho, seguindo para o escritório, do escritório para a cama, e só comia quando lembrava ou quando eu levava até ele.

Sequer via a que horas ia para a cama, contudo, não reclamava, não queria parecer carente.

Na quarta acordei encontrando um bilhete na mesinha ao meu lado.

Bilhete.

Dá pra acreditar?

Christopher lidava com tanta tecnologia o tempo todo, mas preferia deixar bilhetes em algumas ocasiões.

Eu achava extremamente fofo.

Irei mais tarde para a empresa, vim para a cama às cinco.
Estou morto de sono.

Já disse que fica ainda mais linda quando está dormindo?
Não?
Bom dia, minha vida.
Te vejo daqui a pouco.

Ps: Não vá a lugar algum sem segurança.

Balancei a cabeça sorrindo e me debrucei para beijar sua testa de leve.

- Amo o jeito que me trata. - Sussurrei baixinho para não acordá-lo.

Amor.

Era isso, não era?

Não estava apenas apaixonada por Christopher.

Eu já o amava.

💕

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