Linda Parker
Talvez eu tenha orado pouco quando era criança, ou talvez a vida tenha visto com desgosto os poucos momentos de rebeldia que tive quando era adolescente.
E por rebeldia, considere os míseros minutos em que me atrasava chegando da faculdade, as portas do meu quarto algumas vezes batida quando algo não me agradava, e todos os xingamentos ao homem que me deu a vida, todos em pensamento, claro.
Minha mãe já tinha uma vida muito difícil nos sustentando sozinha e tentando pagar todas as dívidas deixadas por um viciado em jogos depois que meu pai partiu, não precisava de uma filha rebelde e que desse mais trabalho do que o que ela já tinha na cafeteria dos Graysons.
E se estão me perguntando se aquele que deveria ser um bom pai e cuidar das necessidades mais básicas da nossa família partiu dessa para melhor, ou para pior, depende do ponto de vista, não, ele apenas se viu envolvido com pessoas que não tem a mesma paciência que àqueles que deveriam receber os pagamentos atrasados do aluguel do nosso apartamento, tendo como única opção deixar o estado.
Senti alívio quando minha mãe me contou que ele havia ido embora.
Porém, o alívio na minha vida durou pouco, apenas o tempo para que em um dia de chuva intenso a falha nos freios do nosso velho carro tirasse de mim a única família que me restou.
- Linda? Terra chamando Linda! - Pisquei tentando afastar os pensamentos que vez ou outra me tiravam de órbita.
Odiava a forma como há quatro meses as pessoas me olhavam, algo como tristeza misturada com pena por perder a única família que tinha.
- Me desculpe Gracie! Estava distraída. - Falei para a garota de olhos verdes, alguns tons mais claros que os meus, ao meu lado e começando a preparar o pedido da doce senhora que aguardava pacientemente por seu café da manhã.
A senhora na casa dos seus sessenta e poucos anos, cabelos cor da neve e olhos azuis da cor do céu vinha sempre para me ver e tomar seu café.
Alguma coisa na forma como Anne me abraçava e me ouvia, fazia eu me sentir mais próxima da minha mãe.
Depois que ela morreu acabei ficando com sua vaga na cafeteria, apesar de graduada em administração ainda não tinha conseguido um trabalho, e mesmo o salário não sendo grandes coisas, era tudo que precisava até arrumar emprego na área que me formei, graças aos esforços da minha mãe.
Já havia me candidatado para várias empresas e até agora nada, nem mesmo com a ajuda de Elliot, filho do Sr e da Sra Grayson.
Ele fez questão de enviar meu currículo para as melhores empresas.
Por mais que às vezes ele me deixasse nervosa com suas cantadas fora de hora, sua insistência em me ajudar acabou levando a melhor, aceitei na esperança de que seu nome conhecido no mercado, por ter sua própria empresa me arrumasse um emprego mais rápido.
- Você está mais do que distraída hoje. - Disse Gracie já pegando a bandeja se direcionando para entregar Anne seu café.
Sim, estava mais do que distraída, mas como dizer a ela que fazia exatos quatro meses da morte da pessoa que mais amava?
Desvencilhei meus pensamentos mais uma vez e voltei a me concentrar no trabalho.
As horas se arrastaram, não via a hora de chegar em casa, tomar um demorado banho quente e me esparramar pela minha "enorme" cama de solteiro.
Restavam três mesas ocupadas, aparentemente não existia hora para se tomar um bom café e fazer um lanche.
Os outros funcionários já tinham ido embora e eu rezava baixinho para que esses últimos clientes dessem o fora logo.
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Minha Vida
Romance*Esta não é a versão original do livro* A vida de Linda muda drasticamente quando seu caminho cruza com o do charmoso bilionário Christopher Hale. Ela precisa de proteção. Ele precisa de alguém que o ajude a se manter na linha e preservar sua boa im...