Capítulo 44

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Linda

Nunca tinha sido beijada da forma como Christopher me beijou.

Seu gosto era uma mistura de carinho, desejo e sobretudo expectativa pelo que viria.

Continuei encarando seus olhos por longos segundos enquanto me abraçava no meio do quarto.

Minha barriga roncando alto foi o que nos tirou do transe.

- Alguém está com fome. - Chris arrumou meu cabelo rindo. -  Vou tomar banho e te espero para jantarmos. - Recebi um último beijo antes dele sair.

Diferente das várias outras vezes que cada um foi para seu quarto depois de comer, sentamos na sala de tv para assistirmos um filme.

Assistir ao filme com Chris, na teoria era ótimo, na prática, nem tanto, já que não conseguimos prestar atenção nem sequer dez minutos antes de começarmos a nos beijar.

Christopher pairava sobre mim, sem camisa, devo pontuar, me beijando lentamente, tão lentamente, como se quisesse decorar cada centímetro da minha boca.

- Não consigo parar de te beijar. - Mordeu meu lábio inferior.

- Quem disse que quero que pare? - Seu sorriso em minha boca me fez sorrir de volta.

- Porra, sabe o que faz comigo? Não sabe?

- Hmm, não? - Chris ergueu a cabeça sorrindo.

- Não? Tem certeza? - Ri quando distribuiu vários beijos por meu rosto. - Então não sabe o que faz quando me provoca com esse seu temperamento doce e ao mesmo tempo explosivo? - Balancei a cabeça negando. - Ou quando desfila pela casa com esses shortinhos e vestidinhos? - Neguei com um sorriso no rosto. - Ou quando sem intenção alguma deixa os caras babando na empresa? - Neguei mais uma vez. - Nem quando está focada no computador com aquele maldito lápis na boca?

- Não... - Susurrei.

- Não sabe... o que fez comigo o dia todo... Sra. Hale? Naquela porra de vestido curto decotado, rebolando pra todo lado na minha sala? - Balancei a cabeça rindo.

- Não sei. - Menti e ele se abaixou até que sua boca estivesse em meu ouvido.

- Você me deixa louco... louco de desejo, de ciúme... de... tesão. - Começou a sussurrar em meu ouvido enviando arrepios por todo meu corpo. - Me deixa duro, tão duro, que preciso sair de perto para não cometer uma loucura, e me enfiar no banheiro mais próximo para me aliviar pensando em você.

O que?

Ele...

Chris se tocava pensando em mim?

Puta merda.

- Ah é? - Provoquei. - E com que frequência isso acontece? - Perguntei ousada, vencida pela curiosidade.

Chris mordeu o lóbulo da minha orelha.

- Desde o dia que nos casamos. Aquela foi a primeira noite que me toquei pensando em você, e depois disso... várias... e várias... vezes. - Mordiscou meu queixo e o puxei para beijá-lo.

O filme há muito tempo esquecido.

O beijo foi lento, sem pressa, minha esperança era que entendesse que o queria, que me sentia pronta.

Mas não estava.

Merda.

- Chris, e-eu...ainda estou...

Menstruada.

Que merda.

- Não temos que fazer nada agora, linda, não se preocupe, vou esperar até que esteja preparada para isso. - Respondeu sem que eu tivesse completado a frase, contudo, o fato de saber que esperaria, independente do motivo, fez eu me apaixonar um pouco mais por ele. - Só quis dividir isso com você, para que não reste dúvidas do quanto te quero. - Sorri de lado.

Ele me queria.

Mas é apenas isso?

Desejo?

Minha mente traidora não me ajudava muito em alguns momentos.

Será que Christopher me quer apenas na sua cama?

E depois? O que acontece?

Ele não disse que se apaixonou, só que não tinha... volta.

Mas o que isso quer dizer?

- Tudo bem? - Seu semblante ficou sério.

- Tudo. Obrigada por entender.

Chris beijou a ponta do meu nariz e deitou ao meu lado me puxando para ficarmos de conchinha, o que momentos depois fez com que fôssemos vencidos pelo sono, dormindo ali mesmo.

Fui a primeira a acordar, sorrindo feito boba ao observar Chris em um sono profundo no sofá, ainda bem que era confortável, ou estaria com o corpo todo dolorido.

Eram raras suas noites bem dormidas sem que seu telefone tocasse, por isso, peguei seu celular para colocar no silencioso, deixando-o dormir um pouco mais naquele sábado.

Queria poder voltar atrás e não desbloquear seu celular sem senha e ver a quantidade de notificações na tela principal, a maioria delas com nomes de mulheres.

Pela pré-visualização era possível ler o início de algumas mensagens.

Não queria ler aquilo, não devia estar lendo aquilo, mas foi inevitável.

A maioria, dizendo que estavam com saudades, outras, perguntando quando iam se encontrar de novo, algumas, eram fotos que não ousei abrir, sabia que me arrependeria.

Coloquei o aparelho no silencioso, subi para meu quarto e liguei para Gracie, precisava desabafar.

Merda.

Que mulher no mundo não ficaria chateada ao ver tantas mensagens de outras no celular do marido?

Tinha o direito de ficar chateada?

Não. Acho que não.

Podia evitar ficar?

Não.

Claro que não.

Não depois de tudo que aconteceu ontem.

Dei de cara com Chris ao sair do quarto vestindo algo confortável depois de um banho demorado.

Estranhei vê-lo na porta arrumado em suas roupas sociais.

- Bom dia. - Cumprimentou com um sorriso segurando meu rosto e me dando um selinho.

- Bom dia. - Desviei o olhar.

Eu era péssima em evitar minha cara de bunda quando não gostava de algo.

- Tudo bem? - Me avaliou.

- Tudo. - Sustentei seu olhar alguns segundos.

- Aconteceu alguma coisa?

- Não. Liguei para Gracie agora a pouco, brigou com o namorado, de novo. - Bem, isso era verdade.

- Chame-a para vir te fazer companhia. - Colocou as mãos nos bolsos ao dizer.

- Vai sair?

- Infelizmente. Surgiu uma reunião de última hora com Rebeca.

Rebeca, a loira que deu em cima dele descaradamente.

- Certo.

- Não devo demorar. - Acenei e recebi um beijo rápido antes dele sair apressado.

Eram onze horas, ele não tinha voltado.

💕

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