Capítulo 6

19K 1.2K 52
                                    

Linda

Acordei um pouco menos tensa na terça. Saber que meu maior pesadelo estava a quilômetros de distância fez com que eu respirasse melhor.

Era meu dia de folga, mas acabei passando pela cafeteria depois de receber uma mensagem de Anne falando que se atrasou e não teve tempo de buscar seu café preferido e que em breve iria me ver.

Não deixei de notar sua preocupação comigo.

Em dias agitados Anne sempre buscava mais cafeína, de acordo com ela, só assim era possível suportar seu chefe em seu pior estado de espírito.

Pesquisei o endereço que sabia ser do seu trabalho e segui para fazer minha boa ação do dia.

A cidade tinha muitos prédios altos, mas aquele para o qual eu olhava, além de extremamente alto, chegava a ser ofensivo de tão magnífico.

Ergui meus olhos mais uma vez, depois de enviar uma mensagem para Anne, andando de costas e tentando ver até onde iam os últimos andares da ostensiva construção.

Não havia dado mais que cinco passos quando me desequilibrei ao bater em algo.

Pareceu acontecer em câmera lenta.

Todo o café derramou na minha camiseta azul, segundos depois senti o ardor do líquido quente na minha pele que escorreu por toda frente da minha roupa.

Os copos de isopor caíram das minhas mãos indo direto pro chão, mas não sem antes molhar os sapatos pretos e que provavelmente custaria meus dois rins no mercado negro da pessoa em quem esbarrei.

- Porra!

Era eu quem deveria estar praguejando, porém, o som veio da pessoa atrás de mim.

Afastei a camiseta molhada do meu corpo, me virei e ergui a cabeça pronta para xingar, mas congelei ao encarar aqueles frios olhos azuis do desconhecido que me atropelou dias atrás.

- Você?

- Você? - Falamos ao mesmo tempo, nos encarando por longos segundos.

Então meu olhar viajou para o loiro parado ao seu lado enquanto ele erguia uma sobrancelha para o moreno.

- Vocês se conhecem? - Questionou.
O moreno de olhos azuis continuou me encarando sem desviar sua atenção.

- Sabia que iria me procurar assim que descobrisse quem a havia atropelado, - Pausou e voltou a falar. - Melhor dizendo, quando descobrisse na frente do carro de quem você tinha pulado. - Ele me olhou de forma petulante cruzando os braços. - E já te aviso moça, se você tem intenção de me processar por não tê-la socorrido aquele dia eu juro por Deus que...

- O que? - Perguntei franzindo o cenho e forçando meu cérebro para o fatídico dia até entender do que ele falava. - Ah, Pelo amor de Deus! Não seja tão egocêntrico! - Bufei. - Não sei o que te faz pensar que eu teria interesse em saber quem você é, e se alguém algum dia tiver a intenção de te processar será por você ser um babaca, isso sim. - Falei para o desconhecido.

Raiva borbulhando dentro de mim ao recordar como ele foi estúpido aquela noite.

- E tem mais, se soubesse que você trabalhava aqui não teria passado nem na porta.

A gargalhada que o homem ao seu lado deu lhe rendeu uma cotovelada no peito e um olhar assustado meu.

- Moça, não sei quem você é, mas se entendi bem, é a pessoa que esse idiota aqui atropelou alguns dias atrás, e preciso dizer que já gostei de você. - O loiro abriu um belo sorriso. - Vá em frente, se quiser processá-lo, serei seu advogado.

Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora