Capítulo 23

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Linda

Ah não, não, não.

Por favor, não.

Inferno!

Tentei mais uma vez alcançar o zíper do vestido, mas obviamente minha mão nem sequer chegou perto.

Andei de um lado para o outro no quarto.

Deus, sério que terei que me humilhar dessa forma?

Suspirei, porque era isso ou dormir no vestido apertado.

Bati apenas uma vez na porta, contei dez segundos e me virei para voltar ao meu quarto.

Já deve tá dormindo...

A porta abriu, e por tudo que é mais sagrado.

Não estava preparada para encarar o homem à minha frente apenas em uma cueca boxer preta.

Puta merda.

Puta...

merda...

Ele arqueou uma sobrancelha ao ver que encarava seu corpo sem dizer uma palavra.

E que corpo!

- Algum problema? - Perguntou cruzando os braços.

- E-eu...

Merda.

O que vim fazer aqui mesmo?

- Perdeu alguma coisa? Tipo... a habilidade de falar? - Zombou com uma sobrancelha arqueada e revirei os olhos.

- Preciso de ajuda. - Dei um passo até estar cara a cara com ele.

Deus, não me deixe desviar os olhos da cara dele.

Nunca te pedi nada.

- Qual o problema? - Virei de costas e olhei por cima do ombro.

- Não alcanço o zíper, pode descer, por favor? - Christopher me encarou sério e pareceu pensar por longos segundos.

Um arrepio desceu por minha coluna ao sentir seus dedos frios em minha pele.

Uma eternidade se passou antes que o barulho do zíper preenchesse o ambiente.

Devagar.

Bem devagar.

Como se tivesse a noite toda para fazer aquilo.

Senti os nós dos seus dedos resvalando em minhas costas deixando os pelos dos meus braços eriçados.

Olhei para trás quando o barulho cessou, encarando o semblante sério de Christopher, e como se despertado de um transe, ele recuou dando um passo atrás e fechando a porta na minha cara.

Filho de uma boa mãe mal educado!

Voltei a passos largos até meu quarto.

O cansaço do dia me fez suspirar fundo pronta para dormir ao colocar a cabeça no travesseiro, mas antes, é claro que meus pensamentos seriam invadidos pelo homem na maldita cueca boxer agora a pouco.

Meu marido.

Marido.

Acho que sonhei.

******

Era nove horas quando acordei.

Tomei um banho demorado, vesti um short jeans e uma blusa branca soltinha e desci encontrando Christopher na cozinha.

Ouvir meus passos chamou sua atenção fazendo-o olhar por cima do ombro.

Seus olhos desceram pelo meu corpo sem se demorar em parte alguma, então voltaram para o que quer que estivesse fazendo no fogão.

Nunca ia imaginar que ele cozinhasse.

- Bom dia! - Falei e ele respondeu de costa.

- Fiz panquecas mas se não gostar pode comer outra coisa que desejar.

Babaca mal educado.

- Panqueca está ótimo. - Tentei parecer simpática e ajudei a arrumar a mesa.

Ele não falava nada, e da minha boca não saia uma palavra.

Ao terminar levantou sem dizer nada, voltando cinco minutos depois com uma sacola na mão e colocando na minha frente.

Franzi a sobrancelha quando ele sentou de volta em seu lugar.

- Vai precisar de um celular. - Falou como se ele mesmo não tivesse partido o meu telefone em mil pedaços.

- Não precisava, eu podia esperar até o próximo mês e comprar um novo com meu salário, agora que tenho um emprego.

- Você vai ser minha assistente, como vou me comunicar com você se não tiver um celular? Ainda não tenho bola de cristal. - Respirei fundo para não o xingar de todos os nomes que estavam na minha cabeça.

Cretino.

Babaca.

- Certo. - Abri a sacola e peguei a caixa vendo o último modelo de iphone. - Não precisava ser um celular tão caro. - Disse encarando o aparelho.

- Você precisa entender sua posição como minha... esposa. - Christopher pareceu quase engasgar com a palavra. - Além disso, na próxima semana - continuou - quero que vá com Anne comprar algumas coisas pra você. E não me diga que não precisa, não tem como usar suas roupas na empresa.

- O que tem de errado com minhas roupas? - Perguntei franzindo a testa.

- Não são adequadas.

- Sim, senhor. - Revirei os olhos.

- Pare de me chamar de senhor. - Exigiu azedo e revirei os olhos de novo.

- Mandão.

- Seu telefone já está configurado com um e-mail da empresa que abri pra você. - Falou ignorando meu xingamento. - O contato meu e de Anne estão salvos.

- De Josh não?

- Por que o interesse no número dele? - Perguntou arqueando uma sobrancelha.

- Bem, ele é seu amigo e advogado da empresa, sabe sobre nossa farsa, se um dia precisar de alguma coisa e não conseguir falar com você ou Anne com quem eu falo? - Devolvi o arquear de sobrancelha.

- Me dê o celular. - Pegou, digitou o número do amigo e levantou. - Anotado. - Emburrado levantou e acrescentou antes de sair. - Qualquer coisa pode me ligar.

Como se eu fosse fazer isso...

Christopher saiu de casa pouco tempo depois.

Sem nada para fazer fiquei na sala de televisão pulando de canal em canal, com dificuldade para me concentrar.

No domingo, foi praticamente a mesma coisa só que com bem menos interação, e ao cair da noite o nervosismo foi batendo na porta ao pensar no que me aguardava a partir do próximo dia.

Levei algumas poucas coisas para o seu quarto enquanto estava fora, colocando na parte do seu closet que deixou livre para que usasse.

Teria que ter um pouco das minhas coisas lá, as empregadas poderiam estranhar se deixar tudo no outro quarto, como Brigitte já fazia.

Depois do banho vesti um short e uma camiseta de pijama, fui para o quarto de Christopher e me deitei no sofá que seria minha nova cama pelos próximos dois anos.

Dois anos...

💕

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