- Este é o último - fala Patrícia pegando o documento com a minha assinatura. - Confimei sua reunião com Sidney Trigueiro, o dono da corretora Artex,
- Dei uma revisada nos contratos. Após o almoço com papai vou para a corretora, talvez não volte mais hoje.
- Antes de sair passe na sala de sua mãe, seus funcionários agradecem.
Esfrego a mão e movimento os dedos no ar.
- Suas dores voltaram, quer um remédio?
- Não, estou bem, é mania depois de assinar tantos documentos - empurro a cadeira para trás e também estico as pernas. - Você sabe se o departamento administrativo está contratando?
- Posso verificar - Patrícia responde e examina minha face. - Alguém para contratar? É só falar o nome, você é o dono, esqueceu? Não, não esqueceu!
- Tomás está fazendo alunos, pode sair, senhora engraçada, antes que lhe mande para o RH!
- Tudo tem uma primeira vez, senhor Borges.
Patrícia trabalha há tanto tempo na Solis, mesmo antes de eu ser diretor-geral, muitas vezes me socorreu quando estava com dor, além de remédios, me trazia compressas e passava mais tempo na minha sala do que na sua mesa. Ela me ajudou a esconder da empresa meu estado físico e emocional.
Ando até a janela e envio uma mensagem para papai, confirmando o almoço e onde ele deseja que aconteça.
Foram dias difíceis, até aprendi fazer alguns rabiscos com a mão esquerda, não poder desenhar foi o maior castigo, um tormento tanto quanto os pesadelos do acidente com o vovô que se tornaram companheiros das minhas noites.
O incômodo de hoje, foi causado pela horas desenhando a noite, queria cansar meu cérebro e ensiná-lo a não pensar em Isa, nos seus beijos, cheiro, risadas, na sua curiosidade durante as minhas aulas particulares, onde deixou bem claro que queria além delas o meu corpo.
"Como esquecer seu gemidos, seu corpo e o prazer que senti?"
Meu corpo retese só em lembrar dela me recebendo. Meu telefone toca, dona Ana Virgínia exige minha presença, me salvando de um constrangimento.
- Mãe, a senhora me chamou só pra isso? Temos uma equipe, não vou autorizar esse seguro, só porque é sua amiga.
Apoio as mãos nos braços da cadeira erguendo-me, ela insiste do outro lado da mesa.
- Eles têm uma fortuna, um nome...
- Não comece, sabe que esse argumento não vai funcionar. Ela terá que passar por uma análise - coloco o relatório feito por ela sobre a mesa. - A Solis têm uma equipe para isso...
Uma batida na porta, Sílvia fala, aproveito para sair, ao virar vejo Heloísa atrás dela, com seu material de limpeza, puxa a máscara ao me ver e desvia o olhar para o piso.
- A garota da limpeza chegou - Sílvia avisa e aponta para o banheiro. - Limpe rápido!
Controlo o impulso de falar com ela, mas falar o quê?
- Eu já falei com equipe que avalia os riscos - fala Virginia, volto a sentar. - Filho, são cinco casas, dois apartamentos e um prédio comercial, além de um grande patrimônio.
- Por que tanto interesse nesta cliente? - Um barulho no banheiro me faz levantar.
- Espere, eles vão dar uma recepção para receber uma filha.
- Não termine!
- Sim, termino. Essa é minha missão, te ver casado com uma mulher de família rica e de nome e sobrenome igual ao nosso.
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Amor Valioso
RomansaVocê venderia o seu amor? Heloísa tem sua vida planejada: trabalhar numa empresa com um bom salário e ajudar a mudar a realidade da sua família. Com pais interracial, desde de criança sabe o que é preconceito e acredita que só quem possui dinheiro...