Passei dois miseráveis dias tentando afastá-la da minha mente, não consegui. Pode ser loucura o que estou fazendo, mas não tem como voltar atrás. Não foi por impulso que entrei naquele quarto. Não vou desperdiçar a chance de conversar com ela.
Agora estou ansioso esperando ela descer, essa é minha casa, é uma aposta alta, a mais alta que já fiz, trazer uma mulher, significa comprometimento, há tempos não faço isso, me comprometer como agora, arrumando a mesa para desfrutar de sua companhia.
"Embora penso nela tomando banho."
Não sou mais o adolescente assustado com medo de ser rejeitado, mas também não quero relacionamentos duradouros, onde demanda uma rotina de encontros amorosos e planejamento em como agradar com as palavras certas.
Desejo sexo e decidi me entregar o que ela desperta em mim, se fosse outra mulher levaria a um restaurante sofisticado, com a promessa de um presente caro ou me exibir ao seu lado numa festa para ter fotos em suas redes sociais.
Heloísa é diferente, ficou feliz com um sanduíche e também foi a primeira a se importar com o meu medo por hospital, embora um alerta pisque no meu cérebro, avisando o quanto isso é perigoso, mas também me conheço, não vou desistir até conseguir nem que seja uma única vez e prove que e apenas desejo.
Sempre é desejo, alguns encontros para comprovar que além de sexo não há muita coisa que me ligue as mulheres.
Talvez seja isso que eu gosto nela, não precisa de maquiagem, roupas de grife, até descalça como está agora descendo as escadas do meu apartamento, cabelo molhado e o vestido tão solto em seu corpo e mesmo assim é a mulher mais linda que eu conheço.
Seus movimentos são diferentes a mesa não está arrumada como no restaurante, mas ela soube se servir e descansou o talher no prato de forma perfeita sem fazer barulho. O gemido de satisfação dos lábios dela me domina, sinto prazer em vê-la comer.
- Você me enganou! - ela fez tudo errado de naquela noite para me irritar. - Por que fez aquilo, eu não queria me exibir, não me incomoda por ser pobre ou por seu trabalho, ao contrário, admiro, você tem um propósito na vida.
- Desculpe, queria que ficasse longe de mim, hoje meus pais falaram que eu estou sendo preconceituosa.
Coloco frutos do mar em seu prato e me sirvo em seguida.
- Sim, você está. Eu só queria te alimentar, estava preocupado com você.
- Sou pobre, você é rico, é o tipo de homem que nunca imaginei que poderia me olhar.
- Isa, eu...
- Não é preconceito, já passei muito por ele para saber a diferença - ela morde o lábio inferior. - E seja sincero, você mal falava comigo e do nada estava...
- Te beijando, ainda quero fazer isso! - ela toma um gole de cerveja, me inclino em sua direção. - Mas vou deixar para a sobremesa. Quais foram os preconceitos que viveu?
Ela fica por alguns segundos em silêncio, girando o copo sobre a mesa. Não é só o fato de ser pobre que se coloca da defensiva, vou mais devagar com ela.
- Meus pais são um casal interracial, eles sofrem preconceito desde que decidiram se amar dentro da própria família, eu por ser clara como meu pai, fez de minha mãe a babá...
Ela fala algumas situações que passou ao lado dos pais, o acidente sofrido por ele.
- Eu sei que há preconceitos com pessoas diferentes, mas nunca havia ouvido o que você passou. Seus pais são adoráveis.
- Eu e meu irmão somos muito abençoados por ter pais maravilhosos. O seu pai não trabalha na Solis, eu nunca o vi por lá?
- Não, ele tem seu próprio negócio. Quer mais alguma coisa?
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Amor Valioso
RomantizmVocê venderia o seu amor? Heloísa tem sua vida planejada: trabalhar numa empresa com um bom salário e ajudar a mudar a realidade da sua família. Com pais interracial, desde de criança sabe o que é preconceito e acredita que só quem possui dinheiro...