AMANTES ETERNOS

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- Elas não cansam. - comenta Filipe sentando ao meu lado na areia da praia.

- Devia ficar lá correndo com as crianças.

- Não estão sentindo a nossa falta. - ele oferece uma garrafa de água.

Chegamos no período da tarde a casa de praia do Vinícius. Por sugestão de Filipe saímos para conhecer a orla marítima - quanto menos ficar dentro daquela casa é melhor - visitamos a área de artesanatos, muitas poses para fotos. Por insistência das crianças descemos até a praia.

- Com quem estava conversando? - ele pergunta.

- Com mamãe, ela está preocupada com papai.

- Problemas de novo na loja?

O órgão do consumidor recebeu denúncias de irregularidades na loja.

- Ela acha que a loja vai ser multada.

- É fim de semana. Um brinde ao que a vida tem de bom para nos oferecer.

Não aceito, ele pega meu pulso e faz o brinde com as garrafas de água. Observamos as crianças brincando, Brenda registra a cena com o celular.

- O que está rolando entre vocês? - Filipe desfaz o sorriso e ajeita os óculos escuros. - Não venha com a conversa que são amigos. Eu sou a amiga aqui.

- Nos beijamos, mas ela não quer nada comigo. Disse que a vida é complicada.

- Está apaixonado ou confundindo as coisas? - Aponto o João. - Ela é doidinha, às vezes moleca.

- Mas é uma mulher muito interessante.

- Perdi meu posto de melhor amiga.

- Você, não sinto vontade de beijar e outras coisas.

- Ela e João se gostam, é uma vantagem.

- Entendi, melhor amiga. Faça como os nossos filhos, relaxe.

- Hoje eu tinha um encontro, ao invés disso estou na casa de um ex, é frustrante.

- Anos sem namorar, decidiu sair com o cara que acabou de conhecer.

As crianças se aproximam. Caminhamos um pouco pelo calçadão, João segurando a mão de Brenda. Planejamos sair a noite para um parque de diversão, vou dar um jeito de ficarem sozinhos.

- Isa, não vai cantar? - pergunta Brenda tocando na minha coxa.

De volta a casa eles estão se divertindo com o karaokê.

- Não. Vou tomar água.

Estava distraída olhando as fotos de família. Quando ele colocou uma da filha? Os móveis são outros, mas não evito a nostalgia quebrando indiferença desde que cheguei.

- Deite um pouco, quero você linda mais tarde. - Sugere Brenda ao voltar à sala.

- Uma calça jeans é o suficiente.

Filipe reforça a sugestão. Confiro no celular a hora, ainda estava claro, deitar um pouco pareceu tão atraente, subo as escadas sem hesitar.

Eles não pronunciaram o nome Vinícius uma única vez. Não perguntei, embora esteja curiosa onde ele está. No corredor, como um imã, sou levada a abrir a porta do quarto dele.

Nada mudou, a mesma cama, até o perfume dele está presente. As portas da varanda estão fechadas, ando para puxar uma das cortinas, mas a porta do armário entreaberta chama atenção. Além de materiais de pintura e algumas peças de roupas comprovam que ele usa a casa.

A peituda não parece o tipo de pessoa que goste desse tipo de lugar. Fecho a porta do armário, paro ao lado da cama, passei mais tempo nela do qualquer lugar da casa com ele.

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