- Pai, o senhor nunca precisou dos meus conselhos para gerenciar suas lojas.
- É só uma opinião - responde Brenda, enquanto tira fotos da nova loja. - Eu disse para papai que você faria essa cara imitando dona Virgínia.
- Apenas consigo imitá-la, já a senhorita, mesmo que pinte o cabelo de roxo, é uma cópia da nossa mãe.
- Não sei por que veio.
- Parem os dois. - Papai ordena, finalizando uma ligação, com um sorriso triunfante.
Tiro as mãos dos bolsos e dou dois passos em direção a Brenda, mas ela recua na minha tentativa de pedir desculpas, por um momento esqueci que ela não gosta de ser tão parecida fisicamente com mamãe. Ela já perguntou se foi adotada por não ter os traços do nosso pai.
- Na próxima segunda-feira a empresa começa a reforma e amanhã mesmo vou pedir o mobiliário.
Disfarço a cara por não compartilhar com a alegria deles, não é justo descontar minhas frustrações no projeto do papai. Ele passou o caminho todo, empolgado, falando dos novos empregos que irá proporcionar, além da possibilidade de oferecer seu óculos no preço mais acessível para uma população que não pode pagar os seus itens de luxo no shopping.
-O senhor seguirá o padrão das outras lojas?
Óticas Borges é o salva vidas para o senhor Alberto, escuto seu relato empolgado, e o uso do amarelo, que identifica sua loja, desde o nome, aos móveis e vestimentas dos funcionários.
- Já tem muitas lojas abertas, na outra ponta é o lojão da Sofia. O que achou da área?
- Ficou muito boa a reforma, há anos não passava por este lado do centro.
O ponto central é uma praça, onde além de eventos, feiras são realizadas. Papai explica. Encosto na entrada da loja para ver as pessoas trabalhando na montagem de uma tenda. Brenda passa por nós e começa a fotografar a fachada da loja e de novo rejeita me responder.
- Eles estão montando as barracas para uma feira orgânica, do outro lado, artesanato, flores e gastronomia.
Ele fala e aponta para as ilhas sendo montadas, mas observo minha irmã conversando com um vendedor ambulante.
- Deixe ela, conheço aquele gênio - Sou recriminado ao chamá-la. - Minha menina é adorável, sua raiva é passageira, logo vai se jogar no seu pescoço.
- Fica a cada dia mais parecida com o senhor.
Rimos ao vê-la ser rodeada por mais duas mulheres.
- Ainda está estressado por causa da sua mãe? - Afirmo com um aceno de cabeça. - Não foi você que aguentou seus gritos em casa, sorte que tenho meu quarto.
- Eu amo a mamãe, mas o que ela fez na Solis é imperdoável, se a funcionária a denunciasse ou se ela tivesse acertado a Heloísa, ela está assustada, nem quer falar comigo...
- Desde quando conversa com esses funcionários? Esse é o nome da petulante que ofereceu dinheiro a sua mãe? - ele balança a mão no ar. - Foi o menor dos adjetivos que ela usou para a garota.
Pego o celular, mas ele é tirado de minhas mãos.
- Sei o quanto é discreto em seus relacionamentos e não sou exemplo para ninguém, mas não seja um covarde como seu pai foi - ele afaga meu rosto. - Não ceda às vontade de sua mãe, é você que escolhe a quem quer amar. Só tenha cuidado, se Virgínia pelo menos sonhar, ela é capaz de colocar a seguradora abaixo.
- Não é o que o senhor está pensando.
- Não estou pensando, nem quero saber, pois jogaria na cara de sua mãe como vingança, mas você seria prejudicado.
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Amor Valioso
RomanceVocê venderia o seu amor? Heloísa tem sua vida planejada: trabalhar numa empresa com um bom salário e ajudar a mudar a realidade da sua família. Com pais interracial, desde de criança sabe o que é preconceito e acredita que só quem possui dinheiro...