NOSSA ESTRELA

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- Licença, senhores!

Peço, cansado de fingir que estou gostando da conversa. Pego um copo de whisky com um garçom que passa a minha frente e me afasto dos outros convidados da festa onde acompanho Allegra, ela deve está tirando fotos com as amigas para as redes sociais. Procuro uma varanda.

Duas mulheres conversam animadas com um homem. Encosto na mureta e olho para o céu, procuro as estrelas.

- Oi, querido. - Allegra me abraça de lado. - Já está entediado, vamos falar com os Mota, depois vamos embora.

- Tem certeza, deve ter mais alguém que queira me exibir?

- Eu cumpro os termos do nosso acordo, não pode reclamar.

A envolvo em meu braços, dando-lhe um selinho.

- Sempre, mas hoje meu ânimo se esgotou.

- Vamos terminar seu calvário - segura minha mão e fala. - Não posso perder a oportunidade de exibir o homem mais lindo da festa.

Gargalho com sua malícia. Além do casal de amigos dela, também ela me faz dançar. Temos um acordo: um relacionamento sem cobranças, cenas de ciúmes e nunca exigir amor. Ela sabe que não a amo.

"Não vou amar outra mulher na vida."

- Vinícius, não está me ouvindo? - Ela passa a mão no meu braço. - Distraído de novo, querido.

- Estou concentrado no trânsito. - respondi de forma automática.

Estamos indo para o seu apartamento, no hotel cinco estrelas de sua família.

- Estava falando da nossa viagem.

- Enquanto papai não puder trabalhar, não saio do país.

- Virgínia falou que o Alberto está mais calmo. - ela tenta mais uma vez me persuadir.

- Comprometi ficar a frente das óticas até ele se recuperar - Olho de relance para ela. - Se quer tanto viajar, por que não vai?

- Sem você, não é a mesma coisa.

Ela vira o rosto para a janela. Dirijo em silêncio até chegarmos no hotel. Como se o episódio no veículo não tivesse existido, Allegra volta a conversar dentro do elevador, reclama mais uma vez do pai que a obrigou a trabalhar no departamento comercial.

- Você tem que descobrir o que gosta de fazer - falo tirando o blazer e jogando sobre o sofá. - Talvez se saísse deste hotel...

- E ficar sem as mordomias. Nunca! - responde jogando os cabelos para trás, aponta para o bar. - Papai tem que aceitar, sou dona de boa parte desse hotel.

Sento na banqueta olhando-a preparar o drinque. Coisa que ela faz maravilhosamente.

- Estou planejando para o próximo evento no hotel uma exposição de artes. O que acha? - pergunta e me entrega o copo com a bebida. - Pinturas para ser mais exata, você pode me indicar algum artista.

- Qual tipo de pintura? - Ela se coloca no meio das minhas pernas. - Seria interessante chamar um artista plástico. Está querendo dar uma lição no seu pai?

- Quem, eu? - retira o copo de minha mão, toma um gole do líquido, põe ele sobre o balcão e enlaça meu pescoço. - Só estou querendo mostrar que posso trabalhar em qualquer função, desde que eu queira.

Dar um selinho nos meus lábios e me provoca com as mãos nas minhas coxas.

- Saudades, Vini.

- Estou aqui, querida! - respondo puxando-a para o meus braços e tomando sua boca.

Amor ValiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora