COMPROMISSADOS

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"Rica, de família com sobrenome"

É esse tipo de mulher que ele vai casar. As palavras da poderosa foram um alerta para afundar de vez minhas ilusões sobre o senhor perfeito.

Precisava sair da Solis, corri para o shopping na hora do almoço e para meu infortúnio, ele estava com a irmã e um senhor que deve ser o pai dele indo para um dos restaurantes, dei meia volta e sem conseguir relaxar e nem me concentrar no livro, vaguei um pouco pelo centro e só retornei para a seguradora na hora de bater o ponto.

Durante a aula, fiz um esforço para não pensar em Vinícius, estou sendo tola, por permitir que um homem - tá não é qualquer homem - domine meus pensamentos.

Já ouvi relatos de colegas de suas transas, orgasmo múltiplo e que tinham vontade de gritar, agarradas ao parceiro. Eu ficava fazendo cara de paisagem nas conversas.

"Com Vinícius eu além de gritar, queria prolongar ao máximo o prazer e ao mesmo tempo, ansiava explodir com ele dentro de mim."

Na parada de ônibus, mexo nos cabelos, desfazendo o coque e de novo prendo, deixando-os mais livres, a dor de cabeça já estava aumentando por perder a luta para não pensar em Vinícius. Encosto em um poste, aos poucos os outros alunos vão embora, ficar sozinha não é nada bom.

Sinto um vento na minha nuca, meu corpo se contrai ao reconhecer quem ocupa meus pensamentos.

- Seu ônibus não vai te levar para casa hoje!

- Eu decido isso - respondo, escondendo a surpresa por vê-lo e repreendo o coração por disparar por gostar disso. - Você precisa parar de aparecer na minha frente.

Falo e me afasto dele, torcendo que meu ônibus chegue logo, conheço quem fica na parada todas as noites e só resta mais um casal, sentado no banco.

- Isa, estou atrasado, desculpa! - ele segura meus ombros, virando meu corpo. - você bagunçou minha mente, eu pensei que só aquela noite era o suficiente.

- Está confessando que só queria aquilo comigo, que me cercou todo esse tempo para me levar para a sua cama e me descartar. Vá embora.

- Quer que eu minta ou a verdade?

- Eu sei a verdade. Droga, cadê esse ônibus? - pergunto ao ver que ficarei sozinha com ele.

Sento no banco da parada, agarro a mochila.

- A verdade, quis transar, pensando assim você sairia de minha cabeça, mas me enganei, outra verdade, quero você de novo.

Gargalho, e me afasto, para que não sinta meu corpo tremer.

- E o que pretende fazer? Esqueceu, eu não sou rica, o nome da minha família não é tradicional, não sou herdeira.

- Isso é o que minha mãe deseja. Desde que me conheço por gente, eu ouço isso - ele tenta me tocar, empurro sua mão. - Estou solteiro, já falei que não me importo com suas origens ou de quem é filha.

O ônibus aponta no sinal, levanto.

- Você não vai pegar.

- Me impeça.

Mal termino a frase ele pega minha mochila e me põe nos seus ombros, sem nenhum esforço. Adverte para não gritar, alguns passos, estou presa na porta do seu carro.

- Só estava esperando você ordenar - Em vão bato no seu peito, ele não se move. - Está pedindo para ser castigada.

Tento desviar a boca, mas ele segura meu rosto e força com a língua, mas muda quando resisto e beija minha testa, olhos, passa o nariz no meu, um selinho nos meu lábios.

Amor ValiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora