Seokjin sentia os pulmões ardendo enquanto cuspia sangue no chão.
O segundo instinto foi voar as mãos até o pescoço, tremendo. Uma atmosfera fria e úmida cercava-o em neblina, pontuada por minúsculas partículas de cinzas flutuantes, um cheiro pungente e já desgastado de madeira queimada infiltrava-lhe as narinas e tornava difícil respirar. Uma camada fina das cinzas forrava o chão de pedras esculpidas ao redor dele, cobrindo seu cabelo e suas roupas... brancas? Uma túnica branca, que ele não sabia como havia parado em seu corpo, arrastava-se levemente ao seu redor, as mangas escurecidas por conta das cinzas que se acumulavam no tecido.
— Onde eu estou? — o demônio sussurrou baixinho, com certo medo de receber resposta.
Limpando a boca com a manga da túnica, Seokjin se levantou para olhar ao redor.
Era uma espécie de pátio abandonado, cercado pelos destroços de uma sequência de arcos e colunas, como uma arena grega. O horizonte era cego, coberto por mais neblina, e o céu era uma pintura cinza — sem nuvens, sem sol, sem estrelas. De uma forma estranha, Seokjin sentia estar suspenso no ar, ou, talvez, no meio do limbo.
O único lugar ao qual ele podia se dirigir era a trilha de pedras negras que partia do centro da arena, onde ele havia acordado.
Sem ver outra saída, o homem decidiu por segui-las, hesitante demais para arriscar entrar na névoa densa e acabar se perdendo depois.
Andando pela estrada, Jin acabou chegando numa construção olimpiana, uma espécie de Parthenon negro, só que 10 vezes maior — ele nem conseguia enxergar o topo.
Uma escada de obsidiana o convidava a entrar no templo. O demônio engoliu em seco, com um mal pressentimento horrível, e ele inevitavelmente olhou para trás. Para sua surpresa e desespero, o caminho atrás dele havia sido encoberto em névoa. Ele soube então com certeza que aquilo era premeditado, alguém o estava encurralando até ali.
Seokjin fechou as mãos em punhos, sentindo suor frio descendo por suas têmporas, e então, ele subiu.
Seus passos ecoavam pelas pedras no chão, mas ele não ouvia nada além disso e de sua própria respiração. As colunas de dentro do templo eram parecidas com a da parte exterior, mas com arabescos macabros em toda a extensão, uma composição de mãos subindo por ela e olhos humanos cravejados com diamantes negros. Cada coluna era diferente da outra, uma com o desenho mais vil do que a outra, e ele decidiu parar de encarar no momento em que seu estômago revirou com um arabesco de vísceras humanas.
O chão também parecia formar um desenho gigante, provavelmente só possível de ser identificado por cima, mas o Djinn conseguiu notar a presença de desenhos geométricos, muitas linhas se cruzando, circunferências aqui e ali, pequenos e grandes triângulos entrepostos, mas nada que realmente saltasse aos olhos.
A caminhada pela penumbra parecia interminável, sua ansiedade atingindo o pico máximo no processo, até que ele finalmente se viu no centro do templo. Havia apenas uma sala, e as portas estavam abertas para ele, mas o interior era tão misterioso e indecifrável quanto o resto.
No mesmo momento, um calafrio espinhoso arrepiou a base de sua nuca, e Seokjin subitamente sentiu a necessidade angustiante de correr de volta por onde entrara, mas as portas se fecharam com um baque estrondoso logo após, cessando suas esperanças.
Névoa se ergueu do chão, e o homem sentiu o cheiro pútrido que subiu com ela com uma pontada de náusea.
Ele se aproximou lentamente, ouvindo fogo crepitar acima de sua cabeça, mas sem enxergá-lo.
Uma figura opulenta se destacou no fundo da sala, antes camuflada nela como fumaça. Sentado sobre um trono, Jin pode avistar primeiro os olhos, as íris amarelas flamejantes dentro deles. Ele tinha o cabelo preto como as asas de um corvo, mechas onduladas ao redor de uma coroa prateada reluzente, encrustada com os mesmos diamantes negros de antes. O rosto era anguloso, com a mandíbula bem marcada, o nariz fino e empinado, lábios bem desenhados acentuados por maçãs do rosto altas. E, oh, a pele dele era pálida, tão pálida que, se Seokjin chegasse perto o suficiente, ele veria os traços azulados de suas veias estriadas.
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Elysium| jjk + pjm [CONCLUÍDA]
FanfictionOnde Park Jimin, um poderoso íncubo e Grão-Senhor dos demônios de Seul, comanda o clube burlesque mais famoso do país, 'Serendipity'. Quando ataques sangrentos ameaçam derrubar seu império, Jimin é forçado a entrar de cabeça no universo de Jeon Jung...