5. Kismet

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Kismet: fate; destiny
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[Convento de Cristo, Espanha]

Os primeiros raios de sol da manhã. Uma figura corpulenta se destacava em meio à penumbra. O homem parecia não se incomodar com a luz invadindo o cômodo, fazia algum tempo desde a última vez que dormira tão bem assim. Seus músculos foram se contraindo gradativamente, doloridos pelo excesso de atividade dos últimos dias.

Uma súbita batida na porta foi o suficiente para que o homem despertasse completamente e pulasse de sua cama, rapidamente vestindo suas botas e alcançando a porta.

— Bom dia, Namjoon-ssi, espero que tenha feito um bom retorno. Seu pai pediu para avisar que ele te espera na Charola daqui a 20 minutos. — Era Hana, graças a Deus. — É.. bom te ter de volta, cara, aqui não é o mesmo sem você. Dessa vez nós vamos tirar um tempo para sair e tomar umas, né? — A garota riu, fazendo com que alguns fios de sua franja crescida caíssem sobre seus olhos. Ela não mudou nada...

— Me desculpa, sério. Cheguei ontem de madrugada, não tive nem tempo de passar para dar um 'oi'. Eu sei que prometi que quando eu voltasse nós sairíamos, mas eu estarei partindo de novo a qualquer momento e não tenho certeza de quanto tempo essa missão durará. — Namjoon sentia falta da garota, sentia falta de sua adolescência. Apesar de tudo, eles passaram por ela juntos, e a amizade dos dois foi a melhor coisa pela qual ele poderia pedir.

—É por isso que temos que aproveitar o tempo enquanto você estiver disponível, nem pense em resistir. — Namjoon deu um riso abafado. — Mas sério, eu entendo,  nem imagino o que é estar na sua posição... Você é um membro de elite, Joon, todos estão contando com você, eu só posso imaginar a pressão que você deve sentir. Mas eu sou sua melhor amiga e é minha função fazer você ser um pouco irresponsável e impulsivo, certo? Além disso, você sabe que sempre que precisar eu estou disponível, nem ser for só pra tomar um porre ou chorar sobre nossa lastimável existência...

Namjoon riu abertamente, os olhos quase fechando. — É claro que eu sei disso...obrigado. Eu também senti sua falta, acho que ficar tanto tempo longe realmente não tem me feito muito bem, vou pensar na sua proposta.

Namjoon acenou a cabeça e agradeceu, fechando a porta atrás de si.

O homem correu as mãos por seu rosto, dando um suspiro. Eu mal cheguei em casa e já preciso me despedir de tudo novamente...

Namjoon dirigiu-se ao banheiro, já tirando suas roupas. Ele ainda estava com as mesmas roupas com que chegara, uma camiseta branca leve, presa por um pesado colete escuro que rodeava seu abdômen e o protegia, uma calça preta ainda com as facas sujas que ele não havia tido tempo de retirar e um sobretudo de couro que ia até seus punhos e confundia-se com suas luvas meio-dedo. Após livrar-se de todas as camadas de roupa, o homem soltou um alívio, entrando no chuveiro e deixando que a água varresse a sujeira e imundície para fora de si.

A vida como caçador nunca foi fácil, e o destino de Namjoon já estava selado assim que ele ousou sair do ventre de sua mãe, nada podia ser mudado e ele sabia disso. Sua infância foi o que caracterizaria como 'incomum', alguns diriam abusiva, mas era tudo que ele conhecia então os padrões de fora da muralha nunca aplicaram-se à sua moralidade.

Namjoon aprendeu a empunhar uma faca aos 6 anos de idade, foi também a mesma idade em que ele matou seu primeiro ser vivo, um esquilo-vermelho que foi achado no armazém comendo algumas sementes.

Namjoon nunca irá esquecer do olhar duro de seu pai, segurando o animal pelo pescoço em cima da mesa de madeira e ordenando que o menino matasse-o. Ele olhava desesperadamente para sua mãe, buscando seu apoio, seu conforto, mas a mulher recusava-se a encontrar seus olhos, preferindo baixar a cabeça e ficar em silêncio. Alguns de seus colegas mais velhos estavam lá também, Namjoon podia ver a cumplicidade e a pena em seus olhos, nenhuma criança deveria passar por aquilo.

Elysium| jjk + pjm [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora