ALFONSO
Eu estava deitado no sofá, afogando-me na tristeza quando ouvi alguém se aproximando da cabana. Imediatamente fiquei em alerta, sentei-me e prestei atenção. Minhas janelas estavam abertas e ouvi uma voz. Uma voz feminina.
Estava baixinha no começo, como se ela estivesse resmungando algo para si mesma mas o volume aumentou um pouco quando ela chegou mais perto.
— ...então você pode ir para o inferno, idiota. Nunca estive tão brava com ninguém em toda a minha vida. Como ousa dizer essas coisas para mim depois do que fez ontem? Você deveria se envergonhar.
Anahí.
Ela veio aqui para me repreender?
Se fosse o caso, eu merecia. De manhã, eu tinha saído da linha, mas ela tinha me deixado tão excitado e irritado. Eu tentei muito fazer o que disse para mim mesmo: olhá-la nos olhos e não sentir nada, mas não conseguia. Tudo nela mexia comigo – os longos cabelos castanhos, os olhos azuis, a pele clara, o maldito colar de pérolas, as mãos graciosas. Eu não podia ver suas pernas por baixo da mesa, mas elas me deixavam louco, de qualquer maneira. E havia outras coisas, não somente físicas – a melodia de sua voz, a emoção em seu sorriso, a confiança que tinha em si mesma e em suas ideias, o entusiasmo genuíno com a nossa fazenda. Depois de alguns olhares nervosos no início, ela sequer parecia perturbada pela minha presença. E eu tinha sido um idiota.
Então eu descontei nela, em todos eles. Tentei fazê-los se sentirem culpados por distorcerem o meu sonho quando eu sabia que eles estavam apenas tentando ajudar. Mas que droga! Não queria que as coisas mudassem por aqui. Não queria que a fazenda fosse algo novo e diferente. Não queria ser alguém novo e diferente.
E Anahí, que nunca recebeu um não na vida, não entendia como era se sentir perdendo o controle de coisas importantes.
Nenhum deles entendia! Não tinha ver apenas com casamentos na fazenda. Acontece que tudo na minha vida estava dando reviravoltas de repente. Tinha a ver com ser incapaz de segurar o que era importante.
Suspirei, fechei meus olhos enquanto ela se aproximava.
Apesar de tudo eu não deveria tê-la tratado daquela forma. Não era culpa dela que eu estivesse tão atraído por ela. Ela não tinha ideia que era parte do que estava me fazendo sentir tão instável. Eu lhe devia desculpas mas depois disso precisava ficar longe dela.
Abri a porta antes que ela batesse e ela ficou surpresa. Também fiquei surpreso – ela parecia tão diferente. O cabelo dela estava molhado e embora ela usasse um vestido de verão florido, não estava usando maquiagem nem joias. Meu coração bateu contra as costelas. Ela é tão linda.
Linda e furiosa.
Passou por mim calada, estreitando os olhos.
— Eu tenho algo para te dizer.
— Então diga. — Aproximei-me dela no alpendre, fechando a porta, assim a gata não tentaria sair. Eu achei que devia a Anahí deixá-la despejar tudo em cima de mim. O que ela poderia dizer que eu mesmo já não tivesse dito?
Primeiro, ela colocou as mãos no quadril e então botou um dedo no meu peito.
— Você não é legal.
Eu quase sorri.
— Não?
— Não sei o que você tem contra mim mas não estou aqui para te fazer infeliz, estou aqui para fazer um trabalho. E peço desculpas por ontem mas você não precisava ser tão imbecil comigo hoje.
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Segunda Chance -Adpt AyA [ Finalizada]
RomanceAnahí é uma mulher criada plenamente nos padrões da alta-sociedade, com toda a riqueza e moldes de pessoas que se acham acima dos demais. Mas ela não é esnobe, chatinha ou mimada como muitos a rotulam. Depois de uma confusão, ela se vê precisando sa...