Capítulo 33

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ALFONSO

As palavras de Anahí me cortaram profundamente. A verdade sempre dói.

Você é um covarde.

Você está poupando a si mesmo.

Você está jogando fora a chance de ser feliz.

Eu era um covarde. E um idiota. E um medroso. Eu sabia que telefonar pela segunda vez era a coisa errada a fazer, mas estava tão solitário e deprimido que não conseguia pensar direito. Eu me machuquei e queria me sentir melhor – ela era a única que podia fazer com que eu me sentisse melhor, então liguei para ela. Era a lógica de uma criança.

Eu não a culpei por ficar com raiva ou me xingar de alguns nomes. Uma parte da minha mente provavelmente esperava que ela fizesse isso, eu estava muito fodido da cabeça. E estava com raiva de mim mesmo. Que direito eu tinha de telefonar para ela, dizer aquelas coisas, machucá-la novamente? Só tinha pensado na minha dor. Mas a dela também era real. Eu podia ouvi-la em sua voz. Tinha dito a mim mesmo mil vezes nos últimos dias que minha agonia era o preço que precisava pagar por ter deixado que ela chegasse perto, mas e sobre o preço que ela estava pagando? Ficava arrasado pensando que ela estava tão arrasada quanto eu. Ela realmente pensou que terminei tudo porque não conseguia amá-la? Era exatamente o oposto!

Deitei-me na cama e cobri o rosto com as mãos. O que diabos ia fazer? Não podia viver assim, dividido entre o passado e o futuro, entre duas vidas, entre dois Alfonsos.

Era como estar em uma bifurcação na estrada, um caminho não chegava a lugar nenhum e simplesmente voltava numa espiral sem fim de solidão e mesmice. O outro que avançava, e mesmo sem ver o que havia no final dessa estrada, me oferecia a possibilidade de ser feliz novamente.

Mas o que seria necessário para eu sentir que merecia uma segunda chance?

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Poucas noites depois, Gina me convidou para jantar na casa deles. Eu aceitei, grato por escapar do silêncio solitário da cabana. Brad e Olivia também estavam lá e depois do jantar fomos para o jardim da frente, onde meus irmãos ficaram no pula-pula com seus filhos.

Gina e eu nos sentamos nos balancins da varanda, bebendo uísque com gelo e observando Peter tentar dar uma cambalhota.

— Ele vai quebrar o pescoço — eu disse, rindo um pouco.

— Ai, meu Deus, nem me fale isso. — Ela olhou para mim. — É bom ouvir você rir.

Esteve um pouco para baixo essa semana.

Bebi um pouco de uísque.

— Sim.

— Provavelmente não tenho direito de perguntar, mas vou perguntar mesmo assim. Gostaria de falar sobre isso?

No pula-pula, meus irmãos saltavam, riam e tiravam fotos de seus garotos sorrindo no ar.

Eu quero isso, eu quero tanto isso.

— Eu invejo vocês — eu disse.

Pelo canto do olho eu a vi gesticular lentamente.

— Entendi.

— Eu pensei que iria morar nesta casa, um dia, que teria uma família, tudo isso. — continuei

— Não é tarde demais, você sabe?

— Você acha que não?

— De maneira nenhuma.— ela respondeu com sinceridade.

Pensei por um momento, desejando ser corajoso.

Segunda Chance -Adpt AyA [ Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora