Capítulo 26

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ALFONSO

— Diga-me sobre estas. — As mãos de Anahí passaram sobre a tatuagem na lateral do meu corpo, e senti um arrepio na espinha. Provavelmente porque estávamos há uma hora na banheira, as bolhas haviam desvanecido e a água já não estava nem mesmo quente. Mas eu relutava em sair. Não está chovendo hoje. Não tenho motivo para ficar.

— Elas são andorinhas — eu disse.

— Posso vê-las?

Eu me virei e sentei para ficar de costas para ela.

— Você tem duas delas. — Ela as traçou com os dedos.

— Dois turnos de serviço.

— Ah! Elas te trouxeram boa sorte?

Fechei os olhos. Ouvi tiros disparados. Corpos decapitados no assento dianteiro. Cheiro de sangue.

Engolindo em seco, contraí o corpo e forcei a lembrança feia para fora da minha cabeça. Aqui e agora. Aqui e agora. Aqui e agora.

— Só as fiz quando voltei.

— Então elas são mais um símbolo de uma viagem concluída do que um amuleto de boa sorte?

— Algo parecido.

— Você se sente bem com isso? Por ter entrado para o exército?

— Eu me fiz muito essa pergunta. E acho que a resposta é sim. Quero dizer, se tivesse que fazer novamente, sei que faria de novo.

— Sabe, você é a primeira pessoa da minha idade que eu conheci que já esteve nas forças armadas.

Eu olhei para ela.

— Sério?

— Sim. Acho que alguém na minha turma de graduação foi para a Academia Naval, mas eu nunca conheci pessoalmente um soldado, a menos que você conte veteranos da Segunda Guerra Mundial ou algo assim.

— Uau. — Sua vida tinha sido tão diferente da minha. Muito diferente.

Ela beijou meu ombro.

— Nunca conheci ninguém tão corajoso como você.

Eu bufei, mas gostei do elogio.

— Obrigado.

— Ou alguém que trabalha tão duro ou sabe tanto sobre coisas que eu não sei.

— Ou alguém cujas mãos ficam tão sujas quanto as minhas, todos os dias. Aposto que a maioria das pessoas que você conhece usa ternos para trabalhar. Seus sapatos brilham. Cortam o cabelo com regularidade. — Barcos próprios, tacos de golfe e ações. Difícil não me comparar com esses caras.

— Ei. — Ela me cutucou nas costas. — Eu gosto que você suje as mãos todos os dias.

Não acreditei muito nela.

— Mesmo?

— Sim. Faz você diferente dos outros caras que conheço. Mesma coisa com suas tatuagens. — Suspirando, ela passou os braços pelo meu pescoço suavemente e recostou-se contra a banheira, levando-me com ela. — Eu não tenho tatuagens.

Minhas costas descansaram contra seu peito, minha cabeça em seu pescoço. A tensão havia sido drenada de meus músculos. Queria nunca ter que deixar esta banheira.

— Não achei que você teria.

— Por que não?

— Você só não me pareceu ser o tipo de garota que teria tatuagens.

Segunda Chance -Adpt AyA [ Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora