Capítulo 24

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ANAHÍ

Quando a feira acabou e nós carregamos a caminhonete, Alfonso quis me levar para jantar para me agradecer pelo trabalho de hoje, eu disse a ele que não era necessário, que realmente gostei de ter ido mas ele insistiu. Eu acho que ele ainda se sentia mal por causa da pequena explosão também, embora não tivéssemos tocado no assunto novamente.

Eu ainda me sentia mal por isso. Só estava tentando tranquilizá-lo de que ele era bom o suficiente para Soph e merecia ser feliz, mas não deveria tê-lo pressionado assim. Ele me pediu para parar de tocar no assunto. Foi tão triste, mas... por que ele achava que não merecia ser feliz? Nunca ouvi alguém falar sobre si mesmo desse jeito. Meu coração ficou apertado.

Depois que ele me deixou sozinha na barraca, senti vontade de chorar. Praticamente o forcei a ir à feira, algo que ele costumava fazer com sua esposa, e ele encontrou a irmã dela, o que, tenho certeza, despertou dolorosas lembranças e, logo em seguida, eu piorei a situação insistindo em algo que não podia.

E quão idiota fui, dizendo banalidades como dinheiro não compra felicidade!?

Como poderia comparar minha situação, a qual provavelmente era apenas tédio, à sua trágica perda? Eu fui a menina mimada que sempre apontam que sou, reclamando de algo que faltava em minha vida. Eu nunca quis tanto, mas sempre tive tudo. Deus, que raiva de mim! Fiquei imaginando como meu comentário tinha sido recebido por alguém como Alfonso, que sabia o que era lutar, lutar e sofrer.

O que eu sabia sobre qualquer uma dessas coisas?

E seu pedido de desculpas foi muito doce. Eu já tinha recebido rosas de Théo antes, mas ele sempre mandava entregar. E apesar de eu gostar da formalidade do gesto, como qualquer mulher, havia algo tão cativante e pessoal no jeito com que Alfonso me entregou o buquê daquele jeito. O modo com que ele quis assumir a culpa. O modo com que ele se abaixou ao meu lado e ofereceu as flores. O motivo da escolha ter sido feita por elas combinarem com meus olhos. Significou muito para mim.

Ele significava muito para mim. Só não tinha certeza do que era.

Ele não foi dizer "olá" para a mãe de Soph e fiquei contente por não precisar ir junto. Eu apreciava as boas maneiras, mas depois de ver como Suzanne se comportou comigo, não achei que lhe devia algum favor. Ela tornou as coisas tão desconfortáveis para ele quando poderia ter sido agradável. Afinal, eu não era uma ameaça à memória da irmã. Só queria fazê-lo sorrir e me sentir bem, mesmo que fosse só por um tempinho.

— Conheço um lugar de que você vai gostar na cidade — ele disse quando saímos do estacionamento.

— E como você sabe que eu vou gostar?

— Porque tem coisas no menu, como charcutaria, coberturas de queijo e coquetéis finos. — Ele ergueu o dedo mindinho. — Muito chique.

Dei um tapinha nele.

— Ah, não, pare. Gosto de qualquer coisa. E certamente não frequento lugares chiques desse jeito — Eu puxei a camisa para longe de meu corpo. — Estou pegajosa, suada e nojenta.

— Mesmo no seu pior dia, você não consegue ser nojenta.

Eu sorri.

— Obrigada. Mas você tem certeza de que estamos vestidos adequadamente?

— Tenho certeza. Não há muitos lugares com código de vestimenta por aqui.

Optamos por comer no pátio do restaurante e estávamos sentados a uma mesa sob uma série de luzes de festa e um guarda-sol listrado de branco e preto. Era uma mesa para quatro e fiquei feliz quando Alfonso sentou ao meu lado e não na minha frente. Nós pedimos bebidas – um martini para mim e um uísque com gelo para ele – e enquanto esperávamos, consultamos o menu e escolhemos alguns itens de charcutaria, queijo e outras pequenas porções para comer.

Segunda Chance -Adpt AyA [ Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora