Capítulo 17

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ALFONSO

Fiquei na cama naquela noite esperando a culpa chegar. Que minha consciência me pegasse. Colocaria meus fantasmas para me assombrar, por arrependimento, por lágrimas, com um gosto amargo na boca. Todas as coisas familiares que normalmente acompanhavam uma noite sem dormir.

Mas não aconteceu.

Até Bridget Jones estava ao meu lado, contente e ronronando. Ela não sabia a pessoa horrível que eu era? Qual é?, pensei com raiva. Alguém precisa gritar comigo por isso. Fazer com que eu me sinta mal. Exigir saber como eu pude fazer tal coisa. Faça-me responder por isso, Deus. Eu não deveria sair ileso.

Mas Deus estava em silêncio naquela noite. Na verdade, a voz na minha cabeça era de Anahí.

"Nem sei porque quero tanto, mas eu quero."

Era um mistério para mim também essa química explosiva entre uma linda e sofisticada mulher da cidade e um cara áspero, no estilo fazendeiro. De onde surgiu isso? E por que ela tinha tanto controle sobre mim? Isso me deixava louco de um jeito que eu não conseguia parar de pensar. Só podia rezar para que esse desejo fosse tirado da minha pele.

De qualquer forma, eu provavelmente havia escapado dela. Ela tinha sido muito rápida ao decidir que deveríamos apenas fingir que nada aconteceu. Não que eu discordasse, não precisava que ninguém na minha família soubesse disso e eu certamente, não queria manter nenhum tipo de relacionamento com ela. Não era livre para fazer isso.

Meu coração sempre, sempre pertenceria a outra pessoa. Eu tinha feito uma promessa a Soph e pretendia cumpri-la. Não só isso, queria ser o tipo de homem do qual ela ficaria orgulhosa. Queria honrar sua memória. Queria honrá-la.

Pensar em como fazer isso me manteve acordado até bem tarde.

xxx

De manhã, depois de cuidar dos animais, fui até Peter e Gina para tomar café. Eu poderia tomar na cabana mas eu devia a ambos um pedido de desculpas e queria tirar algumas coisas do meu peito.

Bati duas vezes na porta dos fundos antes de entrar.

— Bom dia. — Gina olhou por cima do ombro para mim, ela estava sentada na mesa da cozinha ajudando Cooper com seu café da manhã. Seu olhar não era particularmente acolhedor. Eu já esperava isso. — Peter está por aí?

— Ele está na frente da casa.

— Tudo bem se eu tomar um café?

— Fique à vontade.

Despejei um pouco em um copo, acariciei os cabelos de Cooper e saí pela porta da frente, e vi Peter trocando o óleo de um quadriciclo.

— Ei — eu disse.

— Ei. — Ele respondeu mal olhando pra mim

— Quase pronto?

— Na verdade, não.

— Você poderia fazer uma pausa?

— Para quê? — ele continuou sem me encarar

— Tenho algo a dizer e quero dizer a você e à Gina ao mesmo tempo.

Meu irmão riu, porém tenho certeza de que foi irônico.

— Acho que você disse o suficiente ontem.

Respirei fundo lentamente, lutando contra a vontade de revidar.

— Eu errei ontem e gostaria de me desculpar.

— Você deve pedir desculpas é à Anahí.

— Eu pedi.

Ele olhou para mim surpreso, protegendo os olhos do sol.

Segunda Chance -Adpt AyA [ Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora