Capítulo 31

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ALFONSO

A manhã depois que terminei com Anahí amanheceu ensolarada e quente. Isso me irritou, já que eu queria que o tempo combinasse com meu humor deprimente. Fiz minhas tarefas matutinas lentamente, com meus ossos cansados e músculos fracos. Nenhum orgulho em meu trabalho. Nenhum sentimento de contentamento ou realização. Nenhuma esperança de que pudesse encontrar algo para desfrutar naquele dia.

Apenas vazio.

Passei a noite inteira me odiando pelo que fiz. Mas não tinha escolha – sabia o tempo todo que não podia tê-la. Não importava que ela estivesse disposta a me dar uma chance... não poderia aguentar. E ela merecia alguém completo, alguém perfeito, alguém como ela. Ela não deveria desperdiçar essa chance em mim. Eu estava muito destruído, muito imperfeito.

Mas Deus, eu poderia tê-la amado. Facilmente. Profundamente.

Se eu fosse outra pessoa, se minha vida tivesse sido diferente, se a tivesse conhecido antes. Como essa vida alternativa seria? Seríamos casados? Teríamos filhos? Por um momento deixei-me imaginá-los: um menino com cachos como os de Cooper e uma menina com cabelo loiro e olhos azuis.

Engoli em seco imaginando envolvê-los à noite, lendo uma história, cedendo aos seus pedidos para mais uma canção, mais um beijo, mais um abraço. Então compartilharia o resto da noite com Anahí, dividindo meus pensamentos, compartilhando meu corpo, compartilhando minha alma.

Eu poderia ter tomado conta dela em todos os sentidos que ela precisava. Nós éramos diferentes, mas talvez nossas diferenças teriam se complementado. Poderíamos ter nos encaixado como duas peças de um quebra-cabeças. Ela tinha inteligência acadêmica e sabedoria para fazer negócios; eu tinha força física e bom senso. Ela tinha um dom com pessoas; eu tinha um dom com a natureza. Eu sabia cultivar; ela sabia vender. Ela era macia onde eu era áspero; articulada onde eu era calado; social onde eu era distante.

Eu poderia tê-la amado.

Abrigando-a. Acariciando-a. Eu poderia ter feito coisas para ela, as que ela não sabia fazer, ensinar outras, mostrar coisas que ela nunca tinha visto. E ela poderia ter sido minha ligação com o mundo novamente, oferecendo-me refúgio quando eu precisasse. Ela poderia me ensinar coisas também – ela sabia sobre arte, literatura e história. Coisas nas quais nunca prestei atenção mas não queria morrer sem aprender.

Eu poderia tê-la amado.

Eu poderia ter deixado ela me amar.

Eu poderia ter sido pai.

Eu poderia ter sido feliz.

Em vez disso, eu estava sozinho.

Mas, pelo menos, tinha sido minha escolha. Assim a dor continuava bem vinda.

Não queria ir até Peter e Gina naquela manhã já que eles provavelmente perguntariam sobre Anahí, mas como não queria ficar sem café pois precisava da cafeína, isso foi o suficiente para arriscar. Desde o momento em que entrei, deixei claro que não estava com vontade de conversar.

— Bom dia, Alfonso — Gina disse quando entrei na cozinha. Ela estava alimentando Cooper na mesa. Com apenas um murmúrio em saudação, cruzei o cômodo até a jarra de café e derramei o líquido em uma xícara. Até mesmo a maldita cozinha me fez lembrar de Anahí. Eu ainda podia vê-la sentada ao balcão ontem à noite com seu vinho, comendo na mesa, rindo sobre as cartas. Talvez esta pudesse ter sido a nossa casa. — O que vai fazer hoje?

— Nada. — Ela estaria alimentando nosso bebê na mesa da cozinha.

— Você e Anahí já foram andar a cavalo?

Segunda Chance -Adpt AyA [ Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora