Capítulo 32

168 11 0
                                    

ANAHÍ

Se eu tinha feito algum progresso no que dizia respeito a Alfonso nos últimos dias, o telefonema dele trouxe tudo de volta.

O que ele estava tentando fazer comigo? Consigo mesmo?

O tom de sua voz: terno e triste, dizendo que estava arrasado. As coisas que ele tinha dito me rasgaram em pedaços, "Sinto sua falta, quero te ver, quero me sentir vivo novamente". Era uma agonia saber que ambos queríamos ficar juntos e apenas sua teimosia atrapalhava tudo.

Nunca na minha vida eu quis abraçar alguém e atirar um bolinho nesse alguém ao mesmo tempo.

Será que ele só precisava de mais tempo?

Mas quanto? Quanto tempo eu estaria disposta a esperar? Em algum momento, seria patético e idiota me manter à espera de alguém que nunca iria me querer da mesma maneira.

Eu precisava superar isso. Recompor-me, sacudir a poeira e tentar novamente com alguém que não estivesse tão decidido a ficar sozinho para sempre. Alguém que quisesse tudo o que eu tinha a oferecer. Alguém que reconhecesse que o tipo de química que tínhamos não acontecia com tanta frequência na vida.

Eu comecei a ficar com raiva.

Maldito seja por não ver o que poderíamos ser. Sentada na cama, procurei um lenço da caixa na minha mesa de cabeceira. Maldito seja por ser um covarde quando preciso que ele seja corajoso. Maldito seja por ser teimoso quando tudo o que ele quer é ceder. Eu assoei meu nariz, joguei o lenço no chão e peguei outro.

Espero que você esteja ainda mais arrasado do que eu, Alfonso Herrera. Porque isso é culpa sua. Eu nunca te apressei. Eu nunca pressionei. A única coisa que fiz foi cuidar de você e foda-se por estar com muito medo de cuidar de mim. Eu mereço algo melhor.

No momento em que adormeci naquela noite, meu nariz estava vermelho e irritado, meus olhos estavam inchados e minha cabeça doía mas decidi não perder mais tempo chorando por Alfonso. Sim, foi triste ele achar que não merecia ser amado por causa de seu passado, mas no também era uma escolha dele.

Muitas pessoas não conseguem sequer a oportunidade dessa escolha, Alfonso. Elas nunca terão o que temos.

Maldito seja por desistir tão facilmente.

xxx

Minha raiva ferveu durante todo o domingo. Senti que era preciso me manter agitada para não pensar em Alfonso, então passei o dia fazendo várias coisas: lavei minhas roupas, limpei a geladeira, reorganizei a cozinha e os armários do banheiro e abasteci os armários. Mantive-me ocupada, mas isso não tirou Alfonso da minha cabeça. As roupas que usei na fazenda me faziam lembrar dele. Alimentos e bebidas me faziam lembrar dele. Minha banheira e xampu me fizeram recordar também. A maldita seção de produtos da Kroger me lembrou dele.

Depois, na parte da tarde, fui à livraria e comprei alguns livros de receitas para principiantes e para o jantar daquela noite, fiz frango com molho de limão. Ficou muito bom e me deu uma dose de confiança, mesmo que eu me sentisse um tanto solitária por comemorar sozinha meu primeiro triunfo culinário.

No final da noite, estava na cama lendo um romance novo que eu tinha comprado na livraria – que tinha escolhido pela história e não porque o cara na capa se parecia com Alfonso, eu juro – quando meu telefone tocou.

Alfonso Herrera ligando.

Eu me recusei a atender.

Ele se recusou a parar de ligar.

— Porra — eu reclamei. Mas meu coração pulsava. Eu queria muito ouvir sua voz.

E se ele tivesse mudado de ideia? E se ele estivesse ligando para se desculpar? E se tivesse percebido que merecia uma chance? Peguei o telefone.

Uau. Fique calma. Invocando a velha Anahí, respirei fundo e atendi a ligação.

— Alô.

Ei. — Sua voz falhou, assim como uma parte de minha serenidade. — Como você está?

Seja forte. Sem lágrimas hoje.

— Tudo bem — respondi friamente.

Isso é bom.

Silêncio.

Minha paciência se esgotava.

— O que você quer, Alfonso?

Só ouvir você.

Fechei os olhos e engoli em seco. Portanto, essa não era uma chamada de desculpas e arrependimento. Maldito!

— Por quê? Para torturar a si mesmo?

Eu acho que sim.

— Isso não é um jogo, Alfonso. — Minha voz vacilou. — Se você quer chafurdar em sua própria dor, vá em frente mas eu não vou contribuir para isso. Isso me machuca demais também.

Sinto muito, Anahí. Eu nunca quis te machucar. Eu queria tanto ser outra pessoa agora.

Eu mordi meu lábio tão forte que pensei que sentiria o gosto de sangue.

— Eu não quero outra pessoa Alfonso! Como você não pode ver isso?

Você diz isso agora, mas você não sabe como é estar comigo. — Sua voz estava mais forte. Brava, até.

— Porque você não quer me mostrar! Você é um covarde! Eu nem sei do que é que você tem tanto medo! Sei que você está jogando fora a chance de ser feliz e está tirando isso de mim também.

Estou poupando você! — Ele disse.

— Você está se poupando! Vai ter trabalho para seguir em frente, Alfonso. Eu sei disso. E sei que não será fácil. — Suspirei e falei com mais calma. — Mas eu estaria do seu lado. Você não quer tentar?

Silêncio.

Você nunca seria feliz comigo.

Respirei fundo e expus meus sentimentos mais uma vez, rezando para ele não esmagar meu coração.

— Me dê a chance de provar que você está errado, Alfonso. Não voltarei a pedir.

Não posso — ele sussurrou. — Eu quero, mas não posso.

Perdi a batalha para não chorar e lágrimas quentes rolaram por minhas bochechas.

— Então diga adeus, porque não haverá nada entre nós.

Anahí, por favor...

— Desligue! — Eu gritei. — Que fique muito claro que é você quem está indo embora, Alfonso. É você quem pensa que não poderia me amar.

Eu sei que poderia te amar — disse ele sem hesitação, sua voz cheia de angústia. — Eu simplesmente não mereço.

Eu me estabilizei. Desejei manter a calma.

— Então diga adeus e desligue.

Segurei a respiração, agarrando-me a um minúsculo fio de esperança de que ele diria algo, qualquer coisa além de adeus.

Mas ele não fez isso.

______
⭐✍️

Segunda Chance -Adpt AyA [ Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora