Capítulo 4

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— Boa tarde — O motorista do Uber disse assim que eu entrei no carro — Está indo para o Colégio Fernando Campos, correto? — Me olha pelo retrovisor.

Me certifico de que coloquei o cinto de segurança. Em meu colo há um envelope branco, com o histórico de notas e mais alguns outros documentos, caso seja preciso. Mesmo que a minha mãe tenha me falado que seria somente o histórico de notas, resolvi levar documentos a mais, assim não correria riscos.

— Sim — Respondo — Esse mesmo!
— É um bom lugar para se estudar — Diz seguindo caminho — Uma filha de um colega estuda lá.

— Eu ainda não conheço — Olho pela janela, e vejo mais algumas casas da vizinhança, algumas são bem bonitas, parecem modernas e outras têm uma aparência bem antiga.

— É novo na cidade?

— Sim, chegamos ontem aqui.

— Ah, eu entendo. Mudar de cidade às vezes nem é tão bom assim, mas aos poucos vamos conseguindo mudar tudo isso para a melhor — Seu olhar continua atento ao volante — Quando eu tinha mais ou menos a sua idade..., bom, você deve ter uns dezoito ou dezenove anos, no máximo vinte, não é?

— Isso mesmo.

— Então, quando eu tinha mais ou menos a sua idade, eu precisava sair da casa dos meus pais, para trabalhar fora, em outra cidade, porque onde vivíamos não estava tendo empregos. Foi uma época muito ruim, estava difícil encontrar qualquer emprego. Mas, acho que hoje em dia está um pouco mais fácil.

— Eu tenho muito medo de não conseguir encontrar um emprego no futuro — Eu de fato tenho muito medo de isso acontecer e eu entrar em desespero.

— Eu acho que está menos difícil do que antigamente.

Eu ia responder, mas ouvi quando o aplicativo notificou que já havíamos chegado ao destino.

— Obrigado pela viagem e desejo boa sorte na sua jornada — Ele diz após eu abrir a porta do carro.

— Agradeço e desejo um bom dia de trabalho — Bato a porta do carro e me viro em direção à escola.

Fico alguns instantes parado na calçada olhando toda a fachada. Depois da calçada, há um chão de pedrinhas e algumas árvores sobre alguns bancos dos dois lados e no centro existe uma rampa e uma escada, levando até um grande portão de ferro. Toda a fachada da escola é pintada de azul marinho, com detalhes em branco. Um pouco acima do portão de ferro há uma placa: COLÉGIO FERNANDO CAMPOS.

Vou lentamente subindo as escadas, até chegar ao portão do colégio e percebo que não há ninguém ali, mas continua fechado. Talvez eu tenha chegado e as aulas já tenham terminado. Tiro o meu celular do bolso e checo, vendo que ainda são 15:45. Logo que eu pus o celular de volta no bolso, ouço uma voz rouca.

— Posso ajudar?

Olho para cima e vejo um homem alto, usando um uniforme preto de guarda.

— Ah, sim — Respondo — Minha mãe veio aqui na escola hoje de manhã fazer a minha matrícula e ela me falou que o diretor pediu que eu viesse deixar meu histórico de notas.

— Qual seu nome? — Me olha bem atentamente, como se estivesse analisando até a minha alma.

— Gabriel — Respondo — Gabriel Vieira.

— Só um instante — Ele diz e me dá as costas e vejo ele virando à direita em um ponto à frente, um pouco depois da entrada.

Enquanto ele estava andando, percebi que existem alguns quadros naquele espaço. Parecem quadros e placas. Há um quadro maior, que de longe consigo ver que é uma foto do colégio, tirada de cima.

O Idiota do Meu Vizinho - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora