Capítulo 92 - Parte II

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HENRIQUE:

Quando voltamos para a mesa, tudo pareceu estar indo bem. O meu pai já havia feito o nosso pedido por nós, afinal de contas, nem estávamos aqui quando o garçom veio, mas tudo bem, não é como se fosse o fim do mundo.

Me preocupou muito saber que o Gabriel não estava se sentindo bem. Quando saímos de casa — na verdade, quando eles entraram no carro — o Gabriel parecia estar bem e também quando chegamos aqui, ele demonstrou estar bem, mas depois de algum tempo, eu notei o seu desconforto.

A princípio eu não soube muito bem o que pensar, até ele dizer que precisava ir ao banheiro. Por um instante pensei que ele estaria super nervoso, ao ponto de quase passar mal? Mas por sorte não foi isso. Contudo, ainda não sei o porquê de ele ter ficado daquela maneira.

Pensei que por um momento, tudo havia ficado bem, mas acho que me enganei, ao perceber que o Gabriel não está tão relaxado, mas parece bem nervoso por algum motivo.

Eu não sabia o motivo da inquietação do Gabriel — eu até esbarrei a minha perna na sua, para que ele me olhasse e me dissesse o que estava acontecendo —, até perceber que o seu pai estava sentado a algumas mesas de distância da nossa. Eu não sei mais o que fazer ou o que pensar sobre esse cidadão. Ele simplesmente parece estar em quase todos os lugares que estamos.

Acho que agora tudo faz sentido. O Gabriel deveria estar sentindo algum tipo de desconforto, como uma espécie de aviso sobre o que estaria por vir. Ele deveria ter aceitado ir para casa no momento em que eu o chamei para irmos. Não teria problemas em deixarmos o meu pai e a mãe dele aqui.

Olhei rapidamente para o meu pai e para sua e eles parecem entretidos conversando e não devem ter percebido que o Gabriel está vendo o seu pai. Bati leve e discretamente o meu braço no seu, para que dessa vez, ao menos agora, ele me olhasse — já que na primeira tentativa, batendo em sua perna, ele nem sequer me deu atenção.

Nos entreolhamos e logo ele voltou a olhar para a mesa onde o desgraçado do seu pai está sentado.

Sei que não posso me meter e nem interferir na vida do Gabriel sobre certos assuntos, mas isso está me deixando de saco cheio. Há muitos restaurantes nessa merda de cidade que ele poderia ter ido, até mesmo para o cemitério, mas ele resolveu vir justamente aqui. Ele deveria ao menos ter ido a outro lugar ou até mesmo ter ficado em casa.

Esse lugar é pequeno demais para todos nós, portanto, ele deveria ir para outro lugar. Bom, estamos aqui e ele está lá, apenas espero que ele não invente de vir até aqui.

O meu pai e a mãe do Gabriel continuaram entretidos e por sorte, ainda não devem ter percebido absolutamente nada. Por sorte, a nossa comida está prestes a chegar, então assim será melhor, pois eles ficarão bem entretidos — mesmo que estejam conversando desde o momento em que saímos de casa.

Encostei novamente a minha perna na sua e ele rapidamente me olhou. Realmente parece estar bem nervoso. Gostaria de dizer a ele para ficar calmo, mas tenho receio de que isso acaba despertando a atenção dos nossos pais, justamente para a outra mesa. O pior de tudo é que de uma forma ou de outra, eles ficarão sabendo disso.

— O que você tem, Gabriel? — Sua mãe perguntou — Você pode não perceber, mas eu sei quando você está bem e quando não está bem. Há poucos instantes você disse que estava bem, mas é claro que não está. O que está acontecendo?

Acho que agora tudo vai piorar. Com certeza ela vai ficar sabendo. Talvez não haja nada de mal em ela saber o que está acontecendo. É possível que estejamos apenas criando hipóteses sem o menor fundamento.

Apenas sei que o Gabriel deveria ter aceitado ir para casa quando eu o chamei, assim poderíamos ficar bem mais à vontade, além de podermos pedir algo para comer enquanto assistirmos a algum filme ou série. Ao contrário disso, esse teimoso preferiu ficar aqui e agora temos que ficar olhando para a cara de bunda do seu pai.

O Idiota do Meu Vizinho - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora