Capítulo 98

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GABRIEL:

Sinto uma coisa diferente em mim desde o dia em que o Henrique me pediu em namoro. Desde aquele já se passou mais de uma semana e só nos vimos a sós desde aquele dia, uma quatro vezes, infelizmente. Gostaria de poder ter mais momentos com ele, mas parece que o destino está sempre a nos impedir de fazer isso.

O que será que eu devo ter feito para o destino, para ele que ele esteja sendo tão cruel comigo? Custa ele me dar mais oportunidades de estar a sós com o Henrique? Nós somos namorados e temos o direito de termos mais momentos assim.

Acho que o único em que pudemos ter esse momento foi na noite em que ele me pediu em namoro e eu dormi em sua casa. Depois disso, não houve um bom momento desses sequer.

Pensar sobre isso me faz lembrar do domingo em que cheguei em casa e a minha mãe estava na sala, sentada e assistindo as suas famigeradas novelas coreanas e no momento em que ela me ouviu entrando em casa, desligou a televisão e me encarou, como se estivesse esperado uma boa resposta para aquilo.

Eu lhe havia dito que precisaria dormir na casa do Henrique, mas mesmo assim eu tive que lhe dizer uma vez mais e inventar algumas coisas para que ela pudesse acreditar em mim e por sorte aquilo funcionou, mas não sei até quando surtirá efeito.

De qualquer maneira, isso já foi feito e se preciso for, mentirei um pouco mais para dormir em sua casa. Ainda estamos tendo aulas e isso facilitará para inventar alguma mentira para ela.

Mesmo pensando sobre todas essas coisas, meus pensamentos sempre se voltarão para cá, o bendito colégio. É mais um dos tediosos dias que precisei vir para a aula — por sorte todo esse inferno está terminando e espero me ver livre daqui quanto antes.

Durante as aulas, sempre nos entreolhamos, bem mais do que o de costume, mas ele me disse que precisamos ser um pouco cautelosos no momento, ao menos até que chegue de fato o momento de contarmos a todos.

Tenho um pouco de medo de que as pessoas nos descubram e sejam cruéis conosco, mas acho que isso será algo que precisaremos enfrentar. Embora existam pessoas boas no mundo, as más parecem ser sobressair e eu não sei como será quando todos souberem do nosso relacionamento.

Eu já passei por alguns momentos de preconceito e isso é uma das coisas mais horríveis de se sentir e viver. Por outro lado, ele nunca vivenciou isso de fato e eu tenho muito medo de que no primeiro momento em que formos expostos a esse horrível mundo, ele desista e não se dê ao trabalho de tentar.

Ainda não comuniquei aos meus amigos que estamos namorando, mas eu me sinto extremamente feliz — se bem que, é bem provável que eles já saibam disso. Algo me diz que eles realmente já sabem disso — e é algo inexplicável de se dizer.

Eu jamais poderia imaginar que terminaríamos assim, sendo namorados. Isso é muito louco, mas acho que são as coisas aleatórias da vida, que sempre estão nos pregando algum tipo de peça. Sei que ele é um pouco idiotinha — talvez muito —, mas aos poucos ele foi melhorando e acredito que ainda há um longo caminho pela frente, mas se seguirmos esse caminho juntos, será menos difícil do que parece ser.

— O que será que aconteceu com o Gabriel? — Ouvi a Bianca questionar — Esses últimos dias ele parece a Alice, vivendo num mundo imaginário... ou será que... — Ouvi ela resmungar algo, mas não consegui entender — Ai... ai... — Riu abafado, mas não entendi isso.

— O que você disse? — Olhei-a, questionando — Eu não consegui entender.

— Você entendeu muito bem!

Mas como eu poderia ter entendido isso? Ela parece ter falado em uma língua que eu mal pude entender. O que ela queria que eu fizesse?

— Eu não entendi!

O Idiota do Meu Vizinho - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora