Capítulo 16

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VISÃO DE HENRIQUE: Do capítulo 16 ao capítulo 18.

Eu queria muito descansar, talvez dormir um pouco. Não estou com vontade de colocar os fones de ouvido e ouvir música muito alta e também não muito baixa. Hoje o meu pai me tirou do sério, aquele velho chato sempre querendo mandar na minha vida e dizendo o que eu devo ou não fazer.

Eu não fui para o colégio hoje e também nem queria ir mais para aquela porcaria de lugar — por que ele simplesmente não me deixa decidir a minha própria vida?

O meu pai desde sempre quis me controlar. Quando a minha mãe ainda era viva ele já tentava me controlar, dizendo o que eu deveria ou não fazer e sempre e mandando seguir os seus passos, mas eu quero ter a minha própria vida.

Quando minha mãe morreu há quatro anos, ele ficou pior, bem pior. A única maneira que eu encontrei de ir contra ele e me impor as suas ordens foi me rebelando. Eu não pensei que poderia ser assim, mas aos poucos isso foi se intensificando e saiu do controle.

O que deveria ter sido apenas um momento rebelde para tentar fazer o meu pai me entender, saiu totalmente do controle. Mas, não posso mais fazer nada para mudar, agora é assim que eu sou.

Todos os dias têm sido um verdadeiro inferno — na verdade, não todos os dias, mas apenas os dias que ele está em casa. Enquanto ele passa alguns dias fora de casa trabalhando ou viajando a negócios, eu fico quase sozinho em casa — em dias intercalados vem uma mulher fazer limpeza e comida, então eu não me preocupo tanto. Mas, sempre que ele está em casa, me irrita.

O meu pai é insuportável. Sempre que ele está em casa nem por um instante ele para de me irritar, me chamando de vagabundo e que eu tenho que decidir o que eu quero da vida. Ele vive me culpando por ter reprovado um ano no colégio. Mas, tudo foi pior quando eu fui expulso de dois colégios por bater em dois meninos que estavam me irritando. Agora estou naquela porcaria de colégio, onde ele paga um valor bem acima do normal, para que o diretor me deixe estudar lá, mesmo que eu não me comporte.

Eu não quero vê-lo. Com certeza ele está no andar de baixo trabalhando em seu escritório. Quando ele está em casa eu evito ao máximo ter contato com ele, mas quase sempre vem à porta do meu quarto, saber o que estou fazendo ou o motivo de não ter ido à escola.

Estou deitado na minha cama, olhando para o teto e não fazendo absolutamente nada. Talvez eu tente sair um pouco com os meus amigos, mas é provável que eles nem queiram. Eu queria descansar bem mais, dormir, sonhar com alguma coisa, fugir daqui, mas a movimentação na casa da frente me fez levantar da cama e ir até a janela ver o que estava acontecendo.

Dias atrás eu soube que os vizinhos da frente haviam vendido a casa para outras pessoas — finalmente aqueles fofoqueiros malditos saíram daqui, não suportava aqueles idiotas. Aquele casal de filhos da puta ousou dizer ao meu pai que eu e os meus amigos estávamos fazendo baderna dentro da MINHA casa, apenas por estarmos ouvindo música alta — e quando aquele velho soube disso, passou o dia inteiro me chamando de imprestável e vagabundo e disse que me mandaria para a casa da minha tia em outro país, para que eu tomasse jeito e virasse um homem, como ele diz.

Já era de tarde quando comecei a ouvir a movimentação, o barulho de um caminhão e um carro, estacionados em frente e depois começou um falatório, mas não dei importância. Não faria diferença alguma para eu saber quem estava se mudando — mas talvez eu pudesse gostar de saber quem estaria me mudando, talvez fosse alguma garota bonita e interessante.

Em frente a janela do meu quarto, eu abri a cortina, por sorte a janela é de vidro e eu posso ver tudo lá fora, se precisar abrir. Vejo o caminhão parado em frente à casa da frente e o carro ao lado, há algumas caixas no chão e os carregadores indo e voltando. Vi uma mulher em pé, falando com um garoto que está de costas. Ele não parece tão alto, mas algo me instigou a continuar olhando, até que ele se virasse e eu pudesse ver o seu rosto.

Resolvi tirar a camisa e a joguei na cama, que está um pouco ao lado e continuei em pé. Cruzei os braços e fiquei esperando que aquele garoto pudesse se virar. Eu havia me cansado um pouco de ficar nessa mesma posição, então apenas me apoiei na janela, para ficar olhando.

Eu não sei o porquê disso. Apenas não entendo o motivo de eu estar com essa vontade de vê-lo. Ao mesmo tempo que estou curioso por isso, uma parte de mim se recusa e não quer — eu nunca consegui ao certo saber o porquê de sentir isso. Já senti esse tipo de coisa algumas vezes, mas sempre deixei de lado e nunca dei importância alguma.

Continuo prestando atenção e vejo quando a mulher fala algo para ele e logo o vejo se abaixando e pegando uma caixa e entrando em casa. Quando ele se abaixou pude ver apenas uma parte do seu rosto de perfil, não consegui vê-lo completamente.

Ele me parece ser bonito, um tanto interessante eu poderia dizer. Mas eu não sei porque drogas eu estou pensando isso de outro homem — já houveram alguns momentos em que senti algo assim, mas isso não pode ser normal..., ou pode? Eu detesto quando tenho esses pensamentos, só de imaginar estar com outro homem é algo estranho e nojento. Eu não sei por que fiquei esperando que ele virasse para eu poder vê-lo. Mas afinal de contas, qual a lógica disso?

Será que há algo de errado comigo? Eu não posso pensar isso...

Às vezes eu não consigo me entender..., eu tento ao máximo nunca ter esses pensamentos e achar um homem bonito ao ponto de talvez querer algo com ele? Não, eu não posso, isso é errado.

Eu não tenho com quem falar sobre isso, nem mesmo os meus amigos. Talvez, meus amigos seriam as últimas pessoas com quem eu falaria.

Eu não posso me deixar ser contaminado por esses pensamentos ruins.

Por que vou achar esse garoto bonito? Ele nem é tão bonito assim..., ele mais parece ser um bobo e lesado. Vai ser maravilhoso brincar com ele, isso vai me distrair e eu vou ter um divertimento e com quem zoar por um tempo até que eu me sinta enjoado — ao menos vou me divertir e deixar todos esses pensamentos de lado.

Estava me preparando para fechar a cortina da janela quando vi ele voltando e pude ver o seu rosto e ele é realmente bonito. Seu cabelo baixinho, usando uma roupa confortável e seu semblante parece ser tão..., tão fofo?

Não, não mesmo. Eu não posso ter esse tipo de pensamento!

Mas que droga estou pensando? Não posso de jeito nenhum pensar nessas coisas. Se o meu pai um dia soubesse de tal coisa, ele com certeza iria me deserdar e me deixar sem um tostão furado — normalmente ele já me odeia...

Acontece algo que eu não sei explicar, mas simplesmente eu acabo sentindo uma raiva quando penso nisso. Eu me sinto culpado, por alguns instantes achar outro homem bonito, isso me deixa completamente irritado e ao mesmo tempo uso isso para não me sentir fraco.

Eu tentei e eu tento ao máximo me livrar dos pensamentos como esse e sinto quando uma revolta e frustração me consome por não conseguir fazer isso. Percebi que ele havia se abaixado para pegar a caixa no chão e logo voltou a posição de antes e me olhou por algum tempo e eu não soube o que fazer, a não ser me sentir consumido pela raiva e frustração e instintivamente lhe mostrar o dedo do meio. Percebi quando o seu olhar meio confuso e quando ele apoiou a caixa no seu joelho e me mostrando o seu dedo do meio.

Quem ele pensa que é para me mostrar o dedo do meio? Ele não tem essa moral. Espero que ele não invente de cruzar o meu caminho.

Rapidamente eu fechei a cortina e corri até a minha cama, me jogando e bufando. Fazia muito tempo que eu não sentia tanta raiva de alguém assim. Mas, vai ser ótimo brincar com aquele bobo. Com certeza ele gosta de homens e ninguém consegue resistir a mim, isso vai ser ótimo.  


NOTA: Olá pessoal, tudo bem? Espero que sim. 

Como devem ter notado, a capa do livro sofreu uma alteração e eu espero que tenham gostado dessa nova capa. E como está no aviso lá em cima, esse capítulo  os próximos dois serão uma versão de Henrique. 

Espero que estejam gostando da história e peço desculpas a possíveis erros ao longo do capítulo. 

Até logo O/

O Idiota do Meu Vizinho - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora